Goldfield 09/07/2016
Uma aventura empolgante e bem escrita
Trata-se de uma história de pegada infanto-juvenil (sem jamais, no entanto, subestimar os leitores - e por seu ritmo e narrativa, também capaz de agradar muito a leitores mais velhos) que une brilhantemente teorias de física quântica, ficção histórica e um retrato bem completo e esclarecedor sobre a civilização inca.
Hugo Galindo, renomado historiador brasileiro especialista nos povos andinos e causador de polêmica no meio científico por conta de suas teorias sobre os incas terem conseguido utilizar tecnologias "avançadas" aos olhos dos povos atuais, é dado como morto após uma fatídica expedição ao Peru. A trama acompanha seu filho, Lino (que dá nome ao livro), junto com o melhor amigo Mouse (responsável pelas referências à cultura geek no enredo, e um alívio cômico sensacional), numa tentativa de comprovar as teorias do falecido pai, o qual todos deram como louco, ao explorar a suposta conexão da Gruta do Carimbado, em São Thomé das Letras, com Machu Picchu, no Peru.
A trama é dinâmica, a narrativa sempre corre bem e prende a atenção do leitor a todo momento. Há, durante boa parte do livro, uma alternância entre cenas do passado/presente muito bem montada que serve para esclarecer mistérios do enredo ou situar melhor o leitor quanto ao que é mostrado.
Além da história atrativa, o livro oferece diversas informações sobre o tempo dos incas (inclusive com notas e glossário), e seu modo de vida, que acabam tornando-o um ótimo guia inclusive para professores utilizarem em sala de aula, desde descrições pormenorizadas sobre a cidade de Machu Picchu e sua construção, até o uso dos misteriosos "quipus" andinos para registros.
O autor demonstra dominar diversas técnicas narrativas ao fazer ótimas descrições para imergir o leitor nos cenários e épocas retratadas, criar diálogos interessantes (com grande uso, inclusive, da língua quéchua e termos naturais a ela) e adicionar emoção ao que é contado. Destaque para uma sequência de batalha na Parte III do livro, espalhada por vários capítulos, extremamente cinematográfica e épica que dificilmente não pode ser lida de uma só vez.
Enfim, um livro bem escrito, didático e recomendável a jovens e adultos, inteirados ou leigos em História e que estejam dispostos tanto a acompanhar uma empolgante aventura, quanto a conhecer mais sobre os incas.