spoiler visualizarBeatriz.Queiroz 29/03/2022
A parte da história que ninguém quer falar sobre
O questionamento central feito por Eco Umberto circula em torno das definições de belo e feio, onde o autor faz uma análise extensa acerca desses conceitos empregados nas mais diversas regiões do mundo ? inclusive fora dele, ao citar um trecho da obra A sentinela, de Frederic Brown. A consideração do que seria feio, em conclusão, destaca a origem dessa denominação, ou seja, o indivíduo, em suas pré concepções culturais, sociais, políticas e históricas, que então formam sua opinião.
?[?] Consideramos feios os etíopes negros, mas, entre eles, o mais negro é considerado mais belo. [?] ?Perguntem a um sapo o que é a beleza, o verdadeiro belo, o to kalón. Ele responderá que consiste em sua fêmea, como seus dois belos olhões redondos se destacam na cabeça pequena, a garganta larga e chata, o ventre amarelo e o dorso escuro.?
Assim, são determinadas 3 especificações de feiúra: o feio em si, o feio formal, e a representação artística de ambos. Então, ao longo da leitura, o autor vai dissecando temas e períodos específicos onde a história da feiúra poderia ser amplamente estudada e analisada.
O livro é muito bem construído, dando foco a um tema que não é muito discutido, quase como um tabu. O feio sempre foi repugnado, e essa obra fez um excelente refinamento acerca das opiniões compartilhadas pelos expectadores de vários períodos históricos sobre essa estética. Uma das coisas mais impressionantes, e decerto impactantes, é a quantidade e magnitude das referências iconográficas, que demonstram perfeitamente o objeto de discussão abordado.