ELB 20/03/2017
Every Little Book
Antes de começar a falar sobre o livro em sim, só gostaria de reforçar que sou totalmente a favor de livros de Youtuber, pois vejo esse segmento como um nicho que movimenta muito dinheiro e editoras nada mais são que empresas, logo empresas funcionam a base de dinheiro. O quanto você vai gostar/ aproveitar o conteúdo do livro é uma questão de quanto você é o público alvo daquele livro.
Sem crises, parece que você não se transforma. E, se você não muda, você para.
Já assisti muito o canal da Jout Jout e hoje em dia, de vez em quando, ainda dou um play, mas ainda assim o conteúdo escrito não conversou comigo, é claro que em 1 ou 2 crises houve identificação, mas de resto me soou tão cansativo surtar por A ou B que toda a maturidade que eu sempre encontrei nos vídeos tornou-se inexistente nas páginas; adoro a maneira com a Julia ou Jout Jout aborda questões de empoderamento feminino (com dá pra conferir no tão famoso vídeo do Batom vermelho que ajuda a identificar relacionamentos abusivos) e consequentemente gostei da maneira que em uma das suas crises Julia nos fala sobre o medo de andar da pós graduação até o ponto de ônibus no centro do Rio de Janeiro pelo simples fato de ser mulher, levantando o questionamento de que até quando esse absurdo passará despercebido?
Ás vezes tinha um rapaz ou outro que podia me acompanhar, o que me trazia alívio- e ódio de ter que depender de um rapaz para sentir alívio.
Com uma linguagem coloquial o livro é praticamente uma conversa onde, se você viu uma ou duas vezes qualquer vídeo, você será capaz de escutar a voz dela em sua cabeça; é uma leitura leve, beirando o raso em alguns momentos e apesar de ser tipo um bate papo ainda sim levei uma eternidade para conseguir terminar, simplesmente não encaixava uma crônica atrás da outra.
A gente cresce e continua tomando decisões sem sentido.
Metade do livro é um copy/paste de algumas partes do conteúdo que está de graça lá no youtube, mas entendo que esse tipo de livro é um subproduto para um público que compraria qualquer outra coisa que levasse o nome/ Ideologia Jout Jout (há canais que optam por vender camiseta, caneta...).
Sempre mantive uma relação meio mágica com o ato de ler; livros sempre me levaram para outros mundos e em diversas entrevistas de autores sempre há aquela pergunta: O que te levou/ inspirou a escrever este livro? Com algumas respostas mais elaboradas e outras mais diretas o ponto de convergência sempre foi: - Essa é uma história que estava na minha mente pedindo para ser escrita. Okay, mas o que isso tem a ver com o livro das crises da Jou Jout, Julia em algumas crônicas nos conta sobre momentos de terapia para resolver as crises de como terminar o livro, sobre o que escrever, sobre o medo de publicar e de como essa publicação seria recebida, eis aqui a resposta do porquê Jout Jout resolveu escrever:
Sempre quis escrever livros, várias editoras querem que eu escreva, minha mãe quer, provavelmente a família Jout não vai se opor, então me dá esse contrato aqui que eu quero assinar.
Só gostar dos vídeos não me tornou público para amar o livro, a narradora é o que salva o conteúdo, pois se fosse uma outra voz/personalidade poderia ter sido um belo desastre literário; porém como sempre a companhia das letras nos entrega um produto final muito bem-acabado, diagramado e revisado.
site: http://www.everylittlebook.com.br/2017/03/resenha-ta-todo-mundo-mal-jout-jout.html