Fernando Lafaiete 13/11/2017Discworld: A satirização da literatura fantástica!***Não possui spoiler do livro anterior***
Descobri a série Discworld fazendo uma pesquisa no Google sobre clássicos da literatura fantástica. Minha primeira impressão foi: Esta série deve ser muito boa. Este pensamento veio junto com a descoberta e com o seguinte questionamento: Ela tem mais de 40 livros publicados, embarco na leitura ou deixo pra lá? - Por sorte, resolvi dar uma chance e não me arrependo. A primeira coisa que vocês precisam ententer é: Vocês não precisam ler os 40 livros. A série é composta por 4 arcos que podem ser lidos separadamente sem a necessidade da leitura dos arcos anteriores. Ou podem ler na ordem de publicação se preferirem. Os dois primeiros livros de Discworld (A cor da Magia e A Luz Fantástica) formam uma duologia e na minha opinião é uma boa escolha para começarem a ler esta série incrível criada por Terry Pratchett.
Discworld é um mundo plano em forma de disco que está apoiado em 4 elefantes gigantes que se apoiam no casco de uma tartaruga ainda mais gigante (A Grande A'Tuin) que vaga pelo universo. Esta visão de mundo é baseada na mitologia Hindu e é um aspecto divertido, curioso e muito bem explorado pelo autor.
Em A Luz Fantástica, continuamos acompanhando nossos dois protagonistas. O mago Rincewind e o turista Duasflor. Os dois personagens em questão são extremamente engraçados e entregam ao leitor momentos bizarros, diálogos cheios de sarcasmos e atitudes inesperadas. Rincewind é o mago que não faz magia. Ele foi expulso da Universidade invisível da magia logo após abrir O Oitavo, o maior livro de magia de todos os tempos. Após esta atitude insana, um dos oito feitiços do livro escapa e acaba se alojando em seu cérebro. Duasflor é o turista... Um cara que aparece do nada na cidade Arkh-Morpork procurando um guia turístico. Ele possuí obviamente uma máquina fotográfica, uma mala que possui várias pernas e que age por conta própria e muito, muito dinheiro.
Neste segundo volume, já nos é apresentado um problema. A Grande Tartaruga está indo em direção a uma estrela. Para salvar o Discworld os magos da Universidade invisível precisam do oitavo feitiço que está com Rincewind. Começa então uma caçada, onde a caça é o mago atrapalhado Rincewind que se vê desesperado diante desta situação e por ser muito covarde, acaba achando a todo momento que vai morrer. Já Duasflor (que contrata o mago protagonista como guia turístico) acha tudo muito divertido e fica feliz de ter várias chances de tirar fotos e conhecer gente nova. Ele acha que tudo vai terminar bem no final e não importa o perigo que surja, o importante é tirar várias fotos para poder colocá-las no álbum depois. Afinal de contas, para um turista, é isso que importa não é?
Discworld é uma série cômica, trágica e reflexiva que satiriza o cotidiano e que não perde a chance de tirar sarro de autores como Tolkien e C. S Lewis. A série também apresenta vários personagens que são as representações cômicas de personagens clássicos da literatura fantástica. Em A Luz Fantástica, conhecemos Cohen, O Bárbaro. Ele é o maior herói do mundo e é famoso por ter chegado aos 90 anos na profissão mais perigosa de todas. Se você ainda não se ligou, ele é baseado no icônico Conan, O Bárbaro.
Os diálogos e ironia de Pratchett me lembraram e muito os diálogos e sarcasmos de Desventuras em série. A narrativa é muito frenética e milhares de coisas vão acontecendo uma atrás da outra. Se você piscar você perde alguma coisa. Vários personagens surgem e somem do nada e a história continua em uma velocidade surpreendente.
Os vilões são um problema. Os mesmos são genéricos demais e não acrescentam muita coisa. Se os vilões dos próximos livros serão melhores eu não sei, mas por enquanto os que eu já conheci, deixaram bastante a desejar.
A série Discworld está mais do que indicada. É muito boa e excelente pra quem quer algo que seja pura diversão pra ler. Os livros são curtos e os personagens são maravilhosos. E pra quem tem pavor de prolixidade e narrativa que se arrasta, esta série foi feita pra você. E pra quem assim como eu é apaixonado por fantasia, esta leitura se torna "obrigatória". A magia está em todo lugar e transborda das páginas. Discworld se tornou mais um lugar fictício que eu adoraria conhecer!