Ildrimarck 30/01/2019
Fast-food literário
Se nós sabemos que o valor nutritivo de um Big Mac é praticamente nulo, por que continuamos a voltar no McDonald's? Porque às vezes tudo que queremos é algo rápido e gostoso para enganar a nossa fome. Da mesma forma, as crônicas de Frederico Elboni em "Só a gente Sabe o que Sente" não passam de fast-food literário. Com raríssimas exceções, o autor não se aprofunda nos temas que propõe, preferindo molhar só até as canelas na beirada dos clichês a ir mais fundo no mar de questões que envolvem amores não resolvidos.
Apesar disso, Elboni tenta se apresentar como especialista no assunto, trazendo à cena lembranças de ex-namoradas e relacionamentos românticos anteriores. São tantas mulheres (e todas tão diferentes) que me faz duvidar da capacidade de conquista do jovem escritor, que tinha aproximadamente 23 anos quando lançou esse livro. Ou ele faz uso da liberdade poética para exagerar um pouco no número (afinal, quem nunca?), ou o autor é um verdadeiro Don Juan da Geração Y.
Outro ponto que pesa desfavoravelmente ao livro é o fato de muitas crônicas serem repetitivas, não apenas no tema, mas até mesmo reciclando trechos inteiros uma das outras. Em diversos momentos, já na segunda metade da obra, tive a sensação de "opa, eu já li isso aqui antes". Alguns lampejos de criatividade tentam trazer à luz essa coletânea de crônicas, mas provavelmente ela ficará escondida em algum lugar escuro da minha memória.
Porém, se mesmo assim você quiser um divertimento rápido, fácil de digerir e recheado dos mais saborosos clichês (que sem dúvidas irão entupir o seu coração), pode sair da dieta como "Só a gente Sabe o que Sente".