Tieta do Agreste

Tieta do Agreste Jorge Amado




Resenhas - Tieta do Agreste


141 encontrados | exibindo 46 a 61
4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10


Julhaodobem 12/09/2022

Mais um Amado
Quando peguei pela primeira vez um livro de Jorge amado em mãos nunca pensei que se tornaria uma leitura agradável e que me faria ter a vontade ler os outros livros do autor, uma vontade imensa de saber o que ele poderia criar, discutir ou relacionar com uma parte do Brasil que nós, paulistas estereotipamos até hoje. Ler Jorge amado nos mostra o quanto este homem marcou a historia da literatura contemporânea brasileira, sua forma de escrita, a forma com que fala dos personagens como se realmente eles existissem consegue transportar o leitor em um mundo que se sente parte das historias contadas por ele. A forma que o próprio autor participa da historia como um narrador consciente desse mundo e que faz parte dele só aumenta a forma que a literatura de Amado consegue colocar seu lugar na historia da cultura brasileira.

Até hoje existem pessoas que dizem que ler Jorge Amado é uma perda de tempo, "é uma completa putaria generalizada", "o cara só fala de 🤬 #$%!& ", "tem muita violência", "ele só coloca coisa de seita". Essas são as frases que ouvi enquanto conhecia a sua literatura, frases geralmente de pessoas brancas, inertes em um mundo de privilégios europeus que desconhecem a sua proporia nacionalidade, nem se dizem latinos e pagam a alma para o tio Sam. Sinto pena daqueles que negam a própria cultura e deixam as maravilhas do calor ardente do nordeste brasileiro para trás, com as historias de religiões afro brasileiras, a culinária baiana, a dor de órfãos lutando para sobreviver em uma cidade de cristos ou uma cidade presa no tempo onde belas mulheres andam, discussões politicas são colocadas e provam a mais alta experiência do que é sexo feito sem medo, sem preconceitos apenas procurando o prazer mais carnal e poderoso com uma vontade ardente.

Assim, é desta forma que começo falando do terceiro livro que li de Jorge Amado, Tieta do Agreste conta a historia da "pastora de cabras" Tieta, uma jovem garota de Santa Ana do Agreste que é expulsa do pai depois de fazer depravações nas praias do mangue seco, um lugar paradisíaco da cidade. Depois de 30 anos ela volta para Agreste para ver a sua família e tentar se reconectar com estas pessoas onde o único contato era uma mesada bem gorda para cada pessoa de seu sangue.

Podemos dizer que Tieta é a personagem principal do livro, mais uma vez uma protagonista feminina poderosa que tem uma força que inspira e causa pavor nos personagens. Diferente de dona flor em outra obra do autor ( Dona flor e seus dois maridos) aqui esta personagem já tem suas ideias independentes e poderes de fala logo no inicio que lutam contra o machismo e o preconceito por ser uma mulher pensante por si própria. Esta mulher é a personificação de uma mulher madura, consciente de seus problemas e não tem medo de abrir a sua boca para falar o que pensa, mesmo assim possui a falha da luxuria que todos os personagens do autor vivem, principalmente as mulheres, a vontade incansável ao sexo. Que até aqui para um leigo que nunca leu Amado possa entender como uma característica sem sentido e somente colocado pelo autor pela simples "Putaria", mas no fim entendemos que o sexo é basicamente uma vontade humana e natural em todo ser humano, uma forma de nos conectar novamente ao nosso estado primitivo.

O sexo é basicamente uma forma de prazer, uma vontade que já esta em nosso DNA, o que Jorge Amado faz por meio de Tieta e outros personagens neste livro é demonstrar isso mentalmente, com seus pensamentos, desejos e sonhos que não podem ter socialmente mostrados senão seriam julgados por conta de seus postos sociais. O que no fim é um espelho da nossa realidade, todos nos sentimos "tesão" em momentos inesperados e vontades de transar, e colocar isso em uma mulher desperta em nós leitores uma forma de reflexão, aqueles que acharem normais essa atitude entende que tanto a mulher como o homem podem sentir as mesmas coisas, agora se for contra, com certeza você terá ai dentro de seu subconsciente o puro e velho machismo colocado a prova, isto é uma sacada perfeita colocada pelo autor, e algo que muitos ainda não entendem, o uso do sexo como uma critica e também para normalizar certos atos carnais proibidos pelo patriarcalismo contemporâneo.

Junto com esta questão do que seria o sexo, a trama causa um embate humorístico e social com a religião católica, que como sabemos proibi qualquer ato carnal antes do casamento e vê o ato do coito como uma forma de apenas procriação e somente o pensamento de faze-lo como prazer já é um pecado. A personagem que personifica com mais rigor a religião autoritária no livro é a personagem Perpetua, a irmã mais velha de Tieta, como o próprio nome diz ela esta presa para sempre como uma forma de visão de mundo. Viúva e devota a Deus, Perpetua é a personagem que segue a risca todas a regras da igreja católica, até colocando seus filho no meio disso. A luxuria como inicialmente podemos pensar não existe para ela mas no fundo é uma força que nasce por conta de suas atitudes secretas de estar acima de todo mundo financeiramente a todos momento, se mostrando como a irmã controladora, mais inteligente e sensata, mas no fundo ela somente quer ser mais a poderosa do que todos, pois se não pode ter o prazer pelo menos terá o dinheiro, o gozo do capitalismo que promove objetos, poder e influencia politica na cidade. Portanto, acaba tornado essa dualidade entre religião e luxuria como uma das formas mais interessantes durante a historia pois esta presente na maioria dos personagens, por mais religiosos que sejam, secretamente cada um tem a sua forma de luxuria, seja sexual ou financeira.

Com todo esse turbilhão de características e culturas é de esperar que em um livro de Jorge Amado a cidade faça um papel importante, uma força viva e consciente , que reflita nas atitudes e vontades dos personagens. o Munícipio de Santa Ana do Agreste é mais um lugar que o autor faz crescer e respirar junto com os personagens. Diferente da Bahia de Dona Flor e seus dois maridos, Santa Ana é um lugar que parou no tempo, um lugar que parece que não seguiu os rumos do progresso do pais, decidindo ficar como uma cidade velha e cada vez mais esquecida, como aqueles lugares que nunca sabemos que existia no mapa, como Bacurau ou Analandia. Mesmo assim é uma cidade que explora caraterísticas do tempo do coronelismo, uma população que se conecta com a cultura, existe uma comunicação saudável mesmo com as manchas de um liberalismo autoritário, sem a industrialização, o tóxico som alto de carros e pessoas gritando nas ruas como em grandes metrópoles.

Quando o famigerado "progresso" chega a esse pequeno lugar é possível ver claramente uma critica não apenas ao sistema capitalista que vai direto apenas ao lucro mas também na própria politica e esse progresso industrial que é colocado até hoje como a única forma de evolução, tenha carros barulhentos, prédios grandes, faça lucro com tudo e qualquer coisa possível, importe objetos caros de outros lugares do mundo, Europa sempre é a favorita. Assim, resumidamente é a forma mais clara que permeia até hoje que a felicidade a forma de prosperar de um lugar é ser de asfalto, aço e lucrar a todo momento para ser feliz junto com belas regalias do capitalismo, ser caipira não paga bem as despesas. Fazendo assim uma referencia ao que vivemos hoje, a cultura do interior é feita de desprezo e sem emoção, agora um objeto cultural de outro pais é abraçado com muito amor pois terá um lucro, para aumentar as contas do banco no final do mês.

Por fim não tem como não comentar sobre a questão ambiental que é o ponto alto do livro com discussões do cotidiano que existem até hoje, com o nosso mundo a cada dia tendo seus dias contados por conta desse progresso que tanto políticos proclamam, mas no fim destroem um lugar histórico da natura para sempre. Em Tieta do agreste isto é discutido como um exemplo da paisagem natural que existe no Agreste, que alguns dizem tudo bem ser excluída do mapa, tudo pelo futuro da industrialização. Mas não enxergam que a longo prazo isso ira sucumbir a própria cidade em desgraça, apagar a cultura rica que existe ali e cada vez mais aumentar a poluição. Esta é uma parte da trama que gira em torno de todos os personagens e critica o próprio sistema erguido da industrialização brasileira, que não controla empresas estrangerias em seu próprio território, um fato que parece ser de um romance literário mas que existe na realidade do pais até hoje.

Tieta do Agreste foi um livro que posso ter demorado para terminar, uma mera consequência da vida de um bixo universitário, mas me deliciei em cada parte com mais uma historia de Jorge Amado. Um autor polêmico mas um romancista famoso em todo o território brasileiro, por demonstrar uma parte do nordeste com a cultura, a religião e o comportamento social de um povo em sua forma mais pura e entre quatro paredes, foi o que foi demonstrado nesse livro, agora com um toque mais politico e militante, com pequenos tons de humor e sátira pois é a forma mais poderosa de criticar um sistema dominante que controla o mundo.
comentários(0)comente



Lívia 07/09/2022

Sempre muito bom
Confesso que pensei em desistir em alguns momentos porque a narrativa me pareceu um pouco lenta. Nas últimas 100 páginas o ritmo aumentou e não consegui parar de ler.

A história é ótima, mas temos sempre que lembrar que se passar no interior da Bahia há muitas décadas, não podemos analisar a obra com os olhos de hoje

Jorge Amado é gênio e vou continuar a ler outros livros dele
comentários(0)comente



Nado 17/08/2022

Eu só conhecia Tieta pela novela. Foi um prazer maior e melhor conhecê-la pelo livro e como ela é ainda mais encantadora, forte e determinada. Perpétua é sem comentários, um dos personagens que mais amo odiar... ou odeio amar rs perfeita!
O livro fica meio lento um pouco depois da metade e parece que tudo é resolvido somente no final, dando ar de que é muito apressado. Mas nem por isso tira o brilho e encanto de toda a obra.
comentários(0)comente



Cissa Lobo 17/08/2022

É um verdadeiro Randevú
Comecei a ler Tieta depois que comecei a acompanhar a adaptação da Globo. Já adianto que entre elas, poucas semelhanças. O livro é bem arrastado, mas vai se apressando conforme os acontecimentos vão se desenrolando no agreste. Os personagens são muito caricatos e interessantes, fazendo a narrativa muito mais dinâmica. As interferências do autor do folhetim me cansaram um pouco e confesso que li muito rápido aquelas que eram de pura enrolação. Outra coisa que me incomodou um pouco foram os absurdos ocorridos durante o livro, porém tento relevar visto o contexto social da época que foi escrito e pela própria narrativa que quebra muitos tabus.
No geral, foi uma leitura boa. Jorge Amado não decepciona nunca!
comentários(0)comente



EvaíOliveira 14/08/2022

Publicado em 1977, Tieta do Agreste é um romance de Jorge Amado ambientado no litoral norte baiano nas localidades de Mangue Seco e na fictícia Sant’Ana do Agreste.
Sintetizando, Antonieta, uma adolescente namoradeira é denunciada a seu pai, Zé Esteves, por sua irmã, Perpétua, resultando em uma surra de cajado dada pelo pai que a expulsa de casa. Antonieta vai embora e retorna rica para Sant’Ana do Agreste após vinte e cinco anos.
Enquanto estava fora de Agreste, Tieta enviava frequentemente dinheiro para seu pai e suas irmãs, mas quando passaram algum tempo sem receber a carta com o dinheiro, suspeitaram que Tieta estivesse morta. Na verdade, ela estava viva e retornando a Agreste, acompanhada de sua suposta enteada.
Nas cartas enviadas de São Paulo, Tieta nunca informou seu endereço específico nem falou sobre sua vida, deixando sua família curiosa, mas quando retorna, apresenta alguns fatos sobre sua vida na cidade grande, e no final a máscara cai e é revelado quem realmente é Tieta.
No decorrer da história, percebe-se uma luta em prol do progresso de Sant’Ana do Agreste, como a instalação da energia elétrica, com a ajuda de Tieta que envia um telegrama para São Paulo e consegue a contemplação de Agreste com a energia da hidrelétrica de Paulo Afonso, chamada de luz de Tieta. Há ainda o caso da implantação de uma fábrica de dióxido de titânio nos coqueirais de Mangue Seco, o que preocupa uma parte da população do lugar pela questão da poluição provocada pela fábrica. Vale incluir também o caso de Tieta com o sobrinho, que foi destinado pela mãe a ser seminarista como pagamento de uma promessa.
O final da trama apresenta a chegada da fiação elétrica, a desistência da indústria de se instalar em Mangue Seco e a revelação da real vida de Tieta em São Paulo.
comentários(0)comente



Daubian 08/08/2022

Titânica
Tieta é um ótimo exemplo da literatura do Jorge Amado. Ele critica sabiamente o conservadorismo da sociedade ao mesmo tempo o frisson pelo progresso. A novela deu uma pacificada e uma comicidade meio demais, mas serviu de popularização. Tieta original chocaria muito hoje em dia, muito mais a sociedade baiana do século passado. O choque e a hipocrisia ainda segue por aí. O mundo não está pronto para ser iluminado pela luz de Tieta. Mas, para mim, o que mais me impressiona é o subtexto ecológico, contra a indústria de dióxido de Titânio. Minha família vem de uma região perto de Mangue Seco e fico imaginando o quão fácil o Brasil destrói essas maravilhas pela marcha do progresso. Mangue Seco é um paraíso. Quem o quer destruir não é a diabólica Tieta, mas as perversas beatas e a poluição titânica.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Michelle.Oliveira 02/07/2022

"De amor não se morre, se vive "
O livro narra a história de Tieta, uma menina formosa, atraente que iniciou sua vida sexual cedo e cercada pelo falso moralismo da irmã (penso que foi por inveja mesmo) denunciou ao pai, que por sua vez expulsou escandalosamente a filha de adolescente de casa. Mas não seus cheques que chegavam mensalmente.
Depois de alguns anos, ainda mais bela ("um belo pé de buc*t****, "segundo Bafo de bode), rica ( sabemos como ela enriqueceu) e viúva decide voltar a terra natal, junto com sua "enteada", onde é bem recebida por todos, principalmente pela sua irmã carola e pelo padre que tratada como santa, devido as gordas ofertas.
Só que ela se apaixona por seu sobrinho, puro, belo e virgem, o seminárista Ricardo de 17anos. Que cede a tentação e desencabaçado por sua tia? Ou ele será incorruptível e manterá seu cabaço intacto? Kkkkkk
Não pense que o livro é só isso em 1977, o Jorge Amado já colocava pautas ecológica no cenário literário. Além é claro de falar sobre a hipocrisia religiosa e política.
Não pense que o Jorge cede ao falso moralismo da época escrevendo para agradar aos olhos "sensíveis", ele nao tem medo de narrar cenas sexo com muito indecoro rsrsrsrsr Hoje em dia achariam ele bem afrontoso.
Não nego que trechos do livro incomodou e ainda bem que as épocas mudam e coisas sem nome, ganham nomeclatura e viram crime.
Enfim, não é meu livro preferido dele, continua sendo Capitães de Areia, mas não deixa de ser um livro com uma temática social gostosa de acompanhar.
comentários(0)comente



Aline Andrade 25/05/2022

Antonieta retorna após quase 30 anos para sua cidade natal Agreste. Rica, bonita e "viúva" de um comendador, todos a tratam como uma se fosse uma santa, inclusive sua irmã beata motivo pela qual teve de sair de Agreste depois de ser expulsa de casa pelo Pai, o seu dinheiro provoca amnésia em muitos e a pequena cidade, tranquila e sossegada é abalada pelo furacão tieta e tudo que advém de seu retorno. Existem diversas críticas nesta obra de Jorge Amado, o falso moralismo facilmente comprado quando se tem interesse próprio é o principal deles. Ótima obra!

Ps. Tive esperanças de um final feliz entre Nora e Ascânio.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Anderson 07/05/2022

Antonieta Esteves nasceu em Agreste, desde cedo, diferente da irmã, recatada e religiosa, Tieta sempre se interessou pelas tramas da paixão. Ainda menina, quando criança, cuidava das cabras do vizinho e ficava a olhar o bode Inácio com as cabras.

Aos 13 anos Tieta descobriu os prazeres do sexo e depois não parou mais, sendo descoberto pelo pai, um homem rígido, Tieta é expulsa de casa a pancadas e foge para São Paulo.

Em São Paulo Tieta se casa com comendador rico, com quem passa anos juntos, até a morte do ricaço que deixa sua fortuna à Antonieta. Viúva, Tieta resolve voltar a Agreste, para reencontrar o passado.
comentários(0)comente



William LGZ 26/03/2022

Não é perfeito, mas é maravilhoso!
Essa leitura foi definitivamente uma das que mais me entreteve nos últimos tempos e, embora certas questões e escolhas não tenham me agradado tanto, o saldo emocional foi extremamente positivo!

Cheio de personagens icônicos e tramas paralelas que não param no marasmo nem um instante sequer, me surpreende bastante como Jorge Amado consegue trazer tanto esmero e tanta realidade em suas páginas sem que nada fique cansativo ou entediante demais.

Eu me senti lendo uma história realmente 5/5 estrelas no seu decorrer, entretanto, após a conclusão e ao rever tudo mentalmente percebi que certos núcleos de personagens poderiam ter sido melhor explorados em decorrência de outros que se estenderam até demais (estou falando de vocês, Antunes!).

Mas os pontos negativos são pequenas besteiras em comparação aos positivos, e eu recomendo demais que todos leiam Tieta do Agreste! Também peço que embarquem de cabeça em sua época e cenário para assim poderem aproveitar melhor sua narrativa sem pesar tanto suas questões mais polêmicas nos dias atuais.

Enfim, é um "livraço"!
comentários(0)comente



Gabi 25/03/2022

Meu primeiro contato com Jorge Amado e eu me rendi totalmente à escrita dele! É um livro grande e por vezes achei a leitura um pouco maçante, talvez até enrolada, mas mesmo assim não deixa de ser uma obra que aborda assuntos cotidianos, mas que mesmo assim são pouco falados ou abordados em livros, e isso só me deixou mais apaixonada ainda por esse livro
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



141 encontrados | exibindo 46 a 61
4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR