Penalux 23/10/2017
Entendendo o medo
A vida humana é repleta de medos, e muito se tem falado sobre esta emoção. Há quem pense que é ela a mais limitadora mazela humana, que corta os sonhos bem na raiz, com sua brutalidade de incapacitar os seres na busca pelas suas realizações.
Whisner Fraga cria recortes de pensamentos para compor os microcontos de “Lúcifer e outros subprodutos do medo”. Na obra são explorados os medos nas suas diferentes manifestações, na primeira história intitulada “História da Literatura” um eu lírico feminino expõe ao leitor os medos que a incapacitaram de vivenciar uma história de amor no passado, ainda que ela o tenha desejando intensamente. A narradora foi paralisada pela insegurança de talvez vir a ser julgada pelos outros, demonstrando que o medo foi um gatilho para o nascimento de demais angústias como arrependimento.
No conto “Confronto” o medo é explorado nas reflexões de um pai, que tropeça em suas inseguranças, ao contato com seu filho recém-nascido, como se a fragilidade daquela criança, representasse para ele uma delicadeza, ainda não bem compreendida, mas que poderia ser rompida visto sua inaptidão para tratar de um ser tão pequeno. Há ainda o medo da morte, quando ela se mostra eminente, há o medo profissional e diversas subcamadas originadas deste pequeno “Lúcifer”.
O escritor adere-se com esta obra no campo daqueles autores que acreditam no mimetismo da escrita, encontrado na conjunção de textos e palavras bem escolhidas, um campo no qual é possível despertar sensibilidades, quanto mais as ideias que se pretendem transmitir são compreendidas e analisadas,
“Lúcifer e outros subprodutos do medo” é um convite a compreender o medo por meio de narrativas que passeiam pelos temas da paternidade, da morte, dos amores fracassados, sendo que é na própria percepção da situações de diferentes histórias que o homem constrói um entendimento que o pode libertar das limitações impostas por suas próprias emoções.