Vânia 14/01/2017
Nem tão escandaloso assim...
Numa sociedade ainda em que a mulher não tinha direitos, era educada em convento e, ao sair, era com o objetivo de casar, Elisabeth ousava desafiar a família e rejeitar os pretendentes que lhe eram oferecidos, para consternação de sua mãe.
Sua melhor amiga, que conheceu na época do convento, Félicité du Plessis, havia saído do convento e casara-se com um homem 30 anos mais velho do que ela, mas agora, há dois anos, encontrava-se viúva.
Apesar de querer conhecer o prazer carnal, principalmente pelo que sua amiga lhe contava, Elisabeth não queria ser imposta a um casamento sem direitos, sem voz e sem amor.
Indo com a amiga a um baile de máscaras, conhecido por ser um tanto escandaloso mesmo para os moldes da sociedade francesa, Elisabeth só queria se divertir, e, quem sabe, flertar.
Enquanto dançava, ela se vê cativa pelo olhar de um desconhecido. Quando este se aproxima, ela percebe que ele era estrangeiro, americano, mas decidiram que se aproveitariam das máscaras para manterem o anonimato.
Conversaram um pouco e logo a conversa partiu para os beijos que ambos estavam ávidos por trocar.
O que poderia ir mais além, termina antes de começar e, mortifcada, Elisabeth vai embora sentindo-se entre frustrada e ofendida.
A certeza é de que nunca mais se veriam e essa vergonha, de quase ter se entregado a um completo desconhecido, Elisabeth guardaria para si só.
Mas pouco tempo depois, num jantar oferecido em sua casa, seu irmão, Louis, traz como convidado seu amigo e professor de inglês, Henry Wolton. Ele a reconhece pelo cordão que usava; ela o reconhece por suas palavras.
Uma relação de amor e ódio se faz ali.
A atração era tangível, e isso irrita um antigo pretendente de Elisabeth, Sr. de La Ferté, que apesar de já ter recebido várias rejeições da jovem, continuava a achar que ela lhe pertencia.
No entanto, a animosidade de Elisabeth pelo estrangeiro se dissipa quando, durante o jantar, ela expõe suas ideias de igualdade dos sexos; que as mulheres deveriam ter as mesmas chances que os homens nos estudos. Diferente dos outros convidados, que a ouvem por educação ou fazem pilhéria de suas ideias, Henry quer ouvir mais sobre o assunto e até mesmo concorda com ela.
Num próximo encontro, por coincidência, num dia frio, Henry acaba por dar carona à Elisabeth em sua carruagem.
Por tê-la encontrado numa região não muito própria a uma dama da estirpe dela, ele desconfia que ela tenha ido encontrar um amante, e a jovem não o dissuade de sua opinião, e ainda proveita a oportunidade para fazer-lhe uma proposta: a de que eles poderiam se encontrar para uma tarde amorosa.
Se ela tinha um amante, por que não?
Mas após esse encontro, que mexeu com ambos mais do que gostariam de admitir, Henry descobre que ela era virgem, e como o cavalheiro que era, mesmo que estivesse em Paris a trabalho e por um curto período de tempo, ele teria de fazer a coisa certa e pedi-la em casamento. Mas quem disse que Elisabeth queria isso?
Como convencê-la?
Um plano é colocado em ação. Um noivado de fachada ajudaria Elisabeth a se livrar de outros candidatos e daria tempo a Henry de terminar a sua missão política no país, e eles tinham certeza que o pai dela recusaria a proposta já que Henry não tinha título nobiliárquico.
Mas o plano deles lhes foge do controle, e eles teriam de lidar com um pretendente ciumento, uma conspiração familiar, uma tentativa de assassinato e emoções que eles não queriam encarar.
Quando o país que tanto preza a liberdade (Liberté, Égalité, Fraternité) se encontra com o novo país livre, quais as chances de eles tornarem-se cativos pela maior das razões?
O romance de época que teria tudo para ter um enredo interessante com uma narrativa água com açúcar, mas a autora preferiu apimentar a relação do casal trazendo algumas cenas um tanto mais quentes.
Mas esse não chega a ser o ponto forte da história, ainda que seja interessante.
O que mais intriga o leitor é como Henry conseguirá convencer Elisabeth de que eles deveriam ficar juntos.
Claro que a grande questão da protagonista era que ele estava fazendo aquilo pela honra, sem dar chance a ele de mostrar que havia algo mais, e é a partir daí que o leitor fica intrigado.
O plano fracassado, os amigos e familiares alcoviteiros, a questão política, que era a real razão da viagem de Henry a Paris, pelo fato de seu país ter se tornado livre há pouco tempo, ainda que os franceses ainda encarassem os Estados Unidos como uma "colônia".
Ainda que o enredo seja interessante, há pontos altos e baixos ao longo da história, mas que com o passar da leitura, surpreende.
Não conhecia a autora, até porque o original é em francês.
Sem cliffhanger.
4 estrelas.