Babi 18/06/2016De dar nó no cérebroSabe aquela máxima de que todo livro com mapa é bom? Bem, ela não se aplica ao primeiro livro de Aliados & Assassinos. Fiquei muito desconcertada quando notei que faltava o mapa de todo o reino de Archenfield e suas fronteiras - mesmo tendo um apêndice com árvores genealógicas e outras informações da história. Foi bem difícil iniciar a leitura quando essa máxima ficou martelando na minha cabeça - e não pude evitar de pensar "será que é um sinal de que o livro não é tão bom?" - ao longo dos primeiros capítulos do livro.
Também me surpreendi ao constatar que a nova série de Justin Somper, autor da série Vampiratas, na verdade não é um livro de fantasia. Provavelmente o que me fez ficar com essa impressão foi a comparação feita por aí de que Aliados & Assassinos agradaria ao público de Game of Thrones (Guerra dos Tronos, no nosso querido português). Na verdade, de fantasia, O Preço do Sangue não tem nada. A única semelhança fica na contextualização da história, que se passa em uma época ou em um mundo mais medieval. E a única semelhança com a história do Mestre George R. R. Martin é a politicagem e as intrigas que ocorrem durante a trama.
Somper vai narrar a história de Jared que - após o assassinato de seu irmão, o Príncipe Anders - se vê com todas as responsabilidades do Principado de Archenfield em suas mãos de apenas 16 anos. Além de ao mesmo tempo ter que lidar com o luto pelo falecimento do irmão, o garoto também vai ter que aprender a conciliar as disputas de ego entre os Doze - que são os conselheiros do Príncipe e ajudam nas decisões políticas -, saber identificar em quem pode confiar e tomar as decisões drásticas decorrentes do assassinato de Anders, que aconteceu no próprio quarto do antigo Príncipe. E, ao que tudo indica, faz parte de uma intriga política para derrubar o governo de Archenfield, logo, mais mortes podem estar sendo planejadas.
"Era como se as estrelas no céu tivessem se reconfigurado e ele agora ocupasse o coração de uma constelação estranha." (p. 86)
O Preço do Sangue não é um livro para quem está esperando muita ação, batalhas, lutas. É um livro extremamento político, com personagens tramando para derrubar um, enquanto um terceiro tenta derrubar o primeiro - o que para mim já é sinônimo de calorzinho no coração. Como o título já entrega, você vai passar o livro todo se perguntando quais dos personagens são reais aliados do Príncipe Jared e quais são os traidores. Mas, apesar de ter curtido muito a história de O Preço do Sangue, o início do livro foi paradão, por causa de toda apresentação do universo e dos personagens para que o leitor consiga acompanhar as intrigas políticas presentes na história, então demorei um pouco para pegar um ritmo de leitura. Pode ser que alguns leitores que não curtam tanto essa parte mais política possam desanimar neste início. Porém, ressalto que vale a pena chegar ao fim.
O ponto auge do livro é o grande mistério de quem foi o assassino do Príncipe Anders não foi o mordomo e qual foi a sua motivação. A resposta não é tão difícil de deduzir, no entanto Somper vai apresentando tantas possibilidades que seu cérebro dá um nó e você se perde na sua própria teoria. A responsável por toda investigação deste mistério vai ser Asta, a sobrinha e assistente do médico da família real, Elias. Asta começa a investigar a morte de Anders por conta própria ao reparar que a investigação oficial está negligenciando algumas informações do relatório da autópsia. Asta foi uma personagem que me agradou muito, é uma personagem feminina forte, decidida, teimosa e que ganha muito destaque na história. Só ainda estou tentando entender por que toda personagem feminina forte de uma história medieval tem que ser ruiva.
Outro personagem que ganhou meu coração foi o Axel, primo de Jared, Capitão da Guarda e responsável pela investigação oficial do assassinato do Príncipe Anders. Axel não é nenhum personagem perfeitinho, ele já aparece sambando na cara da sociedade, entretanto com o decorrer das páginas foi crescendo uma paixãozinha e espero que ele ganhe mais destaque no segundo livro de Aliados & Assassinos.
"Parado agora diante dos livros, ele passou os dedos pelas familiares lombadas; de certa forma, era como cumprimentar velhos amigos." (p. 153)
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