Octaedro

Octaedro Julio Cortázar




Resenhas - Octaedro


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Vanessa 28/08/2009

De encontros casuais no metrô, como uma imagem na janela que pode ser sim da mulher que se espera ou luvas que se tocam numa barra, por vida própria, de casais peculiares, que temem pela segurança da sua casa devido a um urso ou a uma simples carona até um lugar chamado kinberg, assim vão se desenhando os contos de 8 faces do livro
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alineaimee 01/08/2013

Pode-se dizer que Octaedro segue o tom de As armas secretas, na medida em que põe somente um pé (ou alguns dedos) no fantástico, e se apóia mais fortemente nos absurdos e incoerências da psique humana. Os personagens de “Verão”, “Manuscrito achado num bolso” e “Pescoço de gatinho preto” assombram mais por suas reações inesperadas que por qualquer habilidade inaudita. Esta comparece em “As fases de severo”, talvez o conto de menor fôlego do livro. O narrador não confiável reaparece, despistando e, por vezes, até desorientando o leitor com suas hesitações, incertezas e parcialidade.

Coletânea de estilo sofisticado, Octaedro tem textos um tanto herméticos: desafia o leitor, instiga, joga com ele, dá uma trapaceada, não ata as pontas da narrativa. Atá-las, no entanto, é apenas um caminho que pode ou não ser seguido, uma vez que as incongruências da narração, do brainstorm do narrador, valem já por seu valor estético. Em “Os passos no rastro”, um acadêmico empreende uma investigação de si mesmo, conduzindo-nos ponto a ponto da segurança à epifania, e à tentativa de compreender suas escolhas equivocadas. Em “Aí, mas onde, quando”, o narrador quer nos convencer de que escreve sobre um fato porque o conhece bem, mas a cada descrição, a cada comentário, suspeitamos o contrário e a deriva nos espreita. Ao longo desse difícil conto, perguntamo-nos o que deixamos passar, onde perdemos as pistas. No entanto, surge a questão: é mister que entendamos? Tais jogos não seriam forjados exatamente para nos desorientar? A cada livro, Cortázar parece querer criar uma coleção de idiossincrasias, uma vitrine de narrativas e personagens inusitados que nos enlaçam pelo encanto ou pelo espanto.

Por exemplo: é com graça e lirismo que “Liliana chorando” abre o livro. Nesse conto, o protagonista, internado com uma doença terminal, imagina, com precisão e sentimento, o destino de seus entes queridos após a sua morte. Em “Manuscrito achado num bolso”, o narrador-personagem cria um jogo que termina por dominá-lo de tal forma que ele não mais pode operar fora de suas leis. Seu desafio é conseguir que a outra parte aceite o trato e também as acolha.

Octaedro encerra oito contos, mas oferece também diferentes ângulos sobre situações afins: a doença, a proximidade da morte, a interação entre estranhos no metrô, o flerte. Oito maneiras de ver a mente humana se apresentam. Todas inusitadas. Elas rodeiam os mesmos temas, mas não pretendem concluir nada. Tentam, antes, sugerir as possibilidades mais extravagantes:
a) a resposta não existe; ou

b) a resposta sempre muda.
Pedro Nabuco 19/12/2015minha estante
Resenha espetacular!




Lena 18/07/2020

Ainda estou tentando sair do emaranhado ambíguo e insólito desse octaedro.
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Jussara26 04/07/2021

Bom
Eu gosto da escrita do autor, muito particular. Admiro a capacidade de tornar eventos banais (e estranhos) em contos tão agradáveis de ler.

Liliana chorando - 4/5
Os passos no rasto - 3,5/5
Manuscrito achado num bolso - 3/5
Verão - 5/5
Aí, mas onde, como - 4/5
Lugar chamado Kindberg - 3/5
As fases de Severo - 3,5/5
Pescoço de gatinho preto - 3,5/5
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Pedro Nabuco 19/12/2015

Oito mil caminhos.
Esse livro de contos foi minha primeira experiência com o Cortázar, e devo dizer que me causou um certo estranhamento, que supus inicial, mas que perdurou durante todo o livro. São oito contos com temáticas e histórias diferentes entre si, mas que carregam alguns traços em comum. O argentino começa seus textos pelo meio, ele sempre joga o leitor numa situação já em andamento, o que causa uma sensação de desencontro em relação à narrativa, você não sabe como começou e durante quase todo o texto não tem noção de como vai acabar, apesar de se sentir perdido a maior do tempo, o fascínio exercido pela escrita do autor é completo e a leitura raramente se apresenta travada ou cansativa.
Cortázar passa a impressão de estar brincando com o leitor enquanto escreve, sua prosa é muito sugestiva, ele aponta o dedo em uma direção e você começa a seguir por ela, mas quando se dá conta o rumo da história já mudou, esse jogo acontece durante todo o texto. Alguns dos contos parecem tangenciar o fantástico, outros são bem realistas, em uns o texto é mais claro e fácil de decifrar, outros são mais herméticos, e em todos o autor cria uma áurea de mistério e inquietude que incomodam e fascinam. O meu favorito entre os oito foi "Lugar chamado Kindberg", sem entrar muito no enredo, nele Cortázar se utiliza de uma prosa poética fabulosa para contar um encontro entre duas pessoas com realidades distintas e acaba por analisar toda uma vida, em poucas páginas ele consegue dimensionar toda uma existência.
Por fim, foi um excepcional primeiro contato com o autor, Cortázar é um daqueles autores que te dão vontade de escrever, de gozar a literatura e de viver cada página. Recomendo muito a leitura.
Carla Porto 20/12/2015minha estante
Legal Pedro. Lerei este. Te indico o Bestiário. Abraço.


Pedro Nabuco 20/12/2015minha estante
Obrigado Carla!
Bestiário já está na lista, haha
Abraço.




arthur966 25/01/2021

ele é como um simples presente que se manifesta ou não neste presente sujo cheio de ecos do passado e obrigações do futuro

(o conto 'aí, mas onde, como' um dos melhores que já li na vida)
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Tiagofas 22/07/2020

Escreve fácil
Dois contos muito bons. Os outros, simples relatos do cotidiano. Leitura fluída. De uma forma geral, o conjunto de contos prometem mais do que entregam no final.
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Biblioteca da Pry 07/10/2020

Conheci o autor durante a faculdade,e tive uma boa impressão da sua obra. Mas durante a leitura dos contos nesse livro, me decepcionei.
Histórias sem sentido, sem início, meio ou fim. Alguns tem um bom enredo, porém durante as páginas, o autor parece que desiste da narrativa e termina de uma maneira complexa e quem ler não encontra entendimento.
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Eduardo 07/12/2010

alguns não me agradaram tanto assim, mas os bons (verão, as fases de severo, manuscrito, etc) fazem valer o livro todo.
livro de contos do cortázar = livro de poemas do cortázar.
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Eliza 19/06/2014

Ler Cortázar é estar menos sozinho no mundo. Não é fácil, como não é fácil no mundo estar. Me desafiei por Rilke que diz que uma coisa ser difícil é motivo o suficiente para aprendê-la. Me confundi nos parágrafos imensos, nas pausas não anunciadas, nas falas sem travessão, na humanidade quase palpável dos personagens. Mas que bom que fui ao fim, e me sinto menos só. Porque assim são os acontecimentos da vida num mundo onde não é fácil estar: o mundo funcionando, pessoas passando por ele, pensamentos rondando, falas e não falas, tudo ao mesmo tempo. Engrenagem de roda viva.
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Lizzmarcella 27/11/2015

Fiquei maravilhada com o desenrolar dos contos de Octaedro, onde a descrição de ações e sentimentos cotidianos aparentemente rasos ganham uma profundidade abissal. A digestão dos significados gera um conhecimento interno e aceitação de quem somos, encontramos poesia na introspecção a dois, a todos.
Ele fala em partida com tom de reencontro, em encontro com tom de despedida, tudo é ambíguo, é denso, de fazer parar e pensar. Somos assim, octaedro pra começar, e depois cada vez mais e mais lados... Infinitaedro. Sem fôlego com isso!
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Thiago Barbosa Santos 13/11/2017

Octaedro de Cortazar
Já escrevi algumas vezes em resenhas do Skoob que considero Julio Cortazar um dos contistas mais geniais da literatura mundial. E a cada leitura, confirmo essa tese. Octaedro tem uma seleção de contos primorosos do autor argentino, que caminha sempre na fronteira entre e o psicológico e o absurdo nas histórias. O que é real e o que é imaginação do narrador?

O leitor consegue mergulhar na mente de Julio Cortazar, mas precisa de atenção apurada para poder entender os caminhos percorridos em cada enredo. Os contos dos quais eu mais gostei foram "Liliana chorando", que narra a história de um homem muito doente, que está à beira da morte e, antes de partir, começa a imaginar como será a vida da família sem ele. "Os passos no rastro" mostra o trabalho de um biógrafo para contar a vida de um poeta argentino. Um conto que começa muito certinho, com ritmo tranquilo, até que a narrativa dá uma virada surpreendente.

"Verão" é outro conto que merece ser reverenciado. Um casal recebe em casa uma criança, filha de um amigo. Coisas estranhas acontecem durante a noite. Será que a garotinha tem algo a ver com esse mistério?

“Aí, mas onde, como” é o nome de conto mais esquisito que já vi. Mas a história é fascinante. Um homem tem sonhos recorrentes com um amigo já falecido. Ele sonha constantemente sempre com uma "nova morte" e nos faz deparar com uma história arrepiante.

“Lugar chamado Kindberg”, é outra joia de Octaedro. Um homem encontra uma moça na estrada, a resgata e lhe dá carona, depois a história descamba para um final instigante. É um caso raro em que todos os contos são muito bons, porém esses citados foram os que mais gostei.
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Gustavo 15/04/2024

De tudo que li do Cortázar até agora, esse deve ter sido o livro mais enigmático numa primeira leitura, porque todos os contos parecem começar já na metade, te inserindo no meio da história. Alguns são bem fáceis de acompanhar ('Ai, mas onde, como' e 'Os passos no rastro'), outros demandam um pouco de abertura ao imaginário real-fantástico do cronópio que os escreveu ('Verão', 'Manuscrito achado num bolso', 'Lugar chamado Kindberg' e 'As fases de Severo') e um deles me foi totalmente enigmático ('Pescoço de gatinho preto').
É interessante a constante presença da morte em metade dos contos. Em 'Liliana chorando', o narrador imagina os acontecimentos que se darão depois de sua morte. Em 'Ai, mas onde, como', Cortázar expressa seus sentimentos sobre a morte e a saudade de Paco, seu amigo para quem diversos contos são dedicados. Nesse conto, achei linda a forma como ele descreve a permanência da pessoa que morreu para os que ficaram. Em 'Lugar chamado Kindberg', a morte do narrador aparece como forma de libertação da consciência de sua idade e das questões (pedófilas) em relação às mulheres, com as quais ele nunca conseguiu lidar. Em 'As fases de Severo', novamente a morte aparece em seu caráter místico: a morte de Severo é acompanhada de perto por seus amigos e familiares, que assistem aos seus delírios na espera de ter a clarividência sobre suas próprias vidas, pois o morto seria capaz de dizer quem irá morrer e quando.
O uso do metrô como ambientação de dois contos também me chamou a atenção. Em ambos, esse meio de transporte, que existe como um lugar de passagem, espaço do transitório, do subterrâneo (literal e figurativamente), é o local escolhido pelo(s) narrador(es) para empregar jogos de flertes com mulheres. Em 'Manuscrito achado num bolso', o narrador cria um jogo que tenta fazer do acaso um fator determinista: ele espera que uma mulher retribua seu sorriso pelo reflexo da janela, e que então desça na mesma estação que ele havia previamente definido como o final de seu trajeto para poder aproximar-se dela. No momento em que ele quebra essa regra e se aproxima de uma mulher que descera em outra estação, ele se sente culpado, como se o acaso o estivesse culpando por ter discordado do que havia sido determinado. O único jeito, então, é pedir a essa mulher que eles voltem a jogar o jogo juntos, na esperança de um dia resolverem descer na mesma estação. A abertura do narrador ao acaso, ao inesperado, torna-o refém, faz com que ele perca o seu livre arbítrio para o aleatório, pois só este seria capaz de decidir o seu destino. 'Pescoço de gatinho preto' também usa esses jogos de flerte no metrô como fio para contar a história de uma mulher que foi julgada como ninfomaníaca por buscar parceiros no transporte público.
O conto que mais me chamou atenção no livro foi, de longe, 'Verão', um ótimo conto de terror e suspense. Ele conta a história de um casal que precisa abrigar por uma noite a filha de um vizinho, que está viajando por uma emergência. Esse casal possui uma rotina muito precisa e muito distante um do outro, uma relação a dois pouco afetiva. A chegada da menina causa uma mudança sutil e ao mesmo tempo tensa nessa rotina, culminando no surgimento de um cavalo branco no jardim, que aterroriza o casal por medo de que ele vá entrar na casa. O medo é o que os aproxima novamente, voltando a ter relação de cuidado um para com o outro (e possivelmente de um estupro? Fiquei em dúvida sobre isso). A escrita do Cortázar, fluída em grandes parágrafos que misturam narração e diálogo, constroem a tensão desse conto de uma maneira incrível.
O Octaedro, portanto, traz oito faces desse genial escritor argentino. Em alguns momentos mais direto, em alguns momentos mais real-fantástico, Cortázar expõe toda a sua habilidade para tratar do cotidiano com uma visão cronópica que só ele era capaz.
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r.morel 31/08/2017

Resenha Telegráfica
Dizem: ele é o mestre do conto curto e da prosa poética. Digo: concordo com os tais especialistas porque, sim, eles, os tais, estão corretos bem certos os intelectuais. O trecho abaixo é de um dos oito contos do livro Octaedro (1974): contos reais impregnados de uma fantasia de pesadelosonho; o principal ponto de cada história está além.

Trecho: “Agora que escrevo, para outros isto podia ter sido a roleta ou o hipódromo, mas não era dinheiro que eu procurava, em dado momento tinha começado a sentir, a decidir que uma vidraça de janela no metrô podia me trazer a resposta, o encontro com uma felicidade, precisamente aqui, onde tudo acontece sob o signo da mais implacável ruptura, dentro de um tempo subterrâneo que um trajeto entre estações desenha e limita assim inapelavelmente embaixo.”

site: popcultpulp.com
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