Lina DC 27/04/2016Narrada em terceira pessoa, a trama gira em torno da família Sunderly, tendo foco em Faith, a filha mais velha de 14 anos de idade. A história começa com uma "fuga" da família, que saí de Londres e está em um barco à caminho da ilha de Vane. Faith desconfia que é uma fuga por causa da pressa dos pais, o reverendo Erasmus Sunderly e sua esposa Myrthe, mas ela não tem provas. Pelo menos por enquanto...
Ao chegar em Vane, a família se depara com uma comunidade pequena e extremamente fechada. Seu pai e seu tio Miles foram convidados a participar de uma escavação local, com quatro outras pessoas: o Dr Jacklers, o Sr. Anthony Lambert, o pároco local, o Sr. Clay e Ben Crock. O reverendo é um naturalista, um cientista conhecido que guarda um enorme segredo. Algumas de suas ações mancharam seu nome na comunidade científica e ao descobrirem isso, os habitantes de Vane mostram sua verdadeira face.
Faith é perspicaz, curiosa e não se conforma com o papel da mulher na sociedade da época. Tudo que ela quer é ser como seu pai, uma cientista, participar de escavações e fazer descobertas incríveis. Em casa ela é tratada mais como uma empregada do que uma filha, tendo como tarefa principal servir de babá para Howard, seu irmão de seis anos de idade. O destrato emocional é perceptível desde o início da leitura, principalmente por parte da sua vaidosa mãe, que a infantiliza sempre que pode e a excluí de todos os assuntos de adultos.
Acontece que ser inteligente demais é algo que pode ser prejudicial em uma comunidade tão pequena. Por exemplo, ela observa o comportamento errático do pai, que age de forma abrupta, demonstrando rompantes emocionais em um momento e em seguida, parece estar desconectado do mundo. O que será que o motiva a agir assim?
Em meio a esse cenário de segredos e mentiras, o reverendo é encontrado morto. Só que o que ninguém sabe é que horas antes de sua morte, ele compartilhou seu segredo com sua filha: a árvore do embuste. E por saber esse segredo e saber onde ele estava é que a protagonista tem certeza absoluta de que ele foi assassinado. Mas todos querem deixar a morte dele como um acidente ou até mesmo um suicídio. Afinal, quem teria motivos para assassiná-lo? E quem, em uma comunidade tão fechada, seria capaz de realizar tal monstruosidade?
Apoiada na descoberta que fez do pai e nas anotações do diário dele, a jovem irá investigar por conta própria tudo o que aconteceu. Mesmo que isso signifique espalhar mentiras alarmantes na comunidade, para alimentar uma árvore misteriosa, que não precisa de sol e nutrientes para prosperar. Apenas mentiras...
A trama é totalmente cativante e prende a atenção do início ao fim da obra. Com um tema diferente e uma escrita viciante, "A árvore da mentira" se tornou uma das leituras favoritas do ano de 2016.
O enredo é complexo, os personagens são repletos de nuances e a escrita é fluida, concisa e ritmada. Tudo no livro chama a atenção. Todos são suspeitos. E ninguém está seguro.
Em relação à revisão, diagramação e layout a editora realizou um trabalho excepcional. A contracapa é linda, a capa é sombria e combina perfeitamente com a história e o final é de tirar o fôlego.