Erick Macedo Pinto 25/06/2023
Uma boa história, mas que ficaria melhor com mais cinza
Tags de recomendação: ficção; ficção histórica; romance; romance histórico; idade média; idade medieval;
Continuação do livro Os Pilares da Terra, o livro se passa no mesmo local, o agora condado de Kingsbridge e arredores, anos depois de seu antecessor. Portanto, não precisa se preocupar em ficar perdido na história pois os personagens do primeiro livro já não estão mais vivos, quem protagoniza são pessoas que pertencem, ou não, à descendência desses primeiros personagens e recebemos ao longo da história toda a informação do primeiro livro de que precisamos pra se ambientar e continuar com a narrativa.
Assim como em Os Pilares da Terra, Mundo Sem Fim começa narrando a história de seus 4 protagonistas bem jovens, ainda crianças, e acompanhamos esses personagens crescerem e se desenvolverem ao longo de décadas. Sobre o ambiente em que a história é contada, estamos no agora condado de Kingsbridge, na Idade Média, e vemos como as coisas mudaram de um livro pro outro. A catedral agora já está construída, os monges do mosteiro precisam dividir alguns espaços com as freiras do convento e esses mesmos monges "governam" o entorno da catedral, mostrando a força da Igreja naqueles tempos. Os são testemunhas de uma perseguição à um cavaleiro por homens que servem à nobreza em um floresta nos arredores de Kingsbridge que acaba em assassinato. Um segredo é escondido. As crianças, assustadas, juram nunca mais tocar neste assunto ou revelá-lo para alguém.
É nítida a evolução na escrita do autor entre as obras e, por ser uma continuação que veio anos depois, é impossível não comparar ou traçar paralelos entre os livros. E, infelizmente, ao fazer isso, é possível notar a repetição de diversos padrões: uma boa protagonista feminina (minha preferida), um construtor muito habilidoso, figura no clero antagonizando com os protagonistas e fazendo de tudo para frustrar os planos, uma projeto grande de construção.
E, destacando os personagens, algumas decisões no desenvolvimento me incomodaram, pois faltou um pouco mais de cinza (os personagens ou eram quase sempre bons ou quase sempre ruins. Foram poucos os momentos em que eles tiveram atitudes mais contrárias ao que era esperado deles) e alguns fatos foram bem forçados (um jovem construtor mas que tinha sempre as melhores ideias e soluções mesmo em um ambiente com outros construtores mais experientes; os protagonistas sempre atingirem seus objetivos mesmo sendo muito difíceis). Já sobre a história contada, achei que o autor esticou muito pra chegar em um desfecho, criando arcos desnecessários e que poderiam ser removidos, além das repetições com a história anteriormente contada e, no final, o grande segredo escondido por anos, que foi escanteado ao longo da obra, nem era tão segredo assim e foi resolvido muito rápido, virando só um auxílio para resolver um dos últimos arcos a serem fechados na história.
No mais, o autor é um gênio em contar romances históricos ambientando bem o leitor no local e no tempo que a história se passa, e esta é uma boa história.