Campos de Batalha

Campos de Batalha Garth Ennis




Resenhas - Campos de Batalha


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Paula1735 19/07/2020

Mulheres na guerra
Não se eu sou realmente muito fã do Garth Ennis (sempre gostei de tudo dele que li) ou se eu tenho uma tara por assuntos de guerra como ele kkkk, só sei que devorei essa HQ, gostei demais.
Nessa HQ temos compiladas duas histórias: na primeira, As bruxas da noite, temos a participação feminina no campo de batalha, onde um esquadrão feminino é enviado para fazer ataques aéreos, na ocasião vemos o preconceito e o machismo gritante presente, onde elas foram diminuídas e ofendidas, recebendo piores acomodações e até pior armamento e aviões para combater os alemães, mas que de toda forma se fizeram necessárias e importante, fazendo ataques aéreos noturno e prejudicando o inimigo. Na segunda, Querido Billy, temos a história de Carrie, uma enfermeira que é capturada pelos japoneses junto de outras compatriotas, onde todas são violentadas e assassinadas, entretanto, Carrie consegui sobreviver e é resgatada, se recuperando e voltando a atuar como enfermeira, ajudando no hospital onde foi tratada, lá ela conhece Billy e acabam desenvolvendo um relacionamento. O problema é que Carrie desenvolve um ódio eterno por todos os japoneses, mediante do trauma sofrido e a história se desenrola em torno disso... gostei mais da arte e cores da primeira história, em compensação achei o roteiro da segunda melhor, de toda forma, ambas são muito boas.

Ps.: Li e conheci pelo Kindle Unlimeted,mas já entrou para a lista das que quero ter na coleção, a edição da Mythos está caprichada, tanto para quem lê no formato digital, como para quem comprar essa linda HQ física.
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Estevão 14/05/2020

Dramas pessoais entrelaçados ao contexto da Segunda Guerra Mundial. Desenhos bonitos e histórias impactantes.
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Che 07/07/2017

NERDICE BELIGERANTE IRREGULAR
Entusiasmado pela qualidade surpreendente do roteiro de "Fury: My War is Gone", publicada (infelizmente só em terra gringa) pelo selo Marvel Max, decidi escarafunchar mais na faceta beligerante do irlandês Garth Ennis (da sensacional "Preacher"). Foi assim que cheguei a essa "Battlefields", série sobre guerra, publicada pela obscura editora Dynamite, a mesma para quem Ennis fez a elogiada "The Boys" (que ainda não li).

O roteiro desta vez é sem personagens 'medalhões' da cultura pop, até porque é uma editora nova (a Dynamite foi fundada em 2005). É dividida em 24 edições, com oito arcos de três edições. Cada um dos arcos funciona de modo completamente independente, embora o autor alterne entre figuras comuns nos batalhões russos e britânicos, mas há dois deles ("Querido Billy" e "Happy Valley") totalmente avulsos do resto. De modo que se você quiser ler os arcos individualmente, não tem problema nenhum.

Ennis é claramente um nerd das guerras e conflitos geopolíticos em geral (o que não é uma surpresa pra quem leu as aventuras de Nick Fury no Max), em especial da Segunda Guerra Mundial, da qual ele conhece batalhas e aspectos bem pouco divulgados pela cultura de massa, dentro ou fora dos quadrinhos. E foi um acerto dele decidir sair das batalhas mais famosas e jogar luzes nessas menos conhecidas. Como esperado, ele nunca se priva de humor negro (embora menos que de costume) e, claro, bastante violência gráfica.

As duas primeiras histórias são perfeitas, sem tirar nem pôr.

Ennis já começa arrebentando a boca do balão com o arco sobre a piloto Anna Kharkova, um esquadrão de bombardeio soviético composto exclusivamente por mulheres que foi apelidado pelos próprios alemães de 'Bruxas da Noite'. Eu já conhecia esse esquadrão e seu funcionamento, tenho imensa admiração por essas heroínas que foram lutar contra os fascistas junto com os homens e o modo como Ennis retratou é ótimo, com um final dramaticamente excelente, vários momentos memoráveis e tendo a esperteza (que infelizmente ele nunca mais teria no resto da série) de narrar também o lado dos alemães, sem se omitir sobre a violência devastadora deles em solo russo, mas também tendo pelo menos um personagem complexo pra balancear a narrativa e tirar dela o maniqueísmo. E tudo isso sem perder de vista os desejos e inseguranças da protagonista, retratada em tintas bem humanas.

O segundo arco, "Querido Billy", traz uma abordagem intimista, inesperada pra quem vinha do arco sobre as bruxas da noite, a respeito de uma enfermeira inglesa num hospital de Calcutá para soldados feridos, tentando a duras penas conviver com o trauma do estupro coletivo pelos soldados japoneses, segredo que ela guarda a sete chaves. O roteiro é em boa parte narrado em forma de carta confessional, endereçada para o único homem com quem ela conseguiu razoavelmente se abrir (o piloto do título), na qual seu ódio pelos nipônicos vai se revelando cada vez mais homicida. Tem um final arrebatador, chocante até, que o leitor vai amargamente prevendo onde vai dar nas últimas dez ou quinze páginas, sem passar a mão na cabecinha dos personagens e sem fugir das consequências irreversíveis da guerra, mesmo para figuras que não estiveram com armas em punho no front.

Pena que, depois desses dois arcos iniciais brilhantes, Ennis tenha ligado o 'piloto automático' e feito histórias irregulares, sem o roteiro mais trabalhado e surpreendente que caracterizou esse começo genial, muitas vezes sendo só palavrório sem ação para o autor exibir descritivamente sua nerdice sobre as batalhas menos conhecidas da guerra, defeito que também atrapalhou "Fury: Peacemaker".

O terceiro arco acompanha um monte de personagens bobinhos e sem sal de diferentes regiões da Grã-Bretanha, ainda que os momentos de ação e suspense sejam bons. Eles ainda voltam em mais dois arcos, um novamente contra os alemães e outro ("Além dos Verdes Campos", o roteiro mais raso da série e o que tem o desenho mais fraco) já na Guerra da Coreia, no qual eu torci descaradamente para chineses trucidarem aqueles personagens boçais que, além de representarem o avanço imperialista, eram chatos pra cacete.

O arco do piloto australiano também é só ok e fica meio deslocado dos outros, embora não chegue a soar invasivo na continuidade da leitura. Dá uma melhorada com o retorno de Anna Kharkova em "Pátria Mãe", porém cai num anticomunismo caricato, às vezes até infantil, no arco final, quando ela vai parar num gulag siberiano e Ennis quer nos convencer do quanto seria melhor ela ter se refugiado nos EUA! Essa cara-de-pau é particularmente notória porque, afinal, ela acabou se revelando mesmo irresponsável (o que destoa da personagem que era retratada nos arcos anteriores), de modo que a decisão dos altos oficiais de encarcerá-la se mostrou, afinal de contas, até justificável. Ainda assim, a história acaba sendo bem passável graças ao talento narrativo de Ennis e a arte satisfatória, apesar das incoerências na história.

A arte visual é feita por quatro desenhistas diferentes, a depender do batalhão que os roteiros mostram no vai e vem narrativo dos arcos escritos entre 2008 e 2013. No geral, o nível é bom e me satisfez, principalmente em Russell Braun (responsável por dar imagem às narrativas soviéticas). Não é nada de genial, mas é correto nas cenas de ação e discreto nos momentos em que pede mais intimismo, como no arco da enfermeira, desenhada pelo dinamarquês Peter Snejbjerg como uma sósia de Ingrid Bergman. O espanhol Carlos Ezquerra, que acompanha os britânicos, começa bem em "Tankies" mas vai caindo o nível, a ponto de que achei "Além dos Verdes Campos" o pior desenho da série, feito nas coxas e mal detalhado.

Evidentemente, é uma série pouco conhecida. Se for publicado integralmente no Brasil, vai demorar pra acontecer. A boa notícia é que já foi parcialmente publicada aqui pela editora Mythos, se bem me recordo no ano passado, contendo apenas justamente os dois primeiros e melhores arcos de "Battlefields", que são os que realmente importam. Como os arcos posteriores ficam muito aquém, recomendo pra quem puder ir atrás dessa edição da Mythos indepdente de prosseguir a leitura dos outros, principalmente quem se interessar pela história da guerra, incluindo aí professores que visem material para alunos, já que o conteúdo dessas duas narrativas iniciais (apesar da violência gráfica e conceitual) é bastante instrutivo sem soar didático.

NOTAS

Bruxas da Noite - ★ ★ ★ ★ ★

Querido Billy - ★ ★ ★ ★ ★

Tanques - ★ ★ ★ ½

Vale Feliz - ★ ★ ½

Sua Majestade e os Vaga-lumes - ★ ★ ★

Pátria Mãe - ★ ★ ★ ½

Além dos Verdes Campos - ★ ★

Queda e Ascensão de Anna Kharkova - ★ ★ ★
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Marc 21/12/2016

Uma frase muito conhecida diz que todos nascemos sozinhos, vivemos sozinhos e morremos sozinhos. Nossa solidão seria algo inerente e irrevogável. Mais ainda, os momentos em que não sentimos essa solidão, esse isolamento, entre amigos, família ou pessoas queridas, não passa de uma ilusão e suspensão temporária dessa condição. Acontece que existem, ao contrário, momentos em que essa solidão pode ser tão sentida, tão palpável que podemos nos sentir absolutamente isolados e sem esperança alguma de que possamos revogar essa “lei natural” sequer por alguns instantes.

Na primeira história dessa edição a personagem principal descobre que sua solidão pode ser mitigada pelo amor. E sou obrigado a citar a frase de Walter Benjamin em que a solidão não existe para nós quando sabemos que o amado (a) mesmo longe está sentindo a mesma coisa que nós. É com essa força que a personagem vai atravessando as atrocidades da guerra. O amor, lhe dá força, paradoxalmente, para espalhar dor e sofrimento nos alemães, inimigos da URSS. E poderíamos dizer que as atrocidades da guerra são tão absurdas e cruéis que até mesmo o amor se torna um catalisador para a destruição e a morte.

Na segunda história podemos ver o tema se repetir, embora seja até superior à primeira. E aqui falamos de um ato de violência tão grande que a personagem jamais pôde se sentir integrada à humanidade novamente.

Esses momentos extremos, que não precisam ser necessariamente a guerra, mas que envolvem escolhas e decisões difíceis podem explicitar justamente essa nossa solidão inerente. Mais do que histórias de guerra, temos aqui momentos chave que não vão acontecer sem provocar mudanças drásticas em cada um. A meu ver, a despeito do sucesso de Preacher, Justiceiro, Hitman, o grande talento de Garth Ennis está nas histórias de guerra. Quando se dedica a escrever histórias sérias sobre um evento tão paradigmático de nossa História, ele mostra que está mesmo no primeiro time dos grandes escritores. É uma edição cara, mas que merece ser lida e que venham as continuações.
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