Resenhas - Suave é a Noite

rayray 14/04/2024

"As boas maneiras valem por uma confissão de que as pessoas são tão delicadas que precisam ser tratadas com luvas de pelica."
Ler Fitzgerald sempre será uma imersão em um dos mundos mais visitados por mim: Os loucos anos 20. Talvez (com certeza) seja um dos principais motivos pelos quais ele sempre estará entre meus autores favoritos.

"Suave é a noite", diferentemente de "Os belos e malditos", não tem absolutamente nada de monótono. Na verdade, o ritmo é quase frenético. A história começa como um filme da Old Hollywood, com fofoca, praia, estrelas de cinema e a aristocracia orgulhosa em decadência. Depois, desce uma ladeira de patins porque, por deus, para quem ama uma tensão psicológica como eu, foi um prato cheio.

Scott nem tenta colocar a si mesmo - digo, colocar Dick... - como destaque na trama, ele sabe que Zelda - ops, Nicole... - tem a atenção toda para si, até mesmo quando ela não o deseja.

O desenvolvimento dos personagens é uma das coisas mais belas e bem feitas que já vi em qualquer livro até então. Nicole parece centrada demais para uma paciente de uma clínica psiquiátrica desde o começo, mas seus altos e baixos no desenvolver da história é arrebatador, seus surtos e sua recuperação quase instantânea (ao menos para nós) é apenas mais um dos mil motivos que a fazem bela aos olhos do leitor. Afinal, o papel de surtar e o de segurar as rédeas foi completamente invertido no fim da trama, Dick era o único que precisava ser tratado com luvas de pelica o tempo todo. Esse deve ser um dos livros mais honestos de Fitzgerald e eu o amo por isso.

A presença de Rosemary é muito interessante na história toda, ela não é somente uma chamada de volta à realidade para Dick, muito pelo contrário, é a constatação de que não há mais uma volta para o psiquiatra, que agora ele pôs-se por si só na posição de um paciente sem cura. Além disso, Rosemary assume quase o papel do leitor, a diferença é que acompanha de muito perto o desenvolvimento da história, quase retém-se completamente de opiniões, mas sempre está presente e, de quebra, ainda se apaixona por um dos personagens. Por fim, ainda é mais um símbolo característico da era a qual Scott ama fantasiar sobre.

Se "O grande Gatsby" não fosse ele mesmo, "Suave é a noite" certamente ocuparia o #1 no meu coração. É uma questão de paixão mesmo.

Aline221 14/04/2024

Clássico atemporal
Minha primeira experiência com Fitzgerald.

Suave é a noite é um romance incrível, o autor descreve em detalhes hábitos e escândalos da classe alta nos anos XX.

A cereja no topo do bolo são as imagens que o autor retrata do Sul da França e Riviera Francesa.

Roh 26/02/2024

Uma trama psicológica
Começar o livro foi muito diferente de terminá-lo. No início, imaginei que a história tomaria outro rumo, mas muito se desenvolve em relação ao casal central e questões psicológicas. Creio que a graça do livro seja ler sem saber muito sobre, já que os pequenos detalhes e revelações sobre as personagens são o que torna o livro cativante. Eu gostei muito da experiência, tive momentos de alegria e ódio. A evolução dos protagonistas é muito interessante, o autor fez um trabalho belíssimo ao desenvolver as diferentes figuras que aparecem na obra. É um livro sensível e com pontos pesados, mas que consegue provocar no leitor diversos sentimentos e realmente criar uma leitura propensa à imersão. Gostei mais do que O grande Gatsby, e já estou ansiosa pra ler mais livros do Fitzgerald.

Luiz Souza 03/02/2024

Ricos Boêmios
O livro conta a história de Rosemary que se entrelaça com um casal de ricos os simpáticos Dick e Nicole , ela é uma atriz em início de carreira mas com um futuro promissor.
Rosemary se apaixona por Dick e vira uma fixação para a moça que o homem se renda aos seus encantos.

A história é dividida em três partes , confesso que gostei mais da parte 1e 3 kkk, a trama tem como pano de fundo a vida cotidiana dos ricos no século passado e suas preocupações que as vezes era bem estranho por sinal , eles bebiam muito iam pra festas esplendorosas , dizem que o livro é inspirado no próprio autor do livro com sua esposa.

Gostei bastante do livro , esse autor parece que gosta de retratar a burguesia e suas excentricidades.

Ótima leitura.

Cris609 30/01/2024

Esse é um livro para quem gosta de relações humanas, para quem gosta de observar comportamentos e para quem adora imaginar o que se passa na psique do outro.

Com personagens super bem construídos, o autor trata de temas que fazem parte de nosso cotidiano, tais como amor, paixão, interesse, poder, dinheiro, doença, alcoolismo, vingança, vaidade e muito mais.

E todos esses personagens não te abandonam com o fim das páginas. Acredito que esse efeito, de deixar-nos refletindo compulsivamente sobre o livro, faz de Suave é a noite uma obra incrível.

Fernanda.Lunardi 10/01/2024

O livro é bom, porém, entediante no começo, começa a ficar "gostoso de ler" apartir da página 100. A personagem que aparece como principal no começo é entediante, porém o casal que segue como principal da história é muito intrigante, recomendo bastante.

Anna.Mariani 15/12/2023

Esse aqui é o primeiro que eu li esse ano, ou terminei no final do ano passado, não lembro. adorei muito, comprei em maio de 2022 quando eu ainda trabalhava no sex shop e foi o único que me parecia bom na livraria que ficava perto, se chamava ?livros não-opressores? ??? enfim, cara muito bommmm pqp fodasse eu amo o f scott fitzgerald

MCRA 07/12/2023

Ótimo
"Already with thee! tender is the night" (Keats)
Suave é a Noite foi o último romance concluído de Fitzgerald e o mais autobiográfico entre todos eles. Ambientado na França e na Itália na década de 1920, conta a história de dois americanos ricos, Dick e Nicole Diver - inspirados no autor e em sua esposa Zelda - que são apreciados em seu círculo social como um casal sedutor e cativante, porém na vida privada estão bem distante disso. Vemos o casal pela primeira vez através dos olhos de Rosemary Hoyt, uma jovem e ingênua atriz americana em férias na Europa. Rosemary se apaixona por Dick, ao mesmo tempo que admira Nicole, o que a faz se envolver com o casal. E assim a narrativa para e volta no tempo para minuciar esse casamento ilusoriamente glamouroso e festivo, entre um médico psiquiatra e sua paciente que sofre de transtornos mentais. O relacionamento se estabelece por dois motivos: Dick se deslumbra com a riqueza da família dela, que pode ajudá-lo a fomentar sua carreira, além de proporcionar uma vida luxuosa e extragante; e Nicole realmente acredita estar apaixonada e dependente desse amor, o que leva a família a comprar um marido para a moça.
Com personagens afetivamente carentes e sem propósitos, potenciais desperdiçados e relacionamentos construídos pelo dinheiro, , a narrativa não tem nada de suave; de maneira oposta, trata-se de uma história angustiante.
E o final do livro ainda nos presenteia com a decadência de Dick, e se torna inevitável pensar que o protagonista charmoso e brilhante nunca teve o controle de sua própria vida, apenas foi útil e necessário para a família da esposa, que permitiu que ele fizesse parte de seu mundo, mas o substituiu assim que não encontrou mais utilidade em sua presença. Um livro lindo, que recomendo fortemente.

Victoria361 30/07/2023

A arrastada história dos Driver
Contexto: A obra se passa em Riveira, e narra em 3 pessoa a vida dos Drives, Dick e Nicole, casal influente, ricos e poderosos que vivem de viagens e festas entre amigos. O livro está divido em 3 partes, sendo a primeira a versão de uma terceira personagem, Rosemary, jovem estrela em ascensão de Hollywood, que conhece esse casal e assim como leitor, tem muita curiosidade sobre eles, e aos poucos a obra nos fornece mais, trazem-os como foco.

Minha opinião: Como uma admiradora do Fitzgerald, e grande fã de Gatsby, peguei o livro sem ler a sinopse (edição de 1976 capa dura sem sinopse), e foi meu principal erro. Mas não tanto como o do Scott em pecar muito nessa obra. O livro é muito lento, mesmo com a incrível ideia do autor, os detalhes e situações corriqueiras e banais tornam toda a obra cansativa de ler. Se eu fosse redatora teria cortado tanta coisa desse livro, que todas as 361 páhinas se transformariam em 250. FINALMENTE EU TERMINEI ESSE LIVRO SUPER CHATO. E apesar de tudo, eu parabenizo o Fitzgerald, porque é um bom livro, mas muito chato. O melhor foi o final! Mas ao longo, com a Rosemery como amante, o Dick sendo esse médico poderoso e bastante aproveitador, e a Nicole como a estrela do livro e 'mulher louca' que só queria aventura, é incrível a construção dos personagens. Confesso que esperava mais protagonismo da Nicole, ela se resumiu como uma esquizofrenica que sempre precisa de um cara para ser cuidado, mas eu não culpo, ela sempre teve isso, principalmete com o abuso do próprio pai. Os capítulos da segunda parte sobre o Dick foram essenciais para mudar completamente minha visão sobre ele, e eu gostei bastante dele por isso. Toda a questão de classe e poder social que os Drives tem foi incrível de ler ao longo da obra, mas bastante arrastada. Tratando-se do Scott, com certeza ele se inspirou na própria vida e li que ele se inspirou na esposa para retratar a Nicole. Bom, acho que o fim perfeito seria Nicole e Dick juntos e com suas aventuras. Eles cuidavam bem do outro, apesar de tudo.

Minha frase favorita: "Era uma pena que tão bela obra da natureza não pudesse manter-se de pé, precisasse do apoio de alguém — o dele." (Fitzgerald, Suave é a Noite, 1976, p. 223).

amanda.bataglin 25/07/2023

Livro ok
Fica melhor mais pro final, achei o personagem principal bem lento e gostei muito mais quando ficou na sua esposa consegui gostar do livro e valeu as 3 estrelas

Ingrid 10/07/2023

O quarto, e último, romance completo do autor, inicia-se no Sul da França, quando Rosimary Hoyt, uma nova celebridade americana, conhece Dick e Nicole Diver e seus amigos; em grande parte americanos.Apesar de ser um casal glamoroso, e até um tanto perfeito, Rosemary pressente algo errado com Dick e Nicole, o que não impede seu envolvimento romântico dom Dick, e a faz ter mais certeza de que existe um segredo entre o casal e que impede que o casamento termine, e mais ainda que impede que Dick viva o suposto amor por Rosemary.O pressentimento dela só aumenta com a convivência com os amigos do casal, como se houvesse um círculo de proteção dos amigos ao casal, em especial para Nicole. Aos poucos, o autor vai revelando mais sobre o casal e sobre o passado deles, como o fato de Dick ter sido o médico psiquiatra de Nicole, que aparentemente sofria de algum transtorno psiquiátrico por uma suposta relação complicada com seu pai. A relação se estabelece por motivos diversos: Dick pela riqueza da família de Nicole, que pode ajudá-lo a alavancar sua carreira e ainda viver de forma luxuosa e extravagante; já Nicole acredita estar apaixonada e dependente desse amor, o que leva ela e sua família comprarem um marido para ela. Isso vai levar a um casamento que sobrevive mais por interesses do que por amor! E até mesmo uma inversão de papéis, uma vez que com o tempo a fragilidade e dependência de Nicole vai deixando de existir e ela vai se fortalecendo; enquanto o brilhante médico se vê cada dia mais dependente do dinheiro da mulher, e da bebida. Ao final do livro a sensação que se tem é que Dick nunca esteve no controle da situação e do seu casamento, e sua ganância apenas o cegou para o fato de ter sido usado pela família de Nicole; até que não mais tivesse utilidade. Faz ainda pensar que a classe mais alta “permite” que uma classe mais baixa faça parte do seu mundo, mas sempre deixando claro que esse mundo nunca será para as pessoas de classe mais baixa; nunca serão aceitas e serão substituídas quando assim for conveniente.

jackpveras 17/06/2023

Se a noite é suave, a leitura é uma perda de tempo
Ainda sob o efeito catártico que o Gatsby me causou, cheguei até esse livro... pensando que seria tão incrível quando O grande Gatsby.

Livro chato, narrativa modorrenta, personagens secas e inexpressivas e um misto de acontecimentos tão tediosos que até uma tarde de domingo em casa, assistindo à televisão, é mais emocionante.
Cheguei até o final com muita luta, sempre pensando: "eu poderia estar lendo Proust, poderia estar debruçado sobre um Joyce, um Doatoiévski, um Goethe".
Para não dizer que tudo é chatice, os três últimos capítulos são razoáveis.
Sem dúvidas, a melhor parte dessa obra é quando ela acaba.

Suave é o fim.

cecilivros 31/05/2023

:)
Primeiro é importante dizer como o título é perfeito para o livro, no começo eu só conseguia pensar nisso, foi muito bom. O livro é uma representação do pensamento das classes extremamente altas na década de 20, então certos preconceitos são bem marcantes, mas acho que foram marcantes até demais. Às vezes o autor, que optou pela narração em terceira pessoa, passa um pouco do ponto de exposição para o de perpetuação.. porque se fosse um narrador personagem eu entenderia, tá lá pra mostrar que era esse o pensamento, mas não tem uma crítica em cima, sabe.. poderia ser bem melhor! Agora, a qualidade da escrita é inegável. Por mais que seja evidente o machismo de 1920, conseguimos ver em cada uma das três partes a submissão de Dick, que não consegue desagradar, ele se tortura por aprovação e acaba tendo a vida mais infeliz possível!!

Como a história é dividida em três blocos, vou dividir minha resenha assim também. A primeira parte foi bem arrastada, por mais que eu tenha gostado das personagens, eu só queria que acabasse logo, foi repetitivo e o romance central foi desenvolvido de maneira muito resumida, não teve aprofundamento nenhum nos sentimentos do Dick. Entretanto, foi um bom início pra jornada dentro da personalidade dele e da análise de como cada um dos seus passos (tanto na carreira quanto na vida pessoal) foi determinante para a sua própria formação.

Já o segundo foi, na minha opinião, o melhor dos três! Consegui enxergar a Nicole com mais humanidade, o que não anula o comportamento elitista dela ao longo do livro, mas demonstra sua fragilidade e seus pontos fracos, consequências diretas das complicações da sua juventude. Também foi possível perceber o contraste da disposição do Dick, que nesse momento era sonhador e esperançoso, ansioso pra vida que o aguardava, muiiito diferente do que conhecemos anteriormente, conformado e sem perspectiva de evolução de espírito (além de ter abandonado a carreirakk).
Novamente tenho que elogiar a escrita de Fitzgerald, que aqui me fez empática até pelo Dick!!!! como pode??

A terceira parte foi bem empolgante, fiquei feliz com o final! Apesar do final do Dick ter sido previsível, foi bom acompanhar o que levou a isso. Três coisas que achei bem interessante aqui foram: Os amigos sendo sinceros sobre o problema dele com a bebida, ignorando toda aquela falsa moralidade dos ricos antigos / as ações de péssimo gosto dessa galera tendo consequência / Rosemary tendo um final longe desse maluco.

Em conclusão geral, não gostei tanto do livro, mas não dispensaria a leitura. No final, a Baby Warren era quem realmente controlava tudo, o único relance feminista do livro todo!! ameiii

Raony 08/05/2023

Não combina muito com minhas pretensões decoloniais. Eu, q tô fazendo um esforço pra ler mais mulheres, negros, gays, indígenas, trans, periféricos, enfim, nossa patota, peguei esse de um autor branco, cis, hétero, etc. E o pior de tudo: estadunidense. E ainda por cima ele escreve sobre as classes altas. Mas como escreve! E esse retrato da elite econômica não significa acriticidade. Pelo contrário, acho ele super irônico. Tá lá no Grande Gatsby. Tá aqui nesse. Eu só comecei a ler esse mesmo pq tô numa fase ler livro físico. De bode do kindle. E daí tô alcançando o impossível. Que é ler tudo que tenho na estante. Sobraram poucos. Esse não mais. E valeu muito a pena, viu? Ele tem uma qualidade rara em geral, mas comum aos grandes escritores, q é fazer comentários ácidos e totalizantes de maneira despretensiosa. Se vc tá descuidado nem percebe. Gabo é mestre nisso. Tolstói tb. Machado então, nem se fala. Em uma frase eles encapsulam um tratado filosófico, uma análise sociológica, uma observação poética. Um exemplo:

"Sua ingenuidade se sentia atraída pela custosa simplicidade dos Divers, sem perceber que nela havia complexidade e falta de inocência. Assim também a naturalidade de comportamento, a paz e a boa vontade, a ênfase dada às virtudes mais singelas, tudo isto fazia parte de um desesperado acordo com os deuses e fora conquistado à custa de lutas incalculáveis."

Tem outro exemplo, na segunda foto aí. O problema é quando essas reflexões se encontram com o fato dele ser um autor homem, branco, hétero, estadunidense, do começo do século XX, etc, e que resolve incluir raça na narrativa 🤦🏾‍♂️. Acho que ele tratou até de um modo cuidadoso pra época. O problema é que era uma época racista pra 🤬 #$%!& . Daí tem uns trechos que são meio difíceis de ler hoje em dia. Mas são poucos e esparsos e servem como registro dos problemas da época (não totalmente superados, claro, mas nossa, como avançamos)

Enfim, é isso. É um clássico. E como me ensinou @zupbueno, através do Ítalo Calvino, numa das primeiras aulas de Sociologia I, "um clássico nunca terminou de dizer o que tinha pra dizer". Ou, se preferirem uma roupagem mais contemporânea, "Clássico é clássico, né, pai?"

Supercut09 29/04/2023

Romance suave\ Declínio abundante


Interessante como a Rosemary foi o ponto chave para a derrocada(não intencionalmente) visual do casal diver.
Ela quebrou os paradigmas impostos pelo casal de forma bem sutil que mesmo ela aparecendo de vez em quando acabou reformulando a narrativa não do livro apresentado o declínio moral do Dick transformado ele em tudo que o que ele abominava na sua esposa Nicole.