Kelly Oliveira Barbosa 28/09/2019Por uma vida cristã comumToda vez que penso na minha vida cristã, na minha jornada com Cristo, na minha experiência com uma igreja local, me lembro desse livro e isso tem sido bom para mim. Simplesmente crente se tornou um símbolo na minha vida, a própria capa está gravada na minha mente: “por uma vida cristã comum”. Um símbolo do que significa ser um crente comum, o que na verdade todos os cristãos deveriam ser. Um símbolo que me lembra que a vida cristã de verdade acontece na rotina do dia a dia e não nos grandes eventos, ou que ela não é o que aparece nas notícias do mundo gospel. Se você é um crente, tenho certeza que já está me entendendo.
Quando o li pela primeira vez em 2017, foi impactante. Michael Horton lançava sobre mim tantas óbvias verdades, que praticamente a cada página lida parava e ficava olhando para o nada. Foi mesmo necessário reler esse ano para entender melhor e talvez eu o faça pela terceira vez.
Publicado originalmente em 2014, e traduzido e publicado no Brasil pela Editora Fiel em 2016. Segundo o autor a obra não é primeiramente uma crítica, mas é sim rss! Simplesmente Crente é uma baita crítica ao radicalismo, ao exagero, a busca pela grandeza no mundo evangélico, para citar alguns pontos. Enfatizando: o livro é uma crítica! E por isso também, é dedicado a todos os crentes, uma espécie de convite para abraçarmos o ordinário, o corriqueiro da vida cristã que afinal, segundo Horton, é a atitude mais corajosa e radical que podemos ter.
O livro é dividido em duas partes: Na primeira “RADICAL E INQUIETO” o autor aponta os problemas e faz suas críticas e denúncias aos crentes e ao próprio mundo contemporâneo. Segundo ele vivemos em um mundo inquieto, em que as pessoas estão sempre atrás do: revolucionário, transformador, impactante, máximo, extremo, alternativo, inovador, notícia explosiva, mudança de vida etc etc; o que tem gerado uma aversão – em decorrência dessa inquietação – ao comum, corriqueiro, simples… em outras palavras: está tudo complicado demais. Na segunda parte “ORDINÁRIO E CONTENTE” ele faz suas sugestões para solução dos problemas, como por exemplo sua longa meditação sobre o que é contentamento e como vivê-lo na prática. Coisas assim, que qualquer cristão já sabe mas que precisa relembrar de tempo e tempo.
Alguns pontos que gostaria de destacar são:
1. O levantamento histórico que ele faz do radicalismo na Igreja, desde do clube santo dos irmãos Wesley até a onda do movimento reformado calvinista que ele notava provavelmente enquanto estava escrevendo o livro e que nós estamos presenciando atualmente no Brasil. Como ouvia sempre uma pessoa dizer: o problema são os excessos. E como as pessoas erram nisso.
2. Achei importante essas afirmações: A cultura tem verdadeira adoração pela juventude e isso há muito chegou na igreja. Segundo Horton, a preocupação com os jovens se desenvolveu de um “culto de jovens” para uma igreja só de jovens. Não se busca mais maturidade bíblica, parece que todos querem continuar a ser crianças e mimadas.
3. O que ele aborda no capítulo quatro, em resumo: estamos viciados em novidade perpétua e isso não é bom.
4. A abordagem que ele fez sobre o assunto da ambição. Nunca tinha visto nada parecido. A ambição afinal é um vício e não uma virtude… como isso é confrontador.
5. O contentamento como um lugar de descanso.
6. O próprio título do capítulo dez diz o que quero expressar: “Pare de sonhar e ame o próximo”.
Mas o livro não é só flores. Eis o porquê gosto tanto dele, mas não o considero um dos meus favoritos. O autor se empolga em vários pontos do livro, isso é, ele sai do assunto para divagar sobre outras coisas e se alonga nelas; e usou também o livro para defender seu calvinismo, o que até aí tudo bem, muitos autores dessa linha teológica fazem o mesmo, mas ele usou também das páginas para defender pontos doutrinários bem polêmicos e que não tem nada a ver com a questão central, como por exemplo: o batismo de crianças; o que na minha opinião quaseee acaba estragando o livro, eu disse quase.
Outra coisa que não gostei também foi a quantidade de páginas ou seja a dedicação e principalmente o tom que ele fez uso para criticar o Charles Finney. Vale dizer que apesar de eu ter a teologia sistemática do Finney na estante, não a li completamente e ainda não estudei a fundo a vida dessa figura da história da igreja, porém, não achei legal a forma que o autor criticou o Finney.
É o tipo do livro que eu recomendo muito, mas com ressalvas. Por isso uma recomendação difícil e por isso esse livro está aparecendo por aqui somente agora. Se você já leu Simplesmente Crente por favor me conta o que achou.
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https://cafeebonslivros.blog/2019/09/27/simplesmente-crente-de-michael-horton/