Anderson Tiago 13/06/2016Lerei para a minha filha. [INTOCADOS]É muito engraçado como as coisas mudam de forma tão rápida. Até um ano atrás eu, muito provavelmente, não leria ou nem me interessaria por ler Felizmente, o Leite. O livro, escrito pelo mestre Neil Gaiman e ilustrado pelo talentosíssimo Skottie Young, é voltado para um público mais infantil e, sinceramente, não consigo lembrar a última vez que li algo tão fora da minha faixa etária.
No entanto, o último ano trouxe uma grande novidade para a minha vida. Eu seria pai. E, mesmo antes da Manuela nascer, uma das minhas grandes vontades era fazer com que a literatura fosse parte de sua vida desde muito cedo. Para que isso fosse possível, eu teria que começar a conhecer mais livros infantis, para selecionar aquilo que leria para ela ou que poderia oferecer quando ela começasse a dar os seus primeiros passos na leitura. Foi por esse motivo que resolvi ler Felizmente, o Leite. Agora, eu mal posso esperar para que a Manuela cresça o suficiente para que a gente possa se divertir junto com essa aventura criativa e divertida, com o padrão Gaiman de qualidade.
Tudo começa quando a Mãe precisa fazer uma viagem a trabalho, deixando as crianças sozinhas com o Pai. Logo no café da manhã acontece o primeiro grande imprevisto, não tem leite para comer com o cereal. No restante da história acompanhamos as desventuras do Pai para conseguir trazer o leite para o café da manhã. Nessa jornada ele irá encontrar alienígenas, piratas, dinossauros, vampiros, entre outros, numa sucessão de acontecimentos improváveis que tornarão uma simples ida ao mercadinho da esquina em uma verdadeira odisseia digna de Homero.
“ _ Este pai humano foi meu companheiro na minha estranha jornada ao futuro – continuou a cientista Esteg. – Agora, antes que eu me despeça dele e vá com vocês, Dinossauros Espaciais, precisamos cantar para ele uma das mais fantásticas e velhas canções de dinossauro. ”
Falar da escrita de Neil Gaiman é chover no molhado. Mesmo em um livro tão simples, onde não pode usar todo o seu potencial, conseguimos perceber o quanto ele é especial. Em nenhum momento o autor subestima a inteligência do leitor mirim, com referências à cultura pop atual e até conceitos científicos. Mas, na minha opinião, o destaque mesmo vai para as excelentes ilustrações de Skottie Young, que chegam a ocupar páginas inteiras das 128 que o livro possui. Acredito que essas imagens devem tornar a leitura da criança bem mais prazerosa. Em mim, provocou várias risadas.
“ _ Porque, de acordo com meus cálculos, se o mesmo objeto de dois tempos diferentes se tocar, uma de duas coisas acontecerá. O universo vai cessar de existir. Ou três anões espantosos dançarão pelas ruas com vasos de plantas na cabeça. ”
Enfim, ter gostado muito de Felizmente, o Leite foi uma ótima surpresa para mim, além de uma promessa que a nossa campanha para transformar a Manu em uma leitora mirim será tão divertida para a gente quanto para ela. Ah... ia esquecendo, minha mãe também leu o livro e curtiu muito. Então posso afirmar que Felizmente, o Leite tem tudo para agradar três gerações da mesma família e pode ser lido em qualquer faixa etária.
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