O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados

O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados Terry Pratchett




Resenhas - O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados


22 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Tito 20/08/2010

Uma fábula deliciosa e nada tola sobre ratos e homens. E um gato.
comentários(0)comente



T. Ururahy 23/04/2012

Uma história infantil muito adulta
Terence David John Pratchett, nascido na Inglaterra em 1948, é o autor do espetacular “O Fabuloso Maurício e Seus Roedores Letrados”. Se Fantasia Urbana é pouco para definir o estilo do autor, mais difícil ainda é ignorar o fato de seus textos serem atemporais, de uma inteligência sutil e agradável e, principalmente, cheios de camadas.

“Como disse o Fabuloso Maurício, era apenas uma história sobre pessoas e ratos. E a parte difícil era diferenciar as pessoas dos ratos.”

Parece que ultimamente eu tenho lido muitas coisas sobre ratos (rs), mas não se precipite, os ratos de Pratchett não tem nada a ver com os ratos de China Miéville. Principalmente pelo fato de serem humanos. Muito humanos. Mais humanos do que… os humanos.

Você já usou quantas vezes a frase “desde que me conheço por gente” na sua vida? E já parou para pensar quando é esse momento exato e tão marcante? Para o gato Maurício e um grupo muito especial de ratos, esse foi o momento em que eles passaram a ler, escrever e, acima de tudo, pensar. E é dessa forma que a obra começa: apresentando um gato falante e pensante que lidera um grupo de ratos tão falantes e tão pensantes quanto Maurício, viajando de cidade em cidade na companhia de um garoto pra lá de apático (não é por menos que é chamado de garoto-com-cara-de-bobo) e pregando peças nas cidades para arrancar dinheiro deles.

Uma história infantil, certo? Sim. E não.

“O Fabuloso Maurício…” é um livro de linguagem simples, corrida e facilmente digerível para o público infanto-juvenil. Agrega valor ao apresentar obstáculos lúdicos construídos de forma maravilhosa, cena a cena, mesmo nos momentos de tensão psicológica. Acrescento aos comentários o fato da obra lidar com questões como perda, morte e abandono de forma intensa, mas não agressiva. Eu comparo a linguagem lúdica utilizada por Terry Pratchett à parábolas/passagens religiosas, como no budismo, no momento em que o príncipe Sidharta sai do castelo e se depara com as mazelas do mundo.

Inclusive, analisando bem, “O Fabuloso Maurício…” é um livro exatamente sobre a perda da inocência e a necessidade de encarar as mudanças. No caso, as mudanças são bruscas e complexas: um grupo de ratos que viveu até então apenas seguindo instintos e comendo lixo, mas que do dia para a noite passam a pensar e tomar decisões e perceberem o quanto são superiores aos ratos que permaneceram sendo apenas… bem, ratos. E a sutileza e beleza com que o autor trabalha esses conceitos são tamanhas que o grupo ainda mantém algumas características “tolas”, como acreditar que o livro “O sr. Coelho Vive uma Aventura” (um clássico infantil) realmente reflete o mundo dos homens, ou um lugar para onde todos irão para serem felizes.

Qualquer semelhança com as descobertas infantis dos humanos não tem NADA de coincidência. Esqueça o clima tenso (no sentido dark do negócio). Essa é uma obra para ser degustada (e analisada) com um sorriso no rosto.

Os personagens são o ponto alto. Nenhum destoa. Cada qual com sua função na estrutura do enredo. Eu particularmente fiquei encantado com a menina Malícia Grima (achou estranho? É um dos nomes mais normais do livro), que funciona como contraponto à sobriedade de pensamento de Maurício e exerce algumas funções metalinguísticas muito inteligentes e bem escritas. A menina que vive uma eterna aventura.

Terry Pratchett é conhecido por seu humor cáustico e irônico. Em “O Fabuloso Maurício…” essa característica é menos explícita, principalmente pelos conceitos trabalhados pelo autor. A linguagem, no entanto, é de fazer qualquer marmanjo refletir sobre o sentido da vida, oportunidades e a aceitação de mudanças. Aliás, como lidar com as mudanças? Esse é o mote central de uma história construída de forma tão lúdica e mágica, que pode passar despercebida por muito leitor antigo de carteirinha.

Como eu disse no início, o livro é cheio de camadas, daquele tipo de literatura que vai agradar ao leitor de uma forma na infância (ratinhos falantes e suas peripécias), de outra na juventude (transformações e momentos de tomar decisões) e da maneira mais completa possível na fase adulta.

Leitura mais do que indicada. O livro foi lançado pela Editora Conrad.

“Bronzeado Intenso cravou a sua espada na lama. Os ratos veteranos se reuniram em volta dele, mas o conceito de veterano tinha mudado. Entre os ratos mais velhos havia também mais novos, cada qual com uma marca vermelha na cabeça, e eles seguiam para a frente de batalha.”
comentários(0)comente



Andreia Santana 16/10/2011

O que aprendi com os ratos de Terry Pratchett
As quase 250 páginas do livro infanto-juvenil O fabuloso Maurício e seus roedores letrados, do escritor Terry Pratchett, me ensinaram que ratos podem ser mais humanos que gente. Parece lugar comum iniciar uma resenha de forma tão pouco impactante, mas a intenção do autor é mostrar o quanto o ser humano pode ser a mais cruel das criaturas, principalmente com outras criaturas menores que ele. Até aí nenhuma novidade, diversos escritores já fizeram isso, inclusive aqueles que escrevem para adultos, e com grande eficiência.

A história do livro é a seguinte: O gato Maurício e um grupo de ratos comuns, “ordinários”, que viviam em um monte de lixo, comem substâncias tóxicas, sobras do caldeirão de bruxos e outras coisas inomináveis que só o ser humano é capaz de descartar na natureza. De repente, se veem capazes de pensar, falar e sentir na tradução mais ampla da palavra. Sentir como os humanos sentem, ou melhor, sentir como os humanos deveriam sentir. Diante dos novos poderes e tendo vivido nas ruas e visto de perto o que são as pessoas, como se comportam umas com as outras e que tipo de esquema armam para levar vantagem sobre seus semelhantes, Maurício convence os ratos, auto-denominados Clã dos Mutantes ou Ratos Letrados, a criarem um simulacro do Flautista de Hamlin.

Encontram um garoto-com-cara-de-bobo, órfão sem eira nem beira como eles próprios, e juntos partem para cidades onde a intenção é tirar dos ricos (do governo) e dar aos pobres (nesse caso, Maurício, o garoto e os ratos). Os roedores invadem, fazem a maior bagunça, o garoto toca a flauta e eles saem da cidade. O gato recebe o pagamento, já pensando na aposentadoria e nas velhinhas que irão enchê-lo de leite morno. O plano funciona bem até chegarem a uma cidadezinha perdida no mapa dos países sem nome da ficção e descobrirem que em matéria de pequenas – e grandes – trapaças, ninguém supera o bicho homem...

A sinopse fica por aqui. Quem quiser saber como acaba, corra até a livraria mais próxima e compre o livro com a desculpa de que é para o sobrinho ou filho caçula. Os corajosos podem comprar para si mesmos, vale a pena.

O que aprendi com os ratos de Terry Pratchett é o seguinte: acredito que os ratos de esgoto que infestam as cidades, fruto da própria desorganização da humanidade e da sua produção desenfreada de lixo, não sejam tão simpáticos quanto os ratos letrados da história infantil. Peste bubônica e leptospirose não são resfriados comuns. Mas, não seriam os roedores apenas o simulacro daquilo que nós, que vivemos na superfície, somos de fato? Seres dispostos a tudo para sobreviver? Até devorar a si mesmos? Pois é, ratos famintos comem ratos. Humanos ambiciosos “comem” humanos. E assim, as duas espécies vão trilhando seu caminho neste mundo. Os ratos letrados desenvolvem a consciência e com ela algo que a humanidade esqueceu: solidariedade. “Nenhum rato deve comer outro rato”. “Ratos não deixam outros ratos para trás”. Na cidadezinha afundada nos pequenos truques sórdidos que vizinhos armam contra vizinhos, é dos ratos que vem a lição para reconduzir o ser humano à sua humanidade perdida.

Para quem gosta de citação, algumas frases do livro:

"Onde há humanos, há ratos” (Fiambre Suíno, líder do clã dos ratos mutantes)

“A vida é real, a vida é prática, e a vida pode ser tirada muito depressa se você não estiver prestando atenção…” (Bronzeado Intenso, rato chefe da divisão dos desarmadores de ratoeiras)

“É isso o que o pensamento faz com você: mete você em encrencas. Mesmo sabendo que as outras pessoas são capazes de pensar sozinhas, você começa a pensar por elas também.” (Maurício, gato sócio dos ratos letrados)

“Se você não transforma a sua vida em história simplesmente se torna parte da história de outra pessoa”. (Malícia, menina devoradora de livros)

“Maurício diz que governos são criminosos muito perigosos que roubam dinheiro das pessoas” (Pêssegos, rata escriba do clã dos mutantes)
Marina Avila 01/05/2010minha estante
Fantástica resenha, Violet!


Andreia Santana 20/06/2010minha estante
Obrigada, Marina. Abraços


Vismael 19/04/2013minha estante
Excelente resenha. Eu lembro q parei de ler e fechei o livro por instantes quando Malícia diz "se você não transforma sua vida em história, simplesmente se torna parte da história de outra pessoa"

Claro que ao mesmo tempo que somos os protagonistas da nossa história, somos secundários nas vidas de outros e até mesmo figurantes! rsrsrs

Mas como tem gente por aí q é apenas um figurante ou elenco de apoio na vida das outras pessoas e não consegue ser a figura principal da sua própria história!




Coruja 07/02/2013

Esse livro faz parte da série de títulos infantis dentro do mundo de Discworld, no mesmo estilo dos que trazem Tiffany Aching como protagonista – sendo, salvo engano, o primeiro do gênero que Pratchett escreveu em seu mundo fantástico e surreal.

A história dialoga com o conhecido conto do flautista de Hamelin – cidades tomadas por ratos, aparece um flautista que se compromete a livrá-la deles, a cidade não paga o serviço e as crianças são levadas embora, sumindo dentro da montanha (há um uso genial dessa lenda em The Search for The Red Dragon, do James Owen, ligando o flautista a Peter Pan e abrindo um inteiro mundo de deliciosas possibilidades...).

O plot de Pratchett é um pouquinho mais complicado. Só um pouquinho, veja bem: por conseqüência do acúmulo de magia junto da Universidade Invisível, coisas como você ir dormir como um gato vira-lata preocupado apenas com a próxima refeição e acordar no dia seguinte perguntando-se o sentido da vida, do Universo e tudo o mais (e falando como um humano) são bastante comuns.

Não apenas o gato, veja bem – ainda que Maurício, com seus planos, maquinações e truques possa equivaler a uma inteira quadrilha de malandros meliantes – mas também os ratos.

Juntam-se Maurício, os ratos e um garoto sem ninguém no mundo para servir de mediador (afinal, ninguém vai querer negociar com Maurício ou os ratos... se qualquer deles abrir a boca, a probabilidade é que se acendam fogueiras e perguntas sejam dolorosamente feitas) e eis a receita para o golpe do flautista.

Claro que estamos falando de Pratchett, e Pratchett nunca está feliz com uma única linha narrativa, por mais complicada que ela seja sozinha – há inúmeros outros subplots que vão desde a eterna busca pelo seu lugar no mundo às questões éticas que surgem quando você se defronta com a possibilidade de que seu jantar possa responder se você falar algo, bem ainda como à construção de uma identidade cultural e o nascimento da religião frente à súbita aquisição de consciência.

Tudo isso num livro supostamente infantil, bem pouco politicamente correto, em que os heróis são aqueles que estão à margem de qualquer pensamento de heroicidade – sujos, abandonados, esquecidos, mas aqui, centrais, importantes.

Um livro perfeito para dar às crianças e deixar que elas façam perguntas e também cheguem a conclusões. É assim que os Ratos aprendem. É assim que o homem aprendeu. O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados é, enfim, Pratchett em sua melhor forma, divertido, incrivelmente inteligente e questionador.

(resenha originalmente postada em www.owlsroof.blogspot.com)
comentários(0)comente



Marcelon 05/02/2009

Leitura divertida garantida
Maurício é um daqueles personagens gostosos que se acham o máximo, mas na verdade são mais complexos do que gostam de aparentar. Destaque para a seleção de nomes dos Roedores Letrados. Imperdível.
comentários(0)comente



Tayla Olandim 08/07/2010

Sobre O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados
“Você já imaginou um rato fazendo um shows de sapateado? Ou um rato especialista em desarmar ratoeiras? E um gato que fala e controla um grupo de ratos letrados? E se todos eles quisessem fazer parte da nossa sociedade, competindo de igual para igual com os seres humanos? Sim, isso é possível. Pelo menos no mundo mágico de Terry Pratchett.”

*

“Como disse o Fabuloso Maurício, era apenas uma história sobre pessoas e ratos.”

Em Fabuloso Maurício e Seus Roedores Letrados, Maurício, um gato falante e muito esperto, manipula um grupo de ratos inteligentes e um menino flautista a saírem pelo mundo aplicando um engenhoso golpe: os ratos invadem a cidade, fuçam em tudo, assustam donas de casa e crianças e, ocasionalmente, podem até sapatear no armário da cozinha e tomar um banho em sua banheira. Quando todos já estão desesperados e os caçadores de ratos não conseguem acabar com a praga eis que aparece o menino flautista. Por módicos trinta dólares ele livra qualquer cidade da praga de ratos.

Eles continuam aplicando este golpe até chegar a uma cidadezinha. Os ratos se infiltram na cidade, mas algo esta errado. Os caçadores de rato não são o que parecem ser e em meio aos porões da cidade eles vão descobrir algo muito mais macabro do que ratoeiras e venenos.

“E a parte difícil era diferenciar as pessoas dos ratos.”

A história é muito bem escrita, os personagens são interessantes e o final que casou muito bem, mas as diversas camadas contidas na narrativa são o que dão um gostinho especial ao livro.

“É estranho – comentou Pêssegos -, mas nós não sabíamos que as sombras estavam lá, até termos a luz.”

O grupo dos ratos, o Clã, acabou de receber o dom da fala e do pensar e está começando a descobrir o que são capazes de fazer com isso. Dúvidas que nunca tiveram quando “ratos comuns” estão surgindo em suas mentes agora: Quem sou eu? O que é isso que me faz sonhar? Existe um Grande Rato? Qual é a razão de fazer isso ou aquilo?

Entre eles está Perigoso Feijão, um ratinho albino, quase cego. Perigoso Feijão passa a maior parte do tempo refletindo sobre estas questões e tentando orientar o resto do Clã. Por outro lado está Fiambre Suíno, o velho líder, que não compreende a mente dos mais jovens e não consegue acompanhar as mudanças que o Pensar propiciou aos ratos. E, entre os dois, está Bronzeado Intenso, o capitão dos desmontadores de ratoeiras, que não consegue compreender tudo que Perigoso Feijão fala e ainda está preso a alguns dos velhos costumes dos ratos, mas ao mesmo tempo vê o valor da mudança.

Com a interação entre estes três personagens Pratchett consegue refletir e discutir sobre a nossa sociedade e mostrar que ninguém está inteiramente certo ou errado, que é necessário um equilíbrio.

“Mas Malícia Grima disse que era uma história sobre histórias.”

A intertextualidade também está presente no livro. Através dos personagens, em especial uma menina viciada em histórias, Pratchett mixa diversas lendas como o Gato de Botas, o Quebra-Nozes, O Flautista de Hamelin e até uma homenagem aos irmãos Grimm! Este mix é muito bem empregado e sem que nada fique parecendo forçado e falso.

Eu não tinha lido muitas coisas escritas pelo Terry Pratchett. Na realidade li somente Good Omens que foi escrito junto com Neil Gaiman. Mas eu gostei tanto de Maurício que vou dar uma fuçada e tentar achar mais livros dele (uma vez que a Conrad não parece dar nem sinal de querer republicar a série Discworld, a saída é comprar no amazon…). Ganhou uma leitora. Foi uma ótima experiência!
comentários(0)comente



Maria Laura Chaves 07/12/2021

O livro se baseia no conto do flautista rateiro porém não é mais do mesmo. Ele nos mostra os bastidores dessa história onde o flautista é apenas o coadjuvante e os personagens principais são os ratos.
Tudo isso orquestrado por um gato, que por sua natureza já é escorregadio e trambiqueiro.
Uma história divertida porém deixa de ser totalmente infantil devido ao seu peso no tratamento das relações humanas e da própria hierarquia do clã dos ratos.

Digo com propriedade que Maurício é um otimo nome para se dar aos gatos.
comentários(0)comente



CooltureNews 16/08/2011

Por: Thiago Ururahy
Postada no www.CooltureNews.com.br

Terence David John Pratchett, nascido na Inglaterra em 1948, é o autor do espetacular “O Fabuloso Maurício e Seus Roedores Letrados”. Se Fantasia Urbana é pouco para definir o estilo do autor, mais difícil ainda é ignorar o fato de seus textos serem atemporais, de uma inteligência sutil e agradável e, principalmente, cheios de camadas.

“Como disse o Fabuloso Maurício, era apenas uma história sobre pessoas e ratos. E a parte difícil era diferenciar as pessoas dos ratos.”

Parece que ultimamente eu tenho lido muitas coisas sobre ratos (rs), mas não se precipite, os ratos de Pratchett não tem nada a ver com os ratos de China Miéville. Principalmente pelo fato de serem humanos. Muito humanos. Mais humanos do que… os humanos.

Você já usou quantas vezes a frase “desde que me conheço por gente” na sua vida? E já parou para pensar quando é esse momento exato e tão marcante? Para o gato Maurício e um grupo muito especial de ratos, esse foi o momento em que eles passaram a ler, escrever e, acima de tudo, pensar. E é dessa forma que a obra começa: apresentando um gato falante e pensante que lidera um grupo de ratos tão falantes e tão pensantes quanto Maurício, viajando de cidade em cidade na companhia de um garoto pra lá de apático (não é por menos que é chamado de garoto-com-cara-de-bobo) e pregando peças nas cidades para arrancar dinheiro deles.

Uma história infantil, certo? Sim. E não.

“O Fabuloso Maurício…” é um livro de linguagem simples, corrida e facilmente digerível para o público infanto-juvenil. Agrega valor ao apresentar obstáculos lúdicos construídos de forma maravilhosa, cena a cena, mesmo nos momentos de tensão psicológica. Acrescento aos comentários o fato da obra lidar com questões como perda, morte e abandono de forma intensa, mas não agressiva. Eu comparo a linguagem lúdica utilizada por Terry Pratchett à parábolas/passagens religiosas, como no budismo, no momento em que o príncipe Sidharta sai do castelo e se depara com as mazelas do mundo.

Inclusive, analisando bem, “O Fabuloso Maurício…” é um livro exatamente sobre a perda da inocência e a necessidade de encarar as mudanças. No caso, as mudanças são bruscas e complexas: um grupo de ratos que viveu até então apenas seguindo instintos e comendo lixo, mas que do dia para a noite passam a pensar e tomar decisões e perceberem o quanto são superiores aos ratos que permaneceram sendo apenas… bem, ratos. E a sutileza e beleza com que o autor trabalha esses conceitos são tamanhas que o grupo ainda mantém algumas características “tolas”, como acreditar que o livro “O sr. Coelho Vive uma Aventura” (um clássico infantil) realmente reflete o mundo dos homens, ou um lugar para onde todos irão para serem felizes.

Qualquer semelhança com as descobertas infantis dos humanos não tem NADA de coincidência. Esqueça o clima tenso (no sentido dark do negócio). Essa é uma obra para ser degustada (e analisada) com um sorriso no rosto.

Os personagens são o ponto alto. Nenhum destoa. Cada qual com sua função na estrutura do enredo. Eu particularmente fiquei encantado com a menina Malícia Grima (achou estranho? É um dos nomes mais normais do livro), que funciona como contraponto à sobriedade de pensamento de Maurício e exerce algumas funções metalinguísticas muito inteligentes e bem escritas. A menina que vive uma eterna aventura.

Terry Pratchett é conhecido por seu humor cáustico e irônico. Em “O Fabuloso Maurício…” essa característica é menos explícita, principalmente pelos conceitos trabalhados pelo autor. A linguagem, no entanto, é de fazer qualquer marmanjo refletir sobre o sentido da vida, oportunidades e a aceitação de mudanças. Aliás, como lidar com as mudanças? Esse é o mote central de uma história construída de forma tão lúdica e mágica, que pode passar despercebida por muito leitor antigo de carteirinha.

Como eu disse no início, o livro é cheio de camadas, daquele tipo de literatura que vai agradar ao leitor de uma forma na infância (ratinhos falantes e suas peripécias), de outra na juventude (transformações e momentos de tomar decisões) e da maneira mais completa possível na fase adulta.

Leitura mais do que indicada. O livro foi lançado pela Editora Conrad.

“Bronzeado Intenso cravou a sua espada na lama. Os ratos veteranos se reuniram em volta dele, mas o conceito de veterano tinha mudado. Entre os ratos mais velhos havia também mais novos, cada qual com uma marca vermelha na cabeça, e eles seguiam para a frente de batalha.”
comentários(0)comente



Mih 15/04/2019

O Fabuloso Maurici e Seus Roedores Letrados
Esse livro do Maurício e sua turma foi uma delícia de ler, narrativa incrível, super bem construída, que foi mantida até o final, que me fez devorar o livro.

Tinha humor fantástico, criticas mascaradas que ficam ali latentes e subentendidas, uma ironia rebuscada e um ar dramático, em algumas partes visceral.

Nem precisa falar da criatividade incrível em cada detalhe. E os nomes das personagens que me rendeu boas risadas.

Perigoso Feijão,

Pêssegos

Fiambre Suíno

Bronzeado Intenso

Economia Real,

Tóxico

Nutriente

Malicia...

Um livro dual contado a partir de uma fabula, com humor em um mundo fantasioso, pode dar a impressão de um livro infantil é isso é um completo engano. Um paradoxo incrível que surge quando começa a haver o questionamento dos personagens sobre o que seria ético, que leva a discussão de mudança de comportamento.
comentários(0)comente



Kymhy 27/04/2018

O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados - Terry Pratchett
Maurício é um gato especial que, junto com sua trupe de ratos inteligentes, vive aplicando golpes nas cidades. Porém complicações na sua última empreitada mostrarão que a mentira tem perna bem curta.

site: https://gatoletrado.com.br/site/resenha-o-fabuloso-mauricio-e-seus-roedores-letrados-terry-pratchett/
comentários(0)comente



Gláucia 21/05/2017

O Fabuloso Maurício e seus Roedores Letrados - Terry Pratchett
Em seus livros o autor utiliza o mundo da fantasia para abordar temas de nosso mundinho real, fazendo sua crítica através do seu refinado senso de humor. Seus livros sempre fazem rir (muito) e pensar. Aqui ele fala de guerra e ética. Está catalogado como infanto-juvenil mas não acho que seja. Não que crianças não devam ler mas os adultos vão enxergar muito além da fabulazinha contida aqui.
A base da história é famosa fábula do flautista de Hamelin que foi contratado para afastar os ratos de uma cidadezinha, levou um calote e resolveu se vingar. Na história de Pratchett o gato Maurício e alguns ratos sofreram uma mutação e se transformaram em seres inteligentes, pensantes e falantes. Contratam um flautista, o garoto-com-cara-de-bobo e vão de cidade em cidade infestando-as com os ratos letrados e oferecem seus serviços para levá-los embora. Maurício é o líder, cínico e astuto. E os ratos são verdadeiras gracinhas: Pêssegos, Bronzeado Intenso, Perigosos Feijões, Sardinhas, Nutriente, Fiambre Suíno. Os nomes foram escolhidos de latas que foram achadas pelo caminho antes deles saberem seu significado.
Tudo vai bem até que eles vão parar numa cidade onde existem caçadores de ratos tão golpistas quanto eles. E aparece Malícia, uma menina que parece fazer uma referência à Felicia de Acme.
Um dos pontos altos, uma deliciosa surpresa foi a breve participação do querido personagem Morte da série Discworld em que ele tem um dos 7 encontros com o gato Maurício.
Para ler, reler, se deliciar, rir, refletir.
Marta Skoober 21/05/2017minha estante
Adorei a resenha, Gláucia!


Gláucia 21/05/2017minha estante
Obrigada Marta. Que livro delicioso!




spoiler visualizar
comentários(0)comente



Marilda 05/08/2010

genial!
comentários(0)comente



Suellen 18/05/2012

Terry Pratchett é genial!!!
Sabe aquele livro que você pega e não quer parar de ler e que a medida em que vai lendo vai achando que o autor é simplesmente genial.
Este livro é assim.
Terry Pratchett é genial!!!
Cada referência que faz ao nos contar histórias que conhecemos de alguma versão em livro ou cinematográfica é genial.
Cada composição de personagem que faz com que nos apaixonemos pelos trejeitos e sutileza de cada um é genial.
Cada história com sua amarração e referencias de história, mito, lenda, bíblica, filosófica é genial.
E para completar tudo isso com toques de humor, ação, suspense e aventura.
Por enquanto só li este livro de Terry Pratchett, mas enfim não me canso de dizer: Terry Pratchett é genial!!!
comentários(0)comente



PC_ 06/04/2013

pc
fábula sobre ratos, homens e um gato.
frases bem elaboradas, uma boa dinâmica de história, um texto que tangencia vários assuntos como surgimento da consciência,das religiões, etc... o livro pode agradar tanto ao público infanto juvenil quanto ao adulto.
recomenda-se a leitura para quem gosta de uma boa fábula.
comentários(0)comente



22 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR