O Mulato

O Mulato Aluísio Azevedo
Douglas Tufano




Resenhas - O Mulato


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Clio0 01/07/2022

"Salvem as mulheres... matem todos os padres!"

Começo essa resenha com uma frase atribuída a Eça de Queiroz em uma produção Global não apenas porque ele é mencionado na obra, mas para poder dizer que esse é o verdadeiro tema de O Mulato.

Aluísio Azevedo recria a sociedade maranhaense durante o Segundo Reinado criticando duramente a situação do negro em tempos pré-abolicionismo e a conivência, quando não dizer atividade, da Igreja Católica na opressão desse grupo.

O cônego Diogo (numa óbvia referência a nomenclatura "diabo") é o responsável por todos os dissabores e crimes ocorridos com as famílias de Ana Rosa e Raimundo. Quando não estava ativamente manipulando em proveito próprio, personagens de histórico similar assumiam seu lugar.

Há um certo romantismo no livro, nada exagerado já que estamos falando de um representante do Naturalismo, mas a sensualidade é o que transforma a escrita em algo moderno, pressagiando o erotismo de escolas literárias futuras.

A narração é impecável, muito similar em trama à casos reportados por jornais da época... assim, a impossibilidade de um Final Feliz fica aparente desde o primeiro capítulo. O triunfo do mal, essa realidade aviltante, deixa a obra com um sabor amargo, ainda que concordante.

Recomendo.
Lauana.Figueiredo 03/07/2022minha estante
eu lembro da minha professora de literatura quando leio suas resenhas




Jonara 15/04/2010

O Mulato conta a história do amor proibido entre Ana Rosa e Raimundo, o mulato (que não sabe que é mulato). Se passa em São Luís - Maranhão e foi escrito em 1881. Raimundo havia sido mandado estudar na Europa, e retorna aos 26 anos para a província, para resolver negócios de seu pai, que havia morrido. Ele não sabe nada sobre seu pai ou sua mãe, e ao chegar na cidade, não entende porque as pessoas o tratam de forma tão estranha e preconceituosa. Ana, sem saber de sua origem se apaixona por ele, mas o romance é proibido por todos da família e pelo padre. O cônego Diogo é um FDP de primeira, que além de ter sido amante da mulher do pai de Raimundo, também é um chantagista e cúmplice de assassinato, um mau caráter abominável, que é tido por todos como um santo. A mulher do pai de Raimundo não é sua mãe, nota-se. A verdadeira mãe foi a escrava Domingas, que foi torturada pela mulher do pai, num acesso de ciumes. A pobre escrava ficou louca. Seu pai era um português que vivia fugindo dos escravos revoltosos, e um belo dia acabou assassinado, mas não foi por um escravo. Confuso? Não, é que estou jogando as informações a esmo... o livro é interessante, e coloca Raimundo como uma vitima de sua própria cor. Ele até tem possibilidade de fugir do seu destino, mas se deixa ficar na odiosa província, vai se deixando dominar pela preguiça... As pessoas que habitam a cidade são as mais chatas, irritantes, carolas e preconceituosas possíveis, e o convívio com elas é uma decepção atrás da outra... mesmo assim ele fica, as vezes movido por uma razão que ele próprio não entende.

O livro é bom, mas tem umas partes meio chatinhas... confesso que pulei varias partes que o Freitas explica as festas do Maranhão e outras coisas... eu tentei, mas o cara é chato demais! Também achei que o livro acaba meio de repente. Mas ainda assim é um bom livro, pra entender um pouco das origens do preconceito e mesquinharia dos brasileiros.
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deysiane 18/07/2023

Ótimo!
Para mim, que sou do Nordeste, esta foi uma leitura bem especial, principalmente quando me deparava com palavras, expressões e costumes que perduram até hoje. As descrições tanto dos personagens quanto dos eventos são, muitas vezes, ilárias.

Achei o desenvolvimento do casal bastante parecido com alguns de Jane Austen, porém, assim que o "mulato" se dá conta da procedência de seu nascimento, o romance toma um rumo diferente de qualquer outro clássico. Os últimos capítulos são de tirar o fôlego. Adorei mais do que eu esperava.

Eu sou um pouco hipócrita pois leio fantasia com a intenção de "fugir" da realidade, e o Naturalismo, parente do Realismo, mostra exatamente isso, mas na sua forma mais desprezível. E há pouquíssimas coisas mais desprezíveis do que o racismo/preconceito.

"Se soubesses, porém, quanto custa ouvir cara a cara: "Não lhe dou minha filha, porque o senhor é indigno dela, o senhor é filho de uma escrava!" Se me dissessem: "É porque é pobre!", que diabo! - Eu trabalharia! Se me dissessem: "É porque não tem uma posição social!", juro-te que a conquistaria, fosse como fosse! "É porque é um infame! Um ladrão! Um miserável!", eu me comprometeria a fazer de mim o melhor modelo dos homens de bem! Mas um ex-escravo, um filho de negra, um- mulato! - E como hei de transformar todo meu sangue, gota por gota?"
Robô Congelado 23/07/2023minha estante
Bravooo meu amor




Fábio 20/03/2019

“Que tenho eu com o preconceito dos outros? Que culpa tenho eu de te amar?”
“(...)riam-se a bom rir, apesar da profunda tristeza do crepúsculo, que nesse dia não vestira as galas do costume.”

Às vésperas da abolição da escravatura, O Mulato (1881) é considerado o percursor brasileiro do movimento Naturalista. Nesse movimento as características da sociedade são descritas de forma analítica, quase científica. No Brasil a tese naturalista se foca nas mazelas socais sob o olhar do determinismo. Em O Mulato, o determinismo racial é a grande tese a ser provada.

O livro também expõe, entre outras análises, o descompromisso do clérigo e a sátira à antiga sociedade maranhense. Um cidadão do século XXI pode analisar com frieza os “romances teses” propostos pelos naturalistas e avaliar sua validade. Porém, o brasileiro contemporâneo que (re)visitar O Mulato entrará descrições de uma sociedade repugnantemente atual. A corrupção clerical abafada e as mortes mal investigadas nos remetem a temas atuais como: o “Inquérito papal contra os diversos casos de pedofilia” por fim sendo investigados graças ao esforço do Papa Francisco e o questionamento de “Quem matou Marielle?”. Definitivamente, O Mulato é um clássico brasileiro.

Por fim, Aluísio Azevedo nos brinda com um final que só os autores naturalistas podem nos dar: um final natural. Um final que nos choca por ser real, que acontece mais frequentemente na realidade que na literatura. Um final com a capa do padecimento, mascarado de dor. Um traje completo para o dissabor que, às vezes, a vida nos proporciona.

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Biblioteca da Pry 01/04/2023

Quando a cor da pele é a característica mais importante de uma pessoa frente à sociedade, nenhum valor essa sociedade tem.

O mulato é um clássico da Literatura Brasileira, que nos apresenta a sociedade Maranhense, mas que facilmente retrata o Brasil do século XIX.
Um homem estudado, íntegro e apaixonado, mas que descende de uma negra, não tem direito de ser visto como alguém da sociedade.
Aluísio de Azevedo nos presenteia com um romance rico de detalhes e de fortes emoções, surpresas e defeitos culturais enraizados até os dias atuais.
Muito suspense e ironia, a cada capítulo vamos nos empolgando na leitura e é impossível não se encantar por essa obra.

O mulato é uma obra para se estudar história e literatura, uma leitura para se apaixonar pela nossa Literatura.
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Felipe 24/12/2020

Apesar de defeitos, uma grande indicação.
Entre fins do século XVII e início do século XIX, o Maranhão e, em especial, a sua capital São Luís vivenciaram um intenso crescimento econômico, sobretudo após a intensificação da cultura algodoeira. À época, São Luís era a quarta capital mais rica do país, atrás unicamente do Rio de Janeiro, de Salvador e de Recife. Em paralelo, no século XIX diversas teóricas tornam a ganhar corpo no ocidente. Naquele período, o mundo acadêmico passa a estimar a cientificidade e a se afastar de postulados teológicos e metafísicos.


No cenário descrito, o Brasil ainda era constituído por instituições como a monarquia e a escravidão. Elas passaram a ser consideradas como empecilhos para que o Brasil crescesse. Ideias positivistas, evolucionistas e darwinistas impulsionavam ideias republicanas e abolicionistas. Nesse contexto, Aluísio Azevedo concebe “O Mulato”, obra que inaugura o Naturalismo no Brasil. Além da escravidão e da monarquia, na referida obra a influência excessiva do clero e a sociedade retrógrada de São Luís foram alvos de críticas pelo autor.

Na capital maranhense São Luís, Manuel Pedro da Silva, conhecido como Manuel Pescada, era um trabalhador português de 50 anos de idade. Com a sua ex-mulher Mariana Alcântara, tem a sua filha Ana Rosa. Mariana defendia que o casamento deveria levar em consideração os sentimentos humanos, enquanto que Manuel Pescada era a eles alheio.

Antes de se casar com Manuel Pescada, Mariana Alcântara se apaixonou por José Cândido de Moraes e Silva, também conhecido como Farol. Com ele também tentou se casar, em vão. Mariana segredou a Ana Rosa sobre os seus sentimentos em relação a Farol antes de falecer.

Após a morte de sua mãe, Ana Rosa cresceu em meio a desvelos insuficientes de seu pai e ao mau gênio de sua avó. Ana Rosa era bonita e seu corpo exibia boa forma para os padrões da época. Durante a sua adolescência, caprichos românticos lhe ocorreram, influenciada pelos livros que lia. Assim como sua mãe, defendia o casamento por amor.


Ana Rosa tornou a alimentar um amor não correspondido, o que chegou a afetar a sua saúde, trazendo preocupações a Manuel Pescada. Em paralelo, Raimundo, o protagonista da história, chega a São Luís após concluir estudos no exterior. Muito se especulava sobre Raimundo. Ele era filho de uma escrava com um português que enriqueceu com o tráfico de escravos. No curso do enredo, Raimundo e Ana Rosa se apaixonam. Manuel Pescada não admite que sua filha se envolva com Raimundo em virtude de sua mãe ser uma escrava. Em decorrência disso, Ana Rosa e Raimundo passam a viver um amor proibido.

“O Mulato” pode haver sido uma leitura obrigatória durante a sua vida escolar ou uma obra presente em algum edital de um vestibular tradicional que você já prestou. Tive a sorte de nem um desses ser o meu caso. A leitura obrigatória é um enfado e, para mim, uma das maiores inimigas da consolidação do gosto por ler.

conclua a leitura da resenha no blog. Caso tenha gostado e deseje ler resenhas nos mesmos moldes, siga o seguinte perfil no instagram: @literaturaemanalise

site: https://literaturaeanalise.blogspot.com/2020/12/resenha-o-mulato-aluisio-azevedo.html
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eli! 10/01/2024

Um livro sensacional, sou fã da escrita de aluísio azevedo, e apesar da linguagem um pouco difícil pra mim, ele consegue narrar muito bem. a história é bem envolvente, você consegue sentir o que os personagens sentem, você torce por eles, mesmo que as coisas não vão de acordo com o que querem :(
Layza 10/01/2024minha estante
Já vou colocar na lista ??




EduardoCDias 14/11/2021

Racismo
Um clássico que permanece muito atual ao explorar o racismo, mesmo passando-se no séc. XIX, antes do fim da escravidão. Um mulato, filho de uma escrava, apaixona-se por sua prima branca, tendo que lutar para conseguir seu amor.
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Alexandra.Helmer 07/02/2022

Gostei bastante da escrita desse autor, te prende a atenção até o final. Você fica com aquela vontade de saber o que vai acontecer e querer ler tudo de uma vez.

✨A única dificuldade que senti foi com a escrita que além de ser bastante descritiva, tem uma característica muito singular. Ele não usa muitas pontuações, e fica parecendo que é tudo dito num fôlego só.

✨No começo isso foi um pouco mais complicado para ir entendendo, com o tempo passei eu mesma ir colocando as pontuações mentalmente. Mas não acredito que isso deva se tornar um motivo para não querer ler.

✨Entretanto, a edição que tenho não foi das melhores, primeiro a capa é daquelas moles que deixa a desejar na qualidade, sem falar que as pontinhas vão estragar. Segundo a tipografia, letras miúdas demais, acredito que para manter o padrão da coleção com relação a espessura do livro, mas não dá certo.
Terceiro as margens, no caso a falta delas. No final, a combinação dos três foi uma das piores experiências, praticamente abrir o livro em 180° para ler.

✨Sobre a história, posso dizer que gostei e acho que deve ser lida, mas tenha em mente que é um livro crítico, então vão ter momentos que vai se sentir incomodado. Esse é o propósito.

✨E posso afirmar que a literatura brasileira clássica sabe desenvolver muito bem personagens, relações e cenários. Você percebe que eles não são só jogados e você que se vire.
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Fran RW 30/05/2012

"O Mulato" - Aluísio Azevedo
A Verdade Gera Protestos

Certamente, pelo fato de seus pais não terem se casado formalmente e portanto terem sido alvo de escândalo na conservadora sociedade maranhense do século XIX, Aluísio Azevedo dedicou boa parte da vida a escrever romances que criticam e mostram com franqueza o lado preconceituoso da sociedade em geral.
Este livro é um deles. Nele percebe-se o desprezo contra o negro, existente de forma muito mais presente que nos dias atuais, no Maranhão daquela época.
A obra conta a história de Raimundo, um jovem filho de um comerciante português e de uma escrava. Sem lembrar-se dos pais, ele decide deixar Portugal - onde recentemente formou-se em Direito - e regressar ao Brasil para visitar o tio, irmão de seu pai.
Chegando aqui, apaixona-se e é correspondido por Ana Rosa, sua prima. O amor dos dois, porém, possui grandes obstáculos e geral desaprovação. Motivo: Raimundo é descendente de escravos, isto é, possui origens negras e segundo o tio, portanto não poderia casar-se com a prima. Sua persistência, no entanto, leva seus inimigos a proporcionarem-lhe o mais cruel dos castigos.

Por mostrar esta triste verdade, essa história causou enorme polêmica na época de sua publicação.

Achei o livro interessantíssimo. Gosto de romances como este, que mostram não aquele amor perfeito, que sempre tem um final feliz ou em que os vilões pagam caro pelo que fizeram - mas a realidade nua e crua, tal como ela é, goste o leitor ou não. Isso é prestar um "serviço comunitário" quando se escreve. Mostrar aos voluntariamente cegos que a realidade nem sempre é tão bela e os desfechos da vida real muitas vezes não são felizes, como preferíamos que fossem.


(20/02/2011)



pessoalmentefalando.blogspot.com
Luciana 23/05/2012minha estante
Muito boa sua resenha, foi um dos primeiros livros da nossa literatura que li e um dos que eu mais gosto com certeza.
Na época que li eu acho que estava na quinta ou sexta-série e tinha medo da capa, vc acredita? rsrsrs
Mas mesmo assim, me encantei com a riqueza de detalhes e o modo como Aluísio Azevedo escreve.


Fran RW 25/05/2012minha estante
Kk. Também já tive medo de certas capas. ;D

Que bom saber que tu gostou tanto do livro mesmo o tendo lido quando era criança. É difícil fazer as crianças gostarem de livros assim.




Lethycia Dias 06/08/2022

Decepção em forma de releitura
Eu me lembrava de ter gostado bastante desse livro quando li pela primeira vez, quase 10 anos atrás. Quando consegui este exemplar, decidi reler para ver como ficava minha opinião depois de tanto tempo, e agora, estou pensando se ainda vale a pena revisitar essas leituras tão antigas.
"O Mulato" é a história de amor trágico e proibido entre Raimundo, homem negro de pele clara que não conhece as próprias origens, e Ana Rosa, filha de um comerciante maranhense e também sua prima. Quando visita o Maranhão para conhecer e vender as propriedades do pai que nunca conheceu, Raimundo se apaixona pela prima e se depara com as barreiras de uma sociedade que não deseja ver pessoas negras em outro lugar que não seja o da escravidão e da subalternidade, pois não importa que ele seja rico, educado na Europa e que tenha parentesco com uma família branca importante, pois ser um "mulato" o torna mal-visto em todos os lugares.
Meu primeiro problema com essa história foi não conseguir acreditar na ingenuidade desses personagens. Desde o início somos apresentados à história do nascimento e da infância de Raimundo e entendemos a circunstâncias pelas quais ele desconhece sua origem. Mas Raimundo chama atenção onde vai pela cor de sua pele e, mesmo quando é inserido numa sociedade escravista, sabendo que é filho de um homem branco, sequer suspeita que sua mãe foi mulher negra escravizada. E da mesma forma, Ana Rosa, que viveu toda a vida nessa sociedade e numa família que faz questão de manter a branquitude a todo custo, também não suspeita em momento algum da origem de seu primo "amulatado".
Outra questão importante tem a ver com a construção de Ana Rosa, que foi incentivada pela mãe a só aceitar se casar por amor, e é a primeira a insistir num relacionamento com Raimundo. Toda a história prévia da mãe de Ana Rosa também é apresentada no inicio, dando a entender que Ana Rosa só se interessou por um homem negro porque não teve a educação "adequada" para um jovem branca e rica de sua época. Essa educação "errada" é o que provoca toda a tragédia da história e o que deixa Ana Rosa à beira da histeria nos acontecimentos finais.
Além do casal principal nada convincente, é uma história que se arrasta com poucos pontos de tensão. Boa parte do enredo consiste em visitas de parentes ou conhecidos da família de Ana Rosa e contém diálogos inúteis que se estendem por páginas e mais páginas. Em certo momento, cheguei mesmo a pular um desses trechos.
Minha conclusão, por fim, é de que o livro tenta denunciar as barreiras de uma sociedade escravista mas faz isso reproduzindo de forma violenta outras facetas da visão de mundo que critica.
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miguel 13/08/2022

ok....
eu gosto de livros que sao detalhistas mas eu acho que o lulu pesou a mão um pouco.... podia tirar um pouquinho disso e colocar na historia do raimundo com a ana um pouquinho. fora isso bem legal me deu uma visao bacana sobre a sociedade maranhense no seculo 19, costumes e tal o final achei legal também
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