Rumo à Fantasia

Rumo à Fantasia Roberto de Sousa Causo...




Resenhas - Rumo à Fantasia


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Picón 02/07/2021

Omelas
Não sou fã do gênero Fantasia. Com esse disclaimer, digo que somente 3 ou 4 contos me cativaram nessa antologia. E a verdade é que só adquiri o livro por causa do conto "Os Que Se Afastam de Omelas" da Úrsula K. Le Guin, que havia lido em inglês há alguns anos atrás, e me causou forte impressão. E é somente nesse livro que temos esse conto traduzido para o português. Vale o livro.
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Airechu0 14/01/2016

Variada amostragem de contos do gênero fantástico!
Sempre quando me perguntam qual é o meu gênero literário favorito prontamente respondo que é a fantasia. Difícil é encontrar quem também não se encante com estes passados e mundos distantes e inalcançáveis, permeados de magia pirotécnica impossível e monstros terríveis e sagazes, mas igualmente repleta de heróis valorosos dispostos a empunhar suas espadas contra perigos sobrenaturais! Acrescente pitadas contemporâneas e um clima urbano, de horror, valores folclóricos nacionais ou estrangeiros ou ficção científica retro/futurista e você terá um vislumbre do quão variado e repleto de possibilidades este gênero pode ser!

Com a ousada proposta de inaugurar um novo selo editorial, o Quymera, para abarcar alguns destes muitos mundos da literatura fantástica, a Devir Brasil lançou em 2009, a antologia de contos fantásticos Rumo à Fantasia organizada e editada pelo renomado escritor Roberto de Sousa Causo.

O livro traz um excelente texto de Introdução que visa conceituar e traçar uma linha do tempo sobre o desenvolvimento e a consolidação do gênero de fantasia no mundo e mais recentemente no Brasil ao longo dos anos apresentando autores e obras, comentando brevemente sobre algumas delas. De clássicos como J. R. R. Tolkien, C. S. Levis e T. H. White passando por autores contemporâneos como Neil Gaiman e George R. R. Martin, até autores nacionais como André Vianco e Helena Gomes, esta Introdução é um verdadeiro guia para quem se dispuser a conhecer mais a fundo a fantasia e por si só já vale a aquisição do livro.

Pequenas introduções são feitas também na abertura de cada um dos 13 contos e nelas são apresentados os autores, suas principais obras e são tecidos breves comentários sobre os contos, sua importância e características literárias. A seguir comento brevemente sobre cada um deles:

- Um Habitante de Carcosa de Ambrose Bierce narra em primeira pessoa uma experiência de solidão e um encontro com um mundo além da realidade física.

- História de Maldun, o Mensageiro de Braulio Tavares um velho relembra quando ainda criança fora levado como mensageiro para testemunhar um segredo. O conto mescla elementos de fantasia e ficção científica.

-  O Lugar do Mundo de Daniel Fresnot conta uma lendária batalha de versos disputada por dois notáveis repentistas em pleno nordeste brasileiro! A batalha aos poucos ganha proporções mais dramáticas e assume contornos de magia arcana.

- Onde Caem os Anjos de Jean-Louis Trudel sobre anjos que ao alçar seu primeiro vôo apostam alto e muitas vezes pagam tal ousadia com uma queda mortal. Bela metáfora sobre vida e morte.

- Faerie: Seguindo as Sombras dos Sonhos de Rosana Rios é o relato de uma mulher que em quatro ocasiões distintas têm a oportunidade de atravessar o véu e ir para o outro lado, cada qual se relacionando com um elemento e um momento de específico de sua vida. É poético, tem uma aura feminina e mágica muito fortes.

- O Defunto de Eça de Queiroz uma noveleta que me lembrou muito os "casos de assombração" contados por meus avós! Um homem experimenta um amor impossível o qual poderá levá-lo à ruína. Contudo, pela sua fé e devoção, ele receberá ajuda divina. O assombro fantástico fica a cargo do meio pelo qual tal ajuda irá se manifestar.

- Mensagem na Garrafa de Cesar Silva é a história de homem claustrofóbo pedindo socorro. Depois de tomar um elevador numa loja de brinquedos ele fica preso e se perde num andar estranho e sobrenatural. Viramos cúmplices do seu desespero ao contemplar sua única alternativa de escape.

- Uma Praga de Borboletas de Orson Scott Card um homem santo é conduzido por um enxame de borboletas a uma cidade perdida no deserto e a um destino incerto e perturbador. É o que tem a melhor ambientação do livro e o com o final mais surpreendente.

- O Cavalheiro da Espora de Ouro de Anna Creuza Zacharias trata das consequências de um acordo com o diabo e os esforços de um filho para salvar a alma de seu pai condenado ao Inferno. O conto faz alusão à vida do violinista Niccolo Paganini.

- A Negação de Bruce Sterling após sofrer com uma tragédia ambiental, uma família terá de lidar com um ser que se recusa a permanecer morto. O desfecho é brilhante e inusitado e o conto cativa pela dinâmica familiar do casal principal.

- Mapinguari de Gian Danton o conto mais curto do livro e relata um incidente em plena selva amazônica no qual uma equipe de exploradores é atacada por uma criatura do folclore da região.

- O Bebedor de Almas de Roberto de Sousa Causo narra a caçada de um demônio por dois homens. Vida, morte, crença e liberdade compõe um pano de fundo de uma jornada permeada pelo medo e a desconfiança.

- Os que se Afastam de Omelas de Úrsula K. Le Guin conta a história de uma cidade idílica e utópica mas que esconde uma verdade horrível em seus porões. Uma metáfora sobre a hipocrisia maravilhosamente construída e narrada, e a meu ver, de longe, o melhor conto do livro!

A seleção de contos da antologia organizada por Causo é abrangente e diversa tanto no que tange a época, o gênero e nacionalidade dos autores quanto na ambientação e estilo narrativo dos textos. Cada um possui um charme próprio e diferenças bem marcantes com relação aos outros, propiciando 13 experiências de leitura distintas. Mas a variedade como o maior trunfo do livro é também o seu ponto fraco: nem todos os contos conseguiram me prender e cativar da mesma forma. Algo perfeitamente normal nas coletâneas de contos e que certamente não diminui em nada o valor da obra, uma vez que propicia o contato com uma diversidade maior do que geralmente estaríamos dispostos a experimentar.

É revelador descobrir que nem só de poucos autores clássicos e/ou bestsellers vive a fantasia e o quão vasto e cheio de possibilidades é esse multiverso literário que eu timidamente ainda mal comecei a desbravar. Recomendo a todos que assim como eu sejam fãs do gênero ou estejam dispostos a conhecê-lo. Dizem que bons livros sempre indicam outros. Com este foi assim e mais do que nunca, ao terminar de ler, a vontade é de imediatamente abrir as portas para estes mundos sem fim e partir Rumo à Fantasia!

site: http://www.multiversox.com.br/2015/08/rumo-fantasia.html
Aline 23/01/2016minha estante
Aiiin, eu já disse que as palavras parecem dançar em perfeita harmonia quando você escreve? (Se não disse, está dito). Amo suas resenhas! :D




Diego.Guzzi 07/07/2010

Apesar de ser louvavel, nenhum conto me cativou e que so serviu para passar o tempo. Apesar das histórias terem idéias interessantes ela funcionam mal, além de não se mostrarem nenhum pouco interessantes no seu desenvolvimento. Eu esperava mais dessa coletanea.
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Markera 04/06/2010

Textos fracos
Eu esperava muito mais dessa coletânia. Os textos contemporâneos não são lá grande coisa. Só o clássico de Eça de Querioz me cativou de verdade.
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Antonio Luiz 14/03/2010

Uma nova introdução à fantasia
A antologia da Devir foi criticada em alguns fóruns e blogs de aficcionados do gênero por concentrar-se em contos clássicos, ou que pelo menos já têm algumas décadas. Argumentou-se que, quando uma editora dos EUA lança uma nova antologia de fantasia, reúne novos contos e novos autores e não precisa incluir um Edgar Allan Poe ou Herman Melville para “legitimar-se”.

A opinião deste colunista é outra. No Brasil, ao contrário do que acontece nos países anglo-saxões, a fantasia (assim como a ficção científica) não é um gênero bem consolidado, com uma tradição significativa de escritores que o cultivem, uma crítica séria e um público significativo e estável.

A imagem da “literatura de fantasia” está muito ligada a O Senhor dos Anéis e suas imitações, aos derivados de RPGs com seus elfos, gnomos e feiticeiros, ou então a Harry Potter e suas variantes – ou seja, é tida como uma subdivisão da literatura infanto-juvenil. Caso se deseje um mercado mais amplo e maduro para o gênero, é preciso dar novos e velhos parâmetros ao público potencial e mostrar-lhe que a fantasia pode ser muito mais do que isso.

Num mercado incipiente como este, é mais fácil introduzir autores desconhecidos, ainda que bons, se vierem na companhia de um bom time de autores consagrados. A comparação adequada não seria com uma antologia de fantasia publicada nos EUA, mas, digamos, com uma antologia anglo-saxã de ficção latinoamericana, categoria que no contexto inglês e estadunidense precisa ser apresentada ao público – e de fato, "The Oxford Book of Latin American Short Stories", da Oxford Press, inclui textos de Garcilaso de la Vega, Bartolomé de las Casas, Machado de Assis, Domingo Sarmiento, Ruben Darío e Jorge Luis Borges, ao lado de autores mais contemporâneos e possivelmente menos conhecidos do público anglo-saxão, como Dalton Trevisan.

De forma análoga, em "Rumo à Fantasia", o organizador optou por incluir treze contos originados dos séculos XIX, XX e XXI, e do Brasil, Europa e América do Norte, de modo a dar uma ideia razoável da diversidade e abrangência desse gênero. A escolha nos parece acertada. Mais discutível é a escolha da capa: os contos são quase todos muito bons, mas absolutamente nenhum deles corresponde ao clima de erotismo e sensualidade que ela sugere. Uma propaganda enganosa que, a nosso ver, é desnecessária.

Em rápidos resumos, os contos são os seguintes:

"Um Habitante de Carcosa" (1886), do estadunidense Ambrose Bierce: um conto clássico de terror fantástico, que influenciou gerações de autores, incluindo H. P. Lovecraft, sobre um homem que se perde em uma (imaginária) cidade desaparecida.

"História de Maldun, o Mensageiro" (1989) do paraibano Bráulio Tavares: uma intrigante fantasia medieval ibérica (um subgênero praticamente inventado neste conto), sobre um jovem mensageiro que, ao servir a um cavaleiro misterioso, é levado a um castelo onde se fazem estranhas experiências.

"O Lugar do Mundo" (1984), do francês Daniel Fresnot: o escritor, irmão do cineasta Alain Fresnot arriscou um conto regionalista fantástico sobre repentistas do Nordeste brasileiro e deu muito certo. Um exemplo de como uma boa pesquisa permite escrever bem sobre um universo estrangeiro.

"Onde Caem os Anjos" (1996), do canadense Jean-Louis Trudel: uma fantasia poética e pungente sobre anjos que se esforçam desesperadamente por atravessar um braço de mar.

"Faerie: seguindo as sombras dos sonhos" (2007), da paulista Rosana Rios: uma velha senhora que, ao longo de sua vida, tem quatro oportunidades de trocar uma vida humana plena por outra existência em um mundo mágico, cada uma delas oferecida por um elemento.

"O Defunto" (publicado pela primeira vez, postumamente, em 1902), do português Eça de Queiroz –um conto fantástico deliciosamente irônico de um escritor realista e anticlerical: em fins do século XV, um impressionante milagre de Nossa Senhora protege um devoto que tenta pôr chifres em um marido que faz por merecê-los.

"Mensagem na Garrafa" (2009) do paulista César Silva, conhecido no meio da fantasia e ficção científica brasileiras como “Cerito”: uma fantasia de terror urbano sobre um claustrófobo que sobe de elevador em um prédio antigo e estranho e não consegue mais voltar.

"Uma Praga de Borboletas" (1980), do estadunidense Orson Scott Card: um conto severo e sombrio de um escritor de ficção científica religioso e conservador, no qual um homem se condena a tormentos eternos por seguir seus impulsos humanos em vez de aceitar incompreensíveis ordens divinas.

"O Cavalheiro da Espora de Ouro" (2009), da paulista Anna Creusa Zacharias: uma fantasia histórica sobre a morte do famoso violinista Niccolò Paganini e os esforços do filho para salvá-lo do pacto com o diabo que (segundo boatos que realmente circulavam em seu tempo) lhe teria conferido sua habilidade sobre-humana.

"A Negação" (2005), do estadunidense Bruce Sterling: um dos pais do gênero cyberpunk mostra sua versatilidade com uma ótima fantasia histórica ambientada na complexa Bósnia otomana do século XVI, que combina o folclore balcânico dos mortos-vivos com reflexões irônicas, universais e penetrantes sobre a psicologia do casamento.

"O Mapinguari" (2009), do mineiro Gian Danton (pseudônimo de Ivan Carlo Andrade de Oliveira): infelizmente, um excelente roteirista de quadrinhos produziu o conto mais fraco da coletânea. Nessa fantasia histórica, a famosa e acidentada expedição Langsdorff de 1826-1829 atravessou o interior do Brasil de São Paulo a Belém do Pará, sofre percalços ainda maiores que os da vida real ao encontrar os lendários mapinguaris, mas o conto não consegue dizer nada de interessante sobre a expedição ou essas entidades do folclore brasileiro. Duas páginas totalmente dispensáveis.

"O Bebedor de Almas" (2003), do paulista Roberto Causo, organizador da coletânea e tradutor da maior parte dos contos estrangeiros, é mais uma fantasia medieval ibérica – ou quase-medieval, pois se passa às vésperas da queda do reino de Granada, em 1492. Um guerreiro português conhecedor de artes mágicas é sequestrado por ordem do rei mouro para combater um demônio que habita os subterrâneos da cidade. Um conto complexo e envolvente, apesar das descrições sobrecarregadas.

"Os que se Afastam de Omelas" (1973), da estadunidense Ursula K. Le Guin: um conto clássico da fantasia moderna, sobre uma cidade maravilhosamente utópica, mas que oculta um terrível segredo do qual depende toda a sua felicidade. Um conto intrigante e desafiador que se presta a muitas reflexões éticas, apesar de ligeiramente prejudicado por uma tradução de Ivan Carlos Regina que deixa a desejar.
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