Fernando Lafaiete 05/10/2017O Feiticeiro de Terramar: 3 visões diferentes do mesmo livro!
O primeiro livro do Ciclo Terramar foi o escolhido entre eu e dois amigos para fazermos uma leitura conjunta. A escolha talvez não tenha sido a mais acertada, vocês entenderão após lerem as três opiniões aqui apresentadas.
#Leituraconjunta #AmigosdoSkoob
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Minha opinião
Minha nota: 4
Úrsula K. Le Guin é umas das autores mais aclamadas dentro da fantasia e da ficção científica. O Feiticeiro de Terramar foi pioneiro no gênero jornada de descobertas e feitiçaria e consagrou Le Guin como uma das autoras mais importantes da literatura internacional.
Entretanto, o livro em questão dificilmente agradará os leitores da geração Y. Pois Diante de outros livros de fantasia, "O Feiticeiro de Terramar" será encarado como um livro superficial, arrastado e mais do mesmo. Mas o que os leitores atuais precisam entender, é que os livros lançados no século 20, nada mais são do que inspirações ou até mesmo cópias descaradas deste clássico, onde os autores usam e abusam dos elementos criados por Úrsula K. Le Guin sem darem o devido crédito.
Nesta história, acompanhamos a jornada de Ged, um jovem que descobre possuir poderes mágicos e devido a isso acaba indo estudar em uma escola de magia. O sistema de magia criado pela autora, funciona através do nome das coisas. Se você sabe o nome real do que te cerca, você poderá controlá-las. Obviamente que para leitores assíduos de fantasia, já devem ter notado a semelhança óbvia com "Harry Potter" e "As Crônicas do Matador do Rei". Mas uma vez eu reforço, o livro de Ciclo Terramar foi lançado em 1967, bem antes do lançamento dos livros supra citados. Ou seja, não tem como o passado copiar do futuro.
Os 3 primeiros capítulos são bem frenéticos e a autora contextualiza o leitor de maneira bem rápida. Em um livro de 176 páginas, esta é a técnica de escrita e narrativa correta. Mas isso também causa um desconforto nos leitores de hoje em dia, pois a partir do capítulo 4, o ritmo se altera significativamente, se tornando bem mais lento e bem descritivo. Os diálogos são quase nulos e os blocos de textos são imensos. Este tipo de estrutura não me incomoda, pois já li outros clássicos de fantasia que possuíam este mesmo estilo. Pra ler um livro antigo como esse, é preciso se contextualizar e entender que este era o tipo de narrativa procurada antigamente... Com poucos diálogos e MUITAS descrições. Senhor dos Anéis é mais um bom exemplo disso.
Diante de tantas críticas negativas a respeito deste livro, eu iniciei a leitura esperando uma bomba em forma de livro. Mas fui surpreendido e achei o livro bom. Gostei de ter conhecido o livro que influenciou tantos autores do gênero e curti a metáfora que autora apresentou no final. Mas também senti falta de mais personagens relevantes e de interações mais significativas. Achei o desenvolvimento de alguns personagens bem rasos e me irritei com algumas incongruências relacionadas a alguns personagens. Mas como eu disse, curti a leitura e na verdade a minha nota real é 3.5, mas aumentei 0.5 devido ao posfácio que é maravilhoso. Quando ler o livro, se ler com atenção, perceberá que a autora realmente é talentosa e muito corajosa. Ela apresenta elementos que iam totalmente contra ao que a sociedade da época considerava o correto. Pra mim foi uma leitura bem válida!
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Opinião da Phanie:
https://www.skoob.com.br/usuario/1899632-ari-phanie
Nota final: 3.5
Comecei a ler Terramar esperando que fosse uma leitura de narrativa densa e lenta, mas nos três primeiros capítulos de introdução do personagem principal e mundo, achei na realidade a escrita da Úrsula bastante simples e ágil. E curti muito o Ged orgulhoso e vaidoso que foi apresentado. Pareceu mais compatível à personalidade de um adolescente a quem todos dizem ser poderoso. No entanto, a partir do quarto capítulo senti uma mudança relevante na narrativa e personagem que não me agradou. Infelizmente percebi a lentidão sobre a qual muitos falavam, o Ged é o único personagem de peso dentro da história, e isso não seria problema pra mim se a personalidade dele me agradasse mais. Mas após um incidente, ele ficou mais introspectivo e lamuriante.Tenho dificuldade com personagens assim. Também queria que houvesse mais personagens de peso, que não fizessem apenas aparições que em sua maioria não acrescentam nada a história. Senti falta de uma personagem feminina também, mas depois do
posfácio (que me fez admirar a autora muito mais do que sua história), acho que ela vai dá mais espaço às mulheres em seus próximos livros. Encerrando, foi uma leitura agradável por ser compartilhada com amigos, e acredito que mesmo que eu tenha achado mediana, vou investir no resto da saga.
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Opinião do Lucas:
https://www.skoob.com.br/usuario/1296021-lucas
Nota Final: 3
Primeiro, Não consigo gostar de livro quando não estou a fim de lê-lo. Já começa por aí. Depois de Aprendiz de Feiticeiro e agora Terramar, tenho certeza que não gosto muito dessas jornadinhas de heróis mequetrefes. Também não sou fã de magos. Por mais que Gandalf e Dumbledore sejam legais; o arquétipo de mago nunca me agradou. Não gosto desse tipo de magia de contos de fadas.
Gostei da escrita, com ressalvas pra frases longas que eu tinha de reler porque lia esquecendo o que estava antes (De novo ansiedade de terminar o livro, porque já comecei não tendo interesse nele).
Também tenho raiva de situações resolvidas as pressas. Essas mil e tantas encheções de linguiça podiam ter rendido mais tempo contra o dragão.
Jasper? A não ser que ele não apareça mais nem como secundário, totalmente desnecessário (e era o personagem mais interessante). A parte da escola, desnecessária. Tenho pra mim que se tu pretende escrever algo curto, não invente de inserir locais onde você pode fazer muita coisa e esse tanto de personagens.
Não gostei dos 3 primeiros capítulos porque destoaram do restante do livro. São basicamente um resumo da infância do personagem central. Coisa que eu não gostei muito no primeiro livro das Crônicas Saxônicas que faz algo parecido, porém melhor. Vai escrever a infância do personagem? Não me venha com resumo.
Gostei de não ser um livro de batalha, mas o final é bobo. A metáfora apresentada poderia ter sido feita sem o final ser a própria metáfora. As descrições não são interessantes. Ela aponta que existe ilha, castelo, casa... Mas apontar o que existe no mundo, não é o mesmo que descrevê-lo.
O aspecto intrínseco da magia nesse mundo é interessante. Bem mais bem aplicado do que Rothfuss faz parecer n'O Nome do Vento. Mas pra quem gosta de fantasia tem por obrigação ler Terramar. Pra conhecer o que moldou o gênero.
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Considerações finais:
Para a nossa leitura conjunta, escolhemos um livro que fosse inédito para os 3. Apesar de não estar muito interessado no Feiticeiro de Terramar, quem indicou o livro foi o Lucas (rsrs). O Lucas tem uma visão bem diferente sobre livros de fantasia e isso colaborou bastante nos nossos debates. O livro tem 10 capítulos, sendo que dividimos a leitura em 3 dias (3 caps - 3 caps - 4 caps). Valeu muito apena esta experiência de leitura conjunta. Muito obrigado Phanie e Lucas por terem aceitado o meu convite. Debater com vocês sobre o livro enquanto liamos foi bem interessante e as vezes acirrada (rsrs). Espero que nossas opiniões sejam úteis para quem deseja ler este livro. E pra quem já leu, sinta-se a vontade de conversar conosco nos comentários, caso você tenha tido paciência de ler as três opiniões. :)
Nota conjunta (somei as 3 notas individuais e dividi por 3): 3.5