Em Má Companhia

Em Má Companhia Vladimir Korolenko




Resenhas - Em Má Companhia


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NazaSicil 06/02/2024

Apaixonei-me por esse autor ucraniano. Pena que só tenham dois livros dele publicados no Brasil.Li os dois e adorei !

Acho importante dizer que Vladimir Korolenko era um autor que se importava com a dor do povo. "Ele nunca se limitava apenas à criação literária, acreditando que o escritor tem o dever sagrado de ser a consciência e a voz do seu povo."

Vássia é um garotinho que se sente um pouco rejeitado por seu pai, um juíz, que após a morte da esposa, se sente infeliz e fechado para sentimentalismos.

Entediado em casa, o menino começa a passar mais tempo nas ruas e num certo dia, vai com seus amigos numa capela abandonada, mas só ele tem coragem de entrar, seus amigos vão embora, com medo do que poderia ter lá dentro e o abandonam à sua própria sorte. Só que, lá dentro, tinham mendigos, que moravam ali por falta de oportunidade e passavam fome.

Vássia conhece Valek e sua irmãzinha Marússia, estabelecendo com eles uma linda relação de amizade.

Conhecendo essa outra face do mundo, que ele não conhecia, sendo apresentado à fome, ao frio, à situação precária de sobrevivência, Vássia percebe como é privilegiado e tenta ajudar aquelas pessoas marginalizadas.

O livro é comovente o tempo inteiro, mas quando a pequena Marússia fica doente e Vássia leva para ela, uma boneca da sua irmã, Sônia, foi uma passagem que me trouxe lágrimas aos olhos e me fez pensar o quanto podemos fazer pelo próximo, de dentro da nossa bolha de privilégio.

O livro é maravilhoso, o que tem de curto, tem de grande !
Super recomendo ? ? ? ? ?
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Marina 14/12/2023

Só li esse livro porque meu interesse por literatura russa me faz sempre explorar novos autores e ainda bem, porque eu adorei!

O livro é curtinho, conta a história de um menino rico que acaba se envolvendo com os excluídos da cidade, os mendigos, os bêbados, os órfãos. Esse contato com uma outra realidade tão diferente da dele o faz mudar sua compreensão de mundo, repensar seus valores. O autor pretendia com esse livro explorar um problema social recorrente no Império Russo e despertar a compaixão e a solidariedade das pessoas. Pensando nisso, a história poderia ter soado um pouco moralista, mas ele consegue construí-la de maneira singela e que realmente nos toca.

Eu também adorei o posfácio da Elena Vássina presente nessa edição da Carambaia. Ele nos ajuda a entender o contexto da escrita e nos mostra que Korolenko é um autor bastante respeitado na Rússia e que seus livros fazem parte do currículo escolar. Ele contava também com a admiração de vários contemporâneos que nos são mais famosos, como Tolstói e Tchekhov. Agora quero ler o outro livro dele publicado pela Carambaia.
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jota 07/12/2023

MUITO BOM: livro de Korolenko é uma ótima companhia para essa época do ano, em que os bons sentimentos afloram em nós com mais intensidade
Cinco anos atrás tomei contato com a obra do escritor ucraniano Vladimir Korolenko (1853-1921) pela primeira vez, quando li a sensível e delicada história de um menino deficiente visual O Músico Cego, que também era uma obra não muito extensa. Menor ainda em número de páginas é este Em Má Companhia, que me pareceu mais uma novela do que outra coisa, quase um conto mais extenso.

Como naquela obra, aqui também não faltaram sensibilidade, delicadeza, empatia e compaixão, sentimentos nobres que transitam por quase todas as páginas. Por conta do tratamento que Korolenko deu aos seus personagens, suas crianças, os pobres irmãos Valek e Marússia – as “más companhias” entre outros, exatamente por serem pobres – e Vássia, o narrador, menino solitário mas altruísta, órfão de mãe e filho de um juiz, portanto, gente de bem, digamos. Pai que nunca lhe deu muita atenção, menos ainda depois que ficou viúvo. Quando os três pequenos ficam amigos a história cresce, fica mais emocionante, interessante.

O posfácio, escrito pela professora de literatura russa da USP, Elena Vássina, é longo mas é bastante útil, informativo, aprendemos um bocado sobre Korolenko, suas ligações com importantes escritores russos, como Tchekhov, Tolstoi e Gorki, autores que como ele tinham uma “posição política profundamente humanista.” Mas o sofrimento de seus pequenos dialoga um tanto com os escritos de Charles Dickens, que também tinha um olhar especial para as crianças, especialmente aquelas que sofriam por algum motivo, quase sempre devido aos maus tratos praticados pelos adultos, pelo menos nas obras que li dele.

Impossível não ficar tocado por certas passagens de Em Má Companhia, especialmente quando a garotinha Marússia fica doente e Vássia lhe leva uma bela boneca de Sônia, sua irmã, na tentativa de minorar o sofrimento da pequena. O que vai causar um problema para ele quando o severo pai descobre o desaparecimento da boneca. Situação que, por outro lado, vai conduzir a história para outro patamar. E aí já estamos bem no final do livro. Que se não provoca lágrimas, ao menos nos deixa meio que com o coração na mão, modo de dizer. Porque aqui há um bocado de sentimentos que nenhuma sociedade pode abdicar deles em qualquer tempo, especialmente misericórdia e compaixão. E com isso temos um triste, mas belo final, redentor.

Lido entre 03 e 06 de dezembro de 2023.
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Hadjinha 28/06/2023

Surpreendente
O livro é narrado por Vássia, um jovem garoto que mora num vilarejo bem afastado no sudoeste da Ucrânia, sob o olhar infantil, relatada como é a vida dos pobres, estrangeiros e malucos de lá. Ao decorrer do livro Vássia descobre as verdades sobres os excluídos do vilarejo, através da amizade de duas crianças forasteiras. Filho do juiz, encara o dilema entre o certo e o justo, sobre a pobreza e a morte.
De verdade, não esperava nada desse livro mas me surpreendi com a esquisita ternura que senti. É incrível como o autor descreve a beleza de lugares sombrios e mórbidos, trazendo um estranho conforto com o desconhecido. Com personagens reais, que tiveram anos de sofrimentos e injustiças, contados pelo olhar de uma criança que é forçado a entender e a amar aqueles '' Em má companhia''.
Recomendo a todos que querem uma leitura leve mas verdadeira.
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Pandora 18/01/2023

Vássia é um garoto solitário. Ele vive numa cidadezinha onde seu pai é juiz e, desde que sua mãe morreu, quando ele tinha seis anos, vive sem regras, mas também sem carinho e amor. Sobre a relação com seu pai ele diz:

“Ele a amava demais e era tão feliz enquanto ela estava viva que nem reparava em mim. E agora o que nos separava era o seu pesar.” - pág. 62.

Sem ter quem se importe com ele, passa grande parte do dia fora de casa, sozinho ou com os amigos e passa a ser chamado na cidade de vagabundo e menino de rua. Até com a irmã menor, que adora, não consegue mais se relacionar direito, pois a babá reprime qualquer contato ou brincadeira entre os dois. Então, ele passa a ser um observador do que se passa ao seu redor, mais especificamente, da vida dos marginalizados que vivem nas imediações da vila onde mora.

É com dois irmãos que fazem parte dessa trupe de enjeitados, um menino de nove e uma menina de quatro anos, que ele desenvolve uma relação de amizade. E é através deles também, que acaba sabendo que seu pai é admirado por esse grupo, que é tido como um juiz justo e defensor dos pobres.

Nesta pequena novela vemos que, infelizmente, algumas coisas não mudaram porque são inerentes ao ser humano; que mesmo os pobres pisam naqueles que consideram mais pobres… que há pessoas que se aproveitam da fraqueza de seus semelhantes para humilhá-los e divertir-se às custas destes; mas também são inerentes ao ser humano a compaixão e a solidariedade; que há os que desde cedo percebem e se incomodam com as desigualdades sociais.

Na sua solidão, Vássia tem a oportunidade de aproximar-se de uma realidade muito diferente da sua e colaborar materialmente com o que ele tem de sobra e os marginalizados necessitam, mas estes, por sua vez, lhe dão uma acolhida e o carinho que ele não tem em casa e também necessita.

Como é mesmo que se diz?: “Ninguém é tão pobre que não possa dar, nem tão rico, que não possa receber”.

A narrativa é uma pequena amostra da filosofia de vida de Korolenko, um ativista dos direitos humanos, um homem preocupado com seus semelhantes, que acreditava “que o escritor tem o dever sagrado de ser a consciência e a voz do seu povo”. [1]

“Ele sempre se sentia agudamente responsável pela injustiça social.“ [2]

É um texto curto, mas de grande potência, ao mesmo tempo realista e lírico. Àqueles, que, como o autor, não são indiferentes às mazelas humanas, não ficarão indiferentes à esta narrativa.

[1] [2] Elena Vássina, no prefácio desta edição.
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Rafael Mussolini 17/07/2022

Em má companhia
"Em má companhia" do Vladimir Korolenko (Carambaia, 2016) é uma novela russa com um forte viés social. A trama se desenvolve a partir da análise crítica de um modelo bem conhecido por nós, onde alguns tem muito e outros nem mesmo um lugar para morar. Através de uma narrativa que coloca a desigualdade em rota de colisão com lugares de poder físicos e simbólicos, Korolenko desenha personagens, cenários e situações tão bem escritos que nos sentimos parte daquela pequena cidade bolorenta onde a história se passa.

Logo de início já me chamou atenção a destreza de Vladimir Korolenko ao descrever a ambientação da história e as características das personagens. São momentos em que o texto beira o lirismo sem perder o pé no chão que a história pede. Como a novela dá voz a pessoas em situação de vulnerabilidade e repudiadas pela comunidade, existe depois de cada vírgula uma intencionalidade de explorar os tons reais de uma sociedade desestruturada, ao mesmo tempo em que a escrita insere vez ou outra um tom de prosa poética. Ela aparece nos momentos que o autor descreve a própria decadência da cidade, que aos olhos do texto literário é algo bonito de se ver, assim como nos momentos que nos apresenta figuras extremamente exóticas que desfilam pelo vilarejo.

“Em má companhia” conhecemos a história de um menino de família rica, filho de um importante juiz local e órfão de mãe. A falta de afeto no próprio lar o leva a experimentar ainda muito cedo a vivência nas ruas e por conta disso o garoto acaba se aproximando de pessoas muito pobres, marginalizadas e em situação de rua. O garoto, de certa forma, via-se marginalizado pela relação distante que possui com o pai e pela opinião pública que o colocava na condição de vadio e vagabundo por conta de seu espírito livre.

Do alto de seus privilégios, o personagem se depara com uma realidade distinta e mostra uma grande dificuldade em entender a condição daquelas pessoas que sofrem tantas privações. Como tem uma personalidade mais voltada para a empatia e que beira a ingenuidade, ele começa a fazer alguns movimentos de aproximação. Enquanto faz isso, acaba ajudando as pessoas a matar a fome e outras necessidades básicas, mas o que percebemos é que por trás de suas ações, existe também uma necessidade de se relacionar afetuosamente, de fazer parte de um grupo, de ser visto.

Talvez como uma estratégia narrativa, Korolenko ambienta a história em uma cidade que parece estar longe de tudo, onde a maioria das edificações estão muito velhas ou em ruínas, mas que caminha pelas normas não ditas da elite. Inicialmente, os mendigos e desabrigados da tal cidade vivem em um castelo em estado de abandono e quando o autor localiza a extrema pobreza, literalmente dentro de um tipo de habitação historicamente vinculada a reis, rainhas ou pessoas muito ricas, ele nos ajuda a traçar um panorama crítico sobre como a sociedade se organiza. E o faz através de um constante estado de desconforto.

“Mora no castelo” tornou-se sinônimo de grau extremo de pobreza e de decadência social.

Assim como o castelo ganha um viés completamente desvinculado daquilo que já conhecemos, o jovem protagonista da história, através de uma trajetória de aproximação do mundo real vai conhecendo melhor a estrutura da sociedade e como a desigualdade se mantem. O mergulho do personagem em um realidade que não era propriamente a sua deixa algumas lições nas entrelinhas sobre justiça social, combate a preconceitos e empatia que muito tem a ver com a própria trajetória de vida do escritor Vladimir Korolenko.

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2022/07/em-ma-companhia-de-vladimir-korolenko.html
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Frederico 27/04/2021

Uma obra prima. Curto, o livro é um belo exercicio de literatura e humanismo. História de amizade repleta de dor e beleza.
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EduardoCDias 12/04/2021

Na companhia de gente interessante
Vássia, um garoto na Rússia do séc. XIX, após perder a mãe e ver o pai, juiz, entrar numa depressão interminável, começa a conviver com a escória da cidade, fazendo amizade com duas crianças desse grupo.
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Sara.Bertaglia 03/12/2020

Você não sai ileso desse livro
Poucos livros me fizeram chorar. Este foi um deles. Cada linha desse livro é perfeita.

Nessa novela vemos de perto a miséria, a arrogância, a solidão, a fome, o luto, mas também a força do amor e da compaixão. É um livrinho que te sacode, revira tuas certezas, escancara as mazelas que até hoje as sociedades insistem não ver.

Parece clichê, mas um livro pequenininho como esse pode mudar a forma como você vê a vida, a pobreza e a própria sociedade decadente. Um livro pequenininho que exala humanismo em cada linha, numa época de tanta desumanização. Num momento em nosso país - e na história do mundo - em que milhões de pessoas são jogadas na extrema pobreza, na extrema miséria, à margem da sociedade, invisíveis e indesejadas não apenas por uma elite que veste Prada e que no fundo fede, mas indesejadas por todos que fazem de conta que não vendo, os problemas sociais deixam de existir.

Se prepare para não ser mais o mesmo.
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José Amorim 14/04/2020

Bom!
Que a editora Carambaia não decepciona a gente já sabe... Esse livro é uma joia rara. Leitura rápida, fácil, que traz muitas reflexões... Recomendo.
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Gabi 26/02/2020

Este livro é uma mistura de soco no estômago com afago no rosto. Korolenko tem o dom de te deixar desconfortável de um jeito carinhoso. O final é triste.
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