O peso da gravata

O peso da gravata Menalton Braff




Resenhas - O peso da gravata


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Marcos Pinto 26/08/2016

Muito bom!
Até ler essa obra, desconhecia por completo Menalton Braff. Aliás, só dei uma chance para seu trabalho porque o autor já foi duas vezes finalista do Prêmio Jabuti, o que é um excelente feito. Ao terminar a obra, entendi o motivo das indicações e passei a ter apreço pelo trabalho do escritor. Afinal, transmitir intensidade e profundidade em um conto, que é uma narrativa bem mais curta, é tarefa árdua. Felizmente, Braff domina essa arte.

Devido à quantidade de contos da obra, torna-se impossível que se fale, detalhadamente, de cada um dos textos. Isso tornaria a resenha enfadonha e tiraria o sabor do descobrimento por parte do leitor. Então, deter-me-ei nos dois primeiros trabalhos, sendo o primeiro deles o que dá nome ao livro.

Em O Peso da Gravata, conhecemos um homem que se sente submergido pelo peso das suas responsabilidades e deveres, que pode ser representado perfeitamente pela sua gravata. Em um certo dia, a opressão das obrigações sociais é tamanha que ele resolve jogar tudo para o ar. O peso é desfeito e o espírito humano é liberto. O interessante e surpreendente é a forma que o protagonista faz isso.

“As três notas curtas e uma longa, da Quinta: torpedo. Gonçalo segura o volante com a mão esquerda, liberando a direita para ver que porra de mensagem é esta agora: não esquecer a recepção logo mais às cinco. Joga o aparelho no banco do carona e bate com a mão espalmada na testa: droga, droga, droga!” (p. 9).

O primeiro conto do livro abre a obra muito bem e é a promessa, cumprida, aliás, de um bom livro pela frente. Braff começa já com uma crítica social, mostrando o qual alienante é o peso das obrigações. Atualmente, as pessoas “sérias” são esmagadas até que desapareçam. Cabe a uns poucos corajosos quebrar esse julgo, cada um com a sua maneira. Uns criam um clube da luta; outros tomam uma atitude mais prática como a do nosso protagonista.

O segundo conto da obra, O Violinista, é um texto muito curto que narra o encontro de um crítico que reencontra um músico pelo qual possui enorme apreço. Contudo, tal músico, apesar do talento ímpar, tocava em um local onde o público não o apreciava e ainda o ignorava, o que cria uma revolta naquele que é fã e crítico de sua obra.

Neste segundo conto, conhecemos uma faceta totalmente diferente oposta de Braff. O autor deixa de lado um pouco a crítica mais ferrenha e se emprenha numa brincadeira com o impossível, com o quase sobrenatural. É um conto simples, aparentemente direto, mas que precisa de calma para ser entendido em todas as suas nuances. Se no primeiro conto o autor se mostra inteligente, é aqui que ele apresenta a criatividade que ganhará o leitor no decorrer da obra.

“Parei em sua frente, horrorizado com o que via, indignado com a crueldade do destino: o maior talento com que cruzei na vida submetido à indiferença de um público que não era o seu. Cravei-me no granito da escada numa tentativa desesperada de proteger meu amigo de corpos mais pesados, com seus ouvidos de arame farpado. Em alguns momentos, esqueci com os cotovelos as lições de boas maneiras” (p. 17).

Em O Peso da Gravata e Outros Contos, Braff brinca com o leitor e com as diversas possibilidades que o gênero conto permite. Tudo isso através de uma linguagem bem articulada e inteligente, sem perder a fluidez do texto. Os textos são criativos e mantêm um padrão de qualidade, fazendo com que o leitor aproveite bem a obra por completo.

Em relação a parte física, sobram também apenas elogios. A capa representa bem a ideia da obra, apesar de não ser completamente original. A diagramação interna, por sua vez, é um show à parte. A Primavera trabalhou bastante na parte gráfica, apresentando um trabalho editorial de alto nível, o mais bonito que eu já vi nas obras da editora. A revisão também está ótima, ajudando ainda mais no processo de leitura.

Em suma, apesar de O Peso da Gravata não ter sido o melhor livro de contos que eu já li, é uma obra inteligente, interessante e que demonstra todo o potencial do autor. Sem dúvidas, um livro que merece ser lido. Certamente, desbravarei outros trabalhos do autor.

“Ontem, depois de quatro anos, resolvi meu túmulo. Era noite e o cemitério, com seus ricos jazigos alternados com pobres sepulturas rasas, não me assustaram, apesar da hora” (p. 29).

site: http://www.desbravadordemundos.com.br/2016/08/resenha-o-peso-da-gravata.html
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Lina DC 05/06/2016

Esse livro é composto de 18 contos, com narrações que alternam entre primeira e terceira pessoa.
* "O peso da gravada" é o primeiro conto do livro e conta a história de Gonçalo, um homem que tem sua vida guiada através de sua agenda lotada de compromissos e ligações e mensagens em seu celular. Seu dia a dia é tão atribulado que ele esqueceu-se de viver e aproveitar; até que um dia ele resolve jogar tudo para o alto;
* "O violinista" é narrado em primeira pessoa sob a perspectiva de um crítico que reencontra Antenor Braga, um jovem spala talentosíssimo que está fazendo apresentações em um local onde não é apreciado;
* "Imperador de papel" é narrado em primeira pessoal por Teobaldo o diretor da peça teatral onde temos Pedro, ator que incorpora o Imperador da peça. Os dois vivem conversando sobre o que é ser um verdadeiro imperador até que Pedro recebe uma notícia terrível;
* "Quatro anos depois" é narrado em primeira pessoa e gira em torno de um espírito que vaga no cemitério e que precisa encarar a eternidade;
* "Na janela do velho sobrado" é narrado em terceira pessoa e gira em torno de Eliseu, um homem que encontra-se doente e tem um encontro sobrenatural;
* "Acerto de contas" é narrado em terceira pessoa e foca em Belmiro, um ex-presidiário que após sete anos longe da mulher e filho, prefere acertar as contas com os seus cúmplices;
* "Uma cara muito branca" é narrado em primeira pessoa e narra um encontro terrível com Átropos;
* "Arrastam-se os móveis" também é narrada em primeira pessoa e conta a aventura que é para o protagonista acordar e sair da cama;
* "A dona da casa" conta a história de Isaura, uma mulher divorciada que volta a morar com a mãe, uma mulher senil e violenta;
* "Atordoamento" é narrado em primeira pessoa por um "corpo" qualquer que teve um dia longo e se encontra em um ônibus e com um percurso ainda mais longo para percorrer para conseguir chegar em casa;
* "Nossa perna" é narrado em primeira pessoa e conta a história de um casal de idosos que passam suas tardes em um caramanchão, onde o marido relembra o passado;
* "Um corvo em cima do telhado" é a história de uma mulher relembrando o seu passado e tudo o que precisou realizar para criar a família;
*"Pela porta dos fundos" se passa nos bastidores de uma peça de teatro, onde um amor platônico é levado para outro nível;
* "O Enterro de Osmar Belmonte" é narrado em terceira pessoa e gira em torno de Letícia, a viúva e seus pensamentos durante o cortejo;
* "Vestido de Dor" é a história de duas irmãs que por causa da inveja separaram-se com o tempo, mas que precisam de um reencontro final;
* "Em família" conta a história de Lívia que nos seus últimos instantes tem seus segredos revelados e precisa do perdão;
* "Linha reta" conta a história de Nico e sua necessidade de ficar ao ar livre;
*"Jardim Europa" é o maior conto do livro. Narrado em terceira pessoa, a trama gira em torno do porteiro do condomínio Jardim Europa, o Sebastião e as suas observações sobre os moradores e aos acontecimentos fora desse local "seguro".
Cada história desperta uma sensação diferente no leitor: medo, carinho, alívio, dor, perdão, fé, amor e muito mais.
O trabalho editorial foi muito bem feito. Cada conto tem no início sua própria arte, o que enriquece ainda mais o livro.
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Fernanda 20/05/2016

O peso da gravata
Resenha no blog

site: http://www.segredosemlivros.com/2016/05/resenha-o-peso-da-gravata-menalton.html
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