regifreitas 11/11/2019
O MULATO (1881), de Aluísio Azevedo.
Obra inaugural do nosso Naturalismo, foi das primeiras a abordar a questão do preconceito racial na sociedade brasileira. Aluísio Azevedo usa a sociedade maranhense, uma das mais conservadores da época, além de ser sua terra natal, como pano de fundo para a crítica que desenvolve aqui. Por conta disso, o livro não foi bem recebido por seus conterrâneos, o que levou o autor a se mudar para do Rio logo após a sua publicação.
O protagonista é Raimundo, que ignora a própria origem: filho de uma escrava com um senhor português, a alforria lhe é concedida durante o batismo. Após a morte do pai, ainda criança torna-se o único herdeiro das propriedades deste, e o tio o manda estudar na Europa, de onde volta doutor. Mesmo com uma boa formação e uma posição econômica favorável, a sociedade maranhense, conhecedora de sua descendência, embora o tolere e o trate publicamente com reservas, pelas costas ele é desdenhado e desprezado.
Ao se apaixonar pela prima (Ana Rosa), e lhe ser negada a mão da moça, Raimundo descobre sua origem. O tio alega que ele não poderia casar com a prima por conta do escândalo que seria para a sociedade a união de uma branca com um ex-escravo.
Outra questão também tratada no livro é o da corrupção e conivência da igreja com o racismo e os maus tratos em relação aos escravos, principalmente na figura do cônego Diogo, espécie de “vilão” da história, que tenta a todo custo frustrar os planos de Raimundo.
Embora seja considerada naturalista, existem ainda alguns toques do romantismo no texto, principalmente no que se refere à relação proibida entre os amantes.
É uma obra importante dentro do contexto da época, pela coragem de tratar do tema da discriminação racial e pela crítica social fomentada. Embora O CORTIÇO, do mesmo autor, seja um romance de qualidade superior, O MULATO também é uma obra que merece ser lida, conhecida e discutida.
Para o Desafio Literature-se: um romance de formação (Bildungsroman).