CrisIngrid 31/10/2020
Adorei!!!
"Seu Harpagão é, de todos os seres humanos, o menos humano, e de todos os mortais, o mais duro e inflexível. Não há favor que ative sua gratidão a ponto de ele abrir a mão. Terá elogios, estima, boas palavras e amizade à vontade; mas dinheiro, nem pensar."
O AUTOR: dono de uma vasta obra composta num período de dezoito anos, entre 1655 e 1673, coube a Molière o papel de Pai da Comédia – um gênero até então tido como menor. "Arguto observador da sociedade de seu tempo, ousou retratar, com um misto de fineza e crueza, os falsos valores que, sustentados pela hipocrisia, permeiam as relações humanas e sociais." (Dorothée de Bruchard)
A OBRA: Harpagão é um velho odioso, pão-duro e mesquinho. Sua avareza beira o ridículo: dizem que já processou na justiça o gato do vizinho por ter comido o resto de um pernil de carneiro. E beira também a sordidez: ele não apenas se recusa a emprestar dinheiro para o próprio filho, Cleanto, sem cobrar juros abusivos, como também aceita negociar o casamento de Elisa, sua filha, com qualquer um que a aceite sem dote. Afirma-se apaixonado por Mariana – mas, é claro, não tanto quanto pelo vil metal.
"O Avarento" estreou em Paris em 1668.
O QUE DIZ A CRÍTICA ESPECIALIZADA: "Molière – para quem o dever da comédia era corrigir os homens enquanto os divertia, e o riso, um instrumento de transformação mais eficaz que os mais belos sermões – oferecia um retrato em que todos podiam se reconhecer, mas não necessariamente apreciar. [...] Ridicularizar grandes defeitos humanos como inveja, arrogância ou avareza, escancarar máscaras e miúdos poderes que pautam as relações sociais eram para Molière armas privilegiadas para combater as distorções e perversões do seu tempo."
❤️ MINHA OPINIÃO: Eu amei e me diverti muito com a peça. Harpagão é tão absolutamente avarento, e isso chateia tanto as pessoas que precisam lidar com ele, que tudo acaba escorregando para o humor gloriosamente. O trabalho linguístico afinado e sutil de Moliére é algo estimulante e faz jus a toda a fama que o autor tem. Sem mas, leiam!