Cia do Leitor 12/09/2016
A Garota de Treze
Você conhece o antigo ditado: "A Mentira tem perna curta"? Pois, eu conheço muito bem na prática e as consequências devastadoras que pode abalar a estrutura de relacionamentos e a credibilidade diante de seus amigos e parentes, uma vez acionada o botão "mentir", dificilmente você consegue acionar o botão "verdade" e tudo torna-se um ciclo vicioso e destrutivo.
Ao ler o livro "A garota de treze" de Lilian Reis, percebi que a protagonista teve essa infeliz experiencia e como não podia deixar de ser, ela sofreu na pele as consequências de um "pequeno ato" que envolveu a vida das pessoas que mais amava, magoando-as e distanciando-as.
Luce é obcecada por alcançar os tão sonhados 16 anos de idade, onde segundo sua mãe ela estaria livre para sair, chegar tarde, se maquiar, namorar e finalmente receber seu primeiro e tão sonhado beijo. Luce se achava madura pra idade que tinha, não apreciava a companhia dos coleguinhas da escola, pois achava-os infantis. (interessante isso...) Mas, também não era aceita no circulo dos alunos mais velhos, por ser considerada igualmente infantil. (Toma!) E essa era a real razão para tanto desespero por tornar-se mais velha. (Ô loko meu!)
Mas, como driblar o tempo? Impossível tentar envelhecer 3 anos em dias... Não para Luce. Ela encontra a solução para seus problemas, e cria uma situação embaraçosa trapaceando e enganando as pessoas e a si mesma.
A coisas ficam ainda mais críticas quando ela descobre estar apaixonada por um rapaz mais velho (eu disse MUITO mais velho) pra sua atual idade. Um relacionamento considerado proibido e perigoso. Mas, que vai dar panos pras mangas e muita dor de cabeça para seus pais.
"Um rapaz alto, de cabelos escuros, estava sentado num banco alto, de costas para a porta, tocando calmamente seu violão. Me aproximei. Ele colocou o instrumento sobre uma mesa e se virou. Nesse momento minhas pernas bambearam, meu cérebro berrou, meu coração surtou. PELAMORDIDEUS!"
Foi uma agradável surpresa a leitura deste livro, pois como coloquei no inicio desta resenha, de certa forma eu me identifiquei com Luce. Fiz coisas movida por impulso, por um desejo de ser notada e conquistar meu espaço na turma dos "jovens que podiam chegar tarde em casa". Então, não encontrei ferramenta melhor pra isso, que a mentira. Só que, o que eu não sabia é que toda mentira quando desmascarada, vem acompanhada com a vergonha, a mágoa e o julgamento. As consequências é a destruição de amizades, você perde o respeito e a confiança dos envolvidos.
Luce tinha o apoio de sua amiga Rafa, que era tão cabeça oca quanto ela. As duas eram muito unidas, na alegria, na doença e nas loucuras. Ambas tinham o mesmo desejo de completar os 16 anos e se libertar para uma vida de mais aventuras. Mas, o que as definiam como pessoas maduras? Elas só se metiam em furadas, cometiam deslises que chegou até a fragilizar uma amizade de anos com o vizinho Bruno. Bruno nutria um amor platônico por Luce, quando ela percebeu isso, pra sair dessa enrascada ela e Rafa criaram uma situação um tanto constrangedora para Bruno e claro, repleto de mentiras. Seja ela pequena ou grande, nada de bom poderia sair dessa atitude. E a bola-de-neve só aumentava a cada mentira criada.
Apesar dos pesares, foi nesse ponto da história que me diverti muito com Rafa e sua língua grande. Ela não tinha freios, falava o que vinha à mente e o que pensava é motivo de muitas gargalhadas. Os alunos da classe de Luce são uns verdadeiros capetas!!! (risos)
"A garota de treze" nos faz querer corrigir qualquer tipo de atitude errada que tenhamos feito através e mentiras e trapaças. Eu menti pra ir para os bailes, dizia que ia pra um lugar e ia para outro. Luce mentiu na idade pra se passar por mais velha e conquistar o carinha mais maduro e mais lindo que conhecera. Apesar que mesmo ela mentindo tinha que seguir algumas regras, tipo voltar pra casa cedo pra não levantar suspeitas. O pior ainda estava por vir, Noah o paquera de Luce, não estava em sua vida por mera coincidência, e sim, por obras do destino, o verdadeiro vilão desta história. E ele ainda ia dar a ultima e mais cruel cartada no casal de pombinhos. Será que o amor deles irá resistir a tantas mentiras e revelações bombásticas?
Enquanto fingimos ser aquilo que não somos, fazer aquilo que não fazemos, tudo é eletrizante, empolgante, divertido e perigoso. Daí refletimos. E "se" algo der errado? "se" esse algo for muito grave, tipo de vida ou morte? Eu menti, pessoas pesavam que eu estava em um lugar e eu estava em outro. Como me encontrariam? Como saberiam se estava bem de fato?! Pense bem se vale a pena enganar os outros, no final das contas o que vale é esperar, sinceridade é uma dádiva. Existe o momento certo para cada coisa em nossa vida, nada de antecipa-las por causa de ansiedade, de querer ser como o outro, de provar algo para alguém. Espere e veja como tudo será melhor sem mentiras e preocupações.
Achei muito divertido o livro, apesar dos pesares gostei demais da mensagem que o livro nos proporciona. Adorei cada personagem, são carismáticos e únicos. O desfecho foi bem bolado, uma ótima estratégia para não deixar a nossa protagonista na pior, se fosse diferente certamente eu ficaria contrariada.
O livro tem 219 páginas, divididas em 19 capítulos curtinhos e uma fonte mediana, a narrativa é em primeira pessoa de linguagem bem jovial tornando a leitura bem fluida e agradável. Achei fofo a diagramação e a capa, de uma delicadeza impar. A Editora Uno está de parabéns pelo trabalho técnico e a autora,... palmas pra ela!!
Indico para amantes de livros team.
Boa leitura pessoal!