Julia G 26/09/2016Sedução da Seda Eu sempre gostei de romances de época. Na época do ensino fundamental, em certo momento em que eu já tinha lido todos os livros "para a minha idade" disponíveis na biblioteca - minha única fonte de leitura e que não dispunha de tantos títulos assim -, comecei a ler aqueles romances de banca gracinhas que, na maioria das vezes, se passava em outro momento histórico. Eram uma companhia agradável e cumpriam o papel que eu esperava, de serem ótimas distrações durante minhas tardes silenciosas. Depois do ensino médio, li poucos livros do gênero. Até que, como parceira da Editora Arqueiro, pude solicitar Sedução da Seda, de Loretta Chase, e vi meu coração se encantar por esse gênero que há muito tempo não lia.
Sedução da Seda é o primeiro livro da série As Modistas e conta a história de Marcelline, a mais velha de três irmãs que trabalham duro em uma loja de roupas para sobreviver. Como boa mercenária que é - e boa negociante - ela corre até Paris para fisgar o duque Clevedon ao seu ateliê, com o intuito de vestir a noiva dele, lady Clara. Mas é claro que nada seria assim tão fácil para ela, que precisa manter seus negócios e suas clientes a salvo dos mexericos que surgem assim que ela volta a Londres.
Gente, que livro delicioso! A escrita de Loretta Chase nos mergulha no momento em que se passa a história sem dificuldades, e é fácil se ver no meio de plumas, sedas, rendas, chapéus e seja lá o que mais se vestia naquela época. Por mais que o livro contivesse inúmeras descrições sobre roupas e enfeites, o que eu achei que seria cansativo, isso na verdade só contribuiu para ambientar a história, mesmo porque a autora não perde tempo com firulas. E que mulher não gosta de imaginar aqueles vestidos lindos e imensos de um outro tempo?
"E havia mais aquela novidade: ele entendera o que a loja significava para ela. Em poucas semanas, o trabalho mudara de algo sem importância - na verdade, um alvo de desprezo - para isso. Ela havia lido, em romances, sobre pessoas que não conseguiam falar porque seus corações estavam repletos demais e sempre pensara: Não o meu negro coraçãozinho.
Mas, agora, ela também não conseguia falar, porque tudo aquilo era demais, o que quer que aquilo fosse."
Mas é claro que isso não foi nem de perto o melhor da história, e quase todos os aspectos que tornaram o livro tão agradável se relacionam com a composição dos personagens. Em primeiro lugar, a protagonista é surpreendente. Independente, dona de si, autoritária, ela foge totalmente dos padrões imaginados para uma mulher da época e isso torna o romance mais interessante, já que ela não se submete aos caprichos de ninguém, além dos seus próprios. Clevedon também é irresistível, metido como só um duque pode ser, mas com o coração enorme.
Isso sem falar nos personagens secundários. A relação que a autora criou entre Marcelline e as irmãs dá um toque à história, como se as três se completassem. Cada uma tem seu papel especial na loja, uma função que nenhuma das outras pode substituir, e isso fica nítido em cada capítulo. Há um elo indescritível entre elas e, particularmente, eu adoro relações familiares bem construídas. Há também Lucie, filha de Marcelline, que deu o toque divertido à história. A menina, além de ser uma fofa, é inteligente e parece uma cópia em miniatura da mãe.
"- O senhor não vai mais comprar presentes para minha filha.
- E por que a senhora acha que eu compraria?
- Porque ela é uma manipuladora atrevida, que sabe como convencer os homens a fazerem o que ela quer.
- Igualzinha à mãe - destacou ele"
E ainda tem lady Clara, que eu achei que seria a bruxa da história, porque é comum que os autores optem por criar rixas entre a protagonista e a "rival". Mas isso não acontece aqui, Clara é o total oposto, é meiga e doce, e se torna quase uma amiga de Marcelline. Durante boa parte da leitura eu pensei que ela merecia um livro próprio, e mais tarde descobri que o quarto livro da série terá Clara como protagonista.
O livro dá ainda uma breve introdução sobre o próximo volume, Escândalo de Cetim, já que é neste primeiro que Sophia, protagonista da segunda história, conhece Longmore.
Sedução da Seda me deu algo que eu nem sabia que precisava e eu espero logo ter outra oportunidade de ler mais livros do gênero. É claro que o livro trata de um romance bobo, é meio "mulherzinha" e nem busca debater assuntos mais sérios, mas se a intenção é uma boa distração, este é o livro perfeito.
site:
http://conjuntodaobra.blogspot.com.br/2016/07/seducao-da-seda-loretta-chase.html