spoiler visualizarMirella.Catarina 29/11/2022
A Garota Mimada & Chata
?Não julgue um livro pela capa? - ou não julgue um livro por vir com o anúncio de ser um best seller do New York Times.
Fui atraída à leitura pelo suposto título de best seller e quanto mais avançava na leitura, mais eu questionava a veracidade dessa informação.
Mia é uma garota mimada, rica, privilegiada, que abre mão da fortuna e da influência da família e decide viver como uma pobretona mesmo, dando aula de artes em uma escola comunitária. Muito surpreendente.
No meio do caminho ela é sequestrada e se apaixona pelo sequestrador. A narrativa da história não é linear e somos apresentados à todos os personagens de acordo com os pontos de vista deles.
Surpreende como todos esses personagens são fracos, superficiais, não simpatizamos com absolutamente nenhum deles.
Indo da própria Mia à mãe dela, do detetive à psiquiatra: desenvolvimento fraquíssimo de todos. A médica tira conclusões totalmente previsíveis, sem explicações mais aprofundadas, e que mesmo assim parecem agradar a todos.
A conclusão (óbvia) de que Mia sofria de Síndrome de Estocolmo foi apresentada em um curto parágrafo, pouquíssimas linhas, mas supostamente surpreendeu horrores o detetive, que parecia nunca ter ouvido falar dessa síndrome - mesmo sendo um policial com décadas de experiência.
Parece que a autora transformou em livro alguma fantasia da adolescência dela. O fato de Mia se apaixonar *de verdade* pelo sequestrador (para muito além da Síndrome de Estocolmo) não convence e é muito infantil, já que ela sofreu todo tipo de abuso físico e psicológico no cativeiro.
Igualmente fraco é o romance do sequestrador com a mãe da Mia, e, novamente, parece ter saído de uma fantasia adolescente da autora. Como uma mãe em busca da filha desaparecida, vivendo com os nervos em frangalhos 24h por dia, arruma tempo e condições psicológicas de se apaixonar pelo detetive que está procurando a filha dela? Dá vontade de rir.
O final também é fraco e decepcionante. Mia consegue, sabe-se lá como, entrar em contato com o bandidão africano que ordenou seu sequestro, para bolar uma chantagem fake contra o pai dela, com o intuito de divulgar todos os crimes que ele cometeu ao longo da carreira de juiz.
Um nó forçado e desnecessário. Se queria ?se vingar? do pai porque ele usou o boletim dela como descanso de copo, era só entregar as provas para a imprensa - provas essas que já tinham sido descobertas pelo próprio detetive. Ou seja, Mia só choveu no molhado.
Não convence a patricinha negociando com o chefe de uma máfia extremamente violenta - afinal, Dalmar foi apresentado na história como um assassino sanguinário.
Talvez seja um bom livro pra adolescentes que estão iniciando no mundo da leitura, ou para jovens moças com fantasias infantis como o ?romance? vivido pela Mia. Mas fora desse contexto, é difícil acreditar que tenha sido realmente um best seller do NYT.