Resenhas - O Feiticeiro de Terramar

Ju 24/04/2024

Queria ter gostado mais de O Feiticeiro de Terramar do que gostei (e olha que gostei bastante). Algo não encaixou comigo, mas isso não me impediu de ficar encantada com as aventuras de Ged em sua constante fuga, a qual culmina em sua transformação em o caçador.

Ursula toca em pontos até então não vistos na fantasia (lá nos anos 70) e envolve o leitor com sua narrativa fluída, rápida e pouco detalhada. Além disso, os personagens não são bons ou maus, eles vivem no cinza, assim como a própria humanidade.

Ao fim de tudo, não consigo apagar da memória a cena no oceano. O desespero na chegada, os caminhos percorridos e as partes de si perdidas.

alpaco 20/04/2024

O Feiticeiro de Terramar
A narrativa não foi um grande ponto pra mim, a história se passa bem rápida, até porque o livro é bem curto, não criei laços muito desenvolvidos com nenhum personagem, mas também lembro da maioria. Não vai ser um livro tão memorável, mas não é ruim, definitivamente. O final da história mostra uma visão mais profunda da escritora sobre o cuidado que ela teve com a criação da história e o posfácio mais ainda, confesso que isso me fascinou. Um autor ou qualquer outra pessoa que produza ter uma noção da importância de sua mídia e como ela deve ser usada não é fácil de encontrar, isso me encantou e é provável que me faça ler mais da Úrsula futuramente, mesmo que não sendo a sequência do Feiticeiro de Terramar.

Emanuel231 13/04/2024

Humano, realista, e inteiramente belo.
Foi um livro rápido de ler, mas de uma profundidade imensa, todo o universo presente nesse livro é riquíssimo e muito bem trabalhado em apenas 200 páginas, trazendo personagens únicos e profundos e histórias separadas muito boas que acrescentam mais ainda para a riqueza de vida do universo desse livro. É inteiramente belo ver um protagonista tão humano, que erra bastante até aprender com seus erros, de uma forma gradual e consistente. Úrsula K. Le Guin se mostrou uma escritora extremamente a frente de seu tempo, não só com uma fantasia tão única, mas trazendo representatividade muito boa com um protagonista de pele escura e vários outros personagens também de pele escura. Recomendo enormemente a leitura.

Cams 29/03/2024

Comecei a ler despretenciosamente nas férias e me APAIXONEI. Estava sentindo falta de uma fantasia bem escrita e legal. O texto no final da autora explicando porque essa não é uma fantasia de guerra como as outras foi um tapa na minha cara, mexeu com meu jeito de olhar pro gênero e meus escritos. Me emocionei.

nudols 16/03/2024

É um livro que parte de pressupostos super interessantes, tanto acerca das questões raciais, que só por estarem presentes já se distanciam da literatura fantástica juvenil da época, quanto no que diz respeito às questões embrionárias de gênero, como expresso pela divisão social do mundo da magia e o papel relegado às mulheres no curandeirismo e na bruxaria, mas que infelizmente de modo algum são pontos focais na história ou passam de uma análise superficial. O mesmo vale no que tange à construção de mundo, ao brilhantismo da ideia de equilibrio da magia e à forma que a autora apresenta a possibilidade de transmutar materiais atravessada pelo olhar cultural que carrega a determinados recursos diferentes valores arbitrários que não se traduzem na realidade, mas que, novamente, de modo algum são o foco da história.

Nesse sentido, é justamente a história que me frustrou. Apesar de ter sido uma leitura divertida e fluida que me fez esquecer o calor e o balançar do trajeto até a faculdade, a simplicidade e, às vezes, previsibilidade da narrativa somaram-se ao potencial perdido de certos temas, resultando no que eu tomei como uma leitura não muito memorável, mas com grandes aprendizados. Definitivamente vou ler mais livros da autora e pretendo dar uma chance à adaptação do Ghibli.

Cris.Vidal 09/03/2024

Conta a história de Ged, um jovem feiticeiro descobrindo o seu caminho e sobre si mesmo, encarando medos e vários desafios. Quando ele descobre sobre o potencial de seu poder logo percebe as consequências, que não pode fazer tudo o que quer alterando equilíbrio da vida e da morte.

Eu realmente amei essa história, que acabei dando cinco estrelas. Virou o meu fav, é uma leitura pequena, mas intensa, a autora consegue contar muitas coisas em poucas palavras, sem contar em como é belo tudo que escreve.

Amorim 28/02/2024

Emocionante demais!!
Admito que fui ler a história de Ged um tanto desanimado, já que poucos livros sobre magia são de fato envolventes e ricos em universo, ou quando são a linguagem é tão rasa que beira a infantilidade, não entenda mal, Harry Potter é bom, mas a escrita atrapalha um pouco a experiência - para mim.
Aqui, em O Feiticeiro de Terra-Mar, a história é incrivelmente emocionante e de um desfecho incrível! Ged enquanto Mago e em sua jornada por responsabilidade, trata de forma tocante várias esferas da psique humana e seus relacionamentos.
Sinceramente, não lembro de outra história onde o personagem principal e igualmente poderoso seja negro e seu mestre também, e o Arquimago, os mais importantes assim também o são, e foge da esteriótipação trazendo sentimentalismo e afeto de uma muitas vezes sutil, mas enormemente envolvente.
Ged e sua jornada ensinam muito por meio da sutileza.

Fabi 27/02/2024

?Um homem que, conhecendo todo o seu verdadeiro eu, não pode ser usado ou possuído por qualquer poder que não seja ele mesmo, e cuja existência, portanto, é dedicada à vida e nunca à ruína, à dor, ao ódio ou às trevas.?

Este é um trecho do livro O Feiticeiro de Terramar da autora Ursula K. Le Guin e que eu acho que se não fosse neste contexto, talvez você leria e nem pensaria se tratar de uma fantasia daquelas mais fantásticas? Talvez você pensasse que é de algum livro de filosofia ou coisa que o valha - ou eu to doida?!

E é por isso, também, que amei esse livro.

Além de um texto perspicaz e direto ao ponto, os personagens são incrivelmente queridos - mesmo que sigam um certo convencionalismo, sempre acabam surpreendendo de uma forma ou de outra?

A dona Ursula deixa pérolas para os leitores mais atentos e que na minha primeira leitura, eu não fui capaz de entender? Mas relendo, estou ENCANTADA!

Ree de Paula 19/02/2024

Muito bom!
Não sou nem de perto uma grande leitora de fantasias, mas tinha esse livro na minha estante e ele despertava minha curiosidade. Tive medo pelo ano em que foi escrito (final dos anos 60) e medo de que fosse uma escrita lenta e difícil.

A realidade: me identifiquei logo de cara com a escrita, entendi o que a autora quis fazer com o personagem, a jornada dele como herói.

A nota final da autora tem um lugar especial no meu coração. Nesse livro, mesmo sendo uma fantasia acessível para públicos de diversas idades, ela colocou um propósito, colocou um pouco dela. O final da jornada do herói nesse livro diz sobre descobrimento e essa foi uma mensagem que fala muito mais comigo do que grandes guerras entre reinos.

Admirei a autora, a escrita para mim é uma arte à parte. Entendo quem se sente um pouco distante e para quem a leitura não é tão fluida, mas bateu muito comigo.

No fim, a autora conseguiu com êxito o que lhe foi proposto. Escreveu uma história que fala diretamente com leitores novos do gênero e há muito dela ali, não é uma obra impessoal e nem genérica, pelo contrário, abriu portas para grandes obras virem posteriormente, que por sua vez, fizeram novos leitores.

Ged é um personagem imperfeito que olhou para dentro de si e para suas falhas e se tornou uma versão melhor. Seu melhor amigo, assim como seu mentor são personagens doces. Amei conhece-los.

Matheus.Correa 19/02/2024

O mago que descobriu si mesmo em sua sombra
"Agora, ao ver o amigo e ouvi-lo falar, suas dúvidas acabaram e ele começou a ver a verdade, que Ged não perdera nem ganhara, e que, ao nomear a sombra de sua morte com o próprio nome, se tornara inteiro." - Ao ler isso, após ver a luta de Ged e ficar tão aflito quanto seu amigo, percebi que a jornada do mago era se encontrar, não temer falar seu nome verdadeiro e se permitir. Úrsula se permite escrever uma história para um público adolescente, nunca foi do seu feitio escrever algo para essa linha específica de leitores, mas ela se jogou no mar, no mar que resultava em algo inteiro. O livro traz a reflexão sobre a sombra ignóbil e que é fraca ao ser encarada, mas sempre de temida. Os burburinhos e as falas mostram o receio e o medo de se perder ao invocar a sua sombra. E Úrsula traz isso com esmero. O livro é simpático e não tem pretensão em entregar mensagens lindas a cada diálogo e nem é abarrotado de monólogos cansativos, é leve e uma ótima porta de entrada pra quem quer se aventurar nesse mundo da aventura e fantasia. Recomendo demais, não há monstros mecânicos arrancando cabeças e nem heróis com uma moralidade dúbia, é simples e complexo. Um oceano de água calma e branda que acelera o coração no clímax e para encerrar essa pequena resenha. O que a autora diz e pensa sobre isso: 'A guerra é uma metáfora moral limitada, limitante e perigosa. Ao reduzir as opções de ação a uma ?guerra contra o que quer que seja?, você divide o mundo entre Eu ou Nós (o Bem) e Eles (o Mal), reduzindo a complexidade ética e a riqueza moral da nossa vida a termos de Sim/Não. Isso é pueril, enganador e degradante. Nas histórias, isso impede qualquer solução que não seja a violência, oferecendo ao leitor uma mera reafirmação infantil. Com muita frequência, os heróis de fantasias desse tipo se comportam exatamente como os vilões, agindo com violência impensada, mas estão do lado ?certo? e, portanto, vencem. O certo se torna o poderoso. Ou será que é o poderoso que se torna o certo?'

Di3gao 17/02/2024

Agradável
Como a maioria das pessoas, eu só conhecia a Ursula K. Le Guin pela sua fama como uma das maiores autoras de ficção cientifica, mas descobri sua maestria nem tanto reconhecida escrevendo fantasias. O Feiticeiro de Terramar foi o meu primeiro contato com suas obras e não poderia ter sido melhor. Eu me fascinei pelo mundo de Terramar, me apaguei aos personagens e foi fácil imergir nesse universo mágico por causa da escrita fluida e direta que não se prende a detalhar profundamente os ambientes, apenas fornece o essencial e deixa a criatividade do leitor fluir livremente.

>>> ?Nítido o voo do falcão no céu vazio?
Da Ilha de Gont saem grandes feiticeiros e entre os últimos, dizem alguns, o maior feiticeiro foi o chamado Gavião, que veio a ser conhecido como o senhor dos dragões e Arquimago e teve sua vida contada na canção O Feito de Ged. Porém, essa história se passa muitos anos antes de sua fama e canções sobre seus feitos serem compostas, acompanhamos o Gavião quando ainda era um simples camponês e seu começo no mundo mágico.
Ainda em sua aldeia, Ged descobriu dentro de si uma forte aptidão para a magia e esse seu grande potencial, quando chegou ao conhecimento de outros magos, gerou um grande interesse no menino que fez ele ser chamado a estudar na famosa escola de magia. Porém, tão grande quanto o seu poder era o seu ego e arrogância, o que fez com que Ged, em uma tentativa de tentar se provar superior aos outros feiticeiros, libertasse das trevas um sombrio poder arcaico sem nome e que por isso não pode ser controlado; uma sombra.

>>> ?Acender uma vela é lançar uma sombra?
A sombra é o que movimenta a trama e ela gira em torno do Ged sendo atormentado pela escuridão, mas não é apenas após o acidente que a sombra se tornou algo recorrente, ela esteve presente desde o início. Como prova de que o enredo teve uma construção excepcional e todos os eventos foram bem amarrados, Ursula desde o começo do livro já utilizava muito a palavra sombra ou sombria para definir o comportamento de Ged e para descrever o ambiente em torno dele, assim, o leitor percebe que a sombra liberta das trevas sempre esteve ao redor, deixou mais impactante o momento em que ela se liberta e reforça a regra básica da magia de que nada acontece por puro acaso. Além disso, a sombra trouxe uma forte carga dramática a trama porque não se resume à apenas um ser maligno que quer destruir o mundo, mas se relaciona diretamente com o arco de amadurecimento que o protagonista passa em sua jornada.

>>> "Sua tarefa não era desfazer o que fizera, mas acabar o que começara?
Após libertar a sombra das trevas em seu mundo, Ged passa a ser atormentado por ela e tenta fugir ao máximo dessa assombração, não por temer ela, mas por não querer encarar suas falhas e a grande responsabilidade que ele assumiu e agora precisa resolver. A jornada de Ged seguiu fielmente a já conhecida formula da jornada do herói, passando por cada etapa desse arco: a descoberta do mundo mágico, a aceitação da missão, a queda que faz o protagonista amadurecer e mudar seus caminhos e uma conclusão com o vilão derrotado e o protagonista retornando para sua casa. Não levem isso como um defeito, longe disso, a trama simples e sem muita inovação em quesito narrativo não é um problema quando é bem executada e consegue se conectar ao leitor, além disso ela quebra os padrões dos livros de fantasia por não se tratar de uma luta do bem contra o mal, mas constrói uma linha tênue entre esses dois termos e aborda de forma complexa a possibilidade de eles coexistirem dentro da pessoa.
A busca por uma forma de deter a sombra levou Ged para diferentes ilhas ao longo do vasto arquipélago de Terramar e trouxe diversas aventuras incríveis envolvendo dragões, magia e perseguições. Embora essas aventuras sejam divertidas de acompanhar, fazem o leitor se sentir na pele do protagonista e sejam muito diferentes umas das outras, por muito tempo, a jornada andou lentamente e girou em círculos, pois as aventuras sempre acabavam com o Ged perdendo e sem avançar a trama principal.

>>> ?Certa vez, ele sentira ser uma palavra dita pela luz do Sol. Agora também a escuridão falava?
Como dito, no começo da trama Ged era um menino arrogante e imprudente, visto isso quando ele almejava apenas obter poder com a magia, nos seus desejos de se provar, na impaciência e na falta de maturidade. Junto dessa caracterização inicial e uma história focada no autodescobrimento do protagonista, Ged passou por uma série de mudanças e um forte amadurecimento que tornaram o personagem humano, fácil de se apegar e deixa a conclusão ainda mais especial ao leitor, já que fecha perfeitamente o arco dramático dele. Vale ressaltar que os outros personagens também são carismáticos, possuem personalidades únicas, conquistam o leitor e são peças fundamentais para a história.

>>> "Desse modo, é precisamente aquilo que nos confere o poder para operar a magia que estabelece os limites desse poder?
A leitura me transportou diretamente ao arquipélago de Terramar, que não só foi uma terra mágica especial como também deu uma aula sobre como construir um mundo fantasioso. O universo da obra é algo vívido e rico em detalhes, já que conseguimos imaginar claramente o ambiente muito além da visão, os cheiros das coisas impregnam em nossos narizes, escutamos os sons, percebemos culturas diferentes em cada ilha e sentimos a energia da magia a nossa volta; se tornou algo quase que palpável. O sistema de magia foi o ápice desse universo, pois estabeleceu os limites da magia, criou diferentes formas para elas, possui uma hierarquia de poder e trouxe uma visão singular: a magia é uma manifestação natural que precisa ser usada com cuidado para não desfazer o equilíbrio da natureza e, particularmente a minha parte favorita, os feitiços são realizados evocando os nomes próprios que cada coisa natural possui.

>>> "Luz e trevas encontraram-se, uniram-se e tornaram-se um?

Portanto, O Feiticeiro de Terramar é uma obra grandiosa não por ter uma narrativa complexa ou duras críticas sociais, mas por ter criado um universo fantástico, dar vida a personagens carismáticos e trazer ao leitor lições impactantes e sábias. Não consigo transpor os sentimentos que o livro evocou em mim, mas posso dizer que ele merece muito mais reconhecimento e não assim como me marcou, também deixou um grande marco na literatura.

Luana 17/02/2024

A história é boa, mas não funcionou pra mim. Acho que fui com muita sede ao pote depois de ter escutado maravilhas sobre o livro e sobre a autora. Mas a realidade foi que eu só conseguia ler 10 páginas por dia e ainda era de forma forçada. Então, com isso eu digo adeus Terramar ????

Daniel.Tschiedel 09/02/2024

Uma jornada de descobrimento do verdadeiro eu
O Feiticeiro de Terramar foge das grandes sagas de luta do bem contra o mal. Aqui a luta do protagonista é a jornada em busca de descobrir e aceitar quem ele é. É sobre um feiticeiro poderoso que fez besteira quando criança, assim como qualquer outra criança faria.

Você respira Studio Ghibli nas páginas desse livro. Dá pra entender pq fizeram um filme desse mundo e provavelmente Miyazaki se inspirou na Ursula em tudo que fez de fantasia.

A escrita da Ursula é muito envolvente e te prende do começo ao fim. Recomendo a leitura, o livro é curtinho e o posfácio da autora é maravilhoso.

Sami 08/02/2024

Acho que dou um 8,5. Pela originalidade, como ela fala no posfácio, quis fugir do tradicional da época. Pela empolgação que eu tive com o crescimento do Ged. Da aproximação que fez a gente ter do personagem. Apesar do pobe tá sempre doente. E pelas reflexões. Mas, ainda sim, sinto que dava para ter explorado melhor o universo que está inserido. Todo mais diálogos e mais descrições. Sinto que não foi um livro que prendeu a atenção, mas também não foi um que eu abandonaria . ( Poderia dá um nove, pois parte disso pode estar sendo influenciado pela minha baixa frequência de leitura kkkkk)