Naty__ 26/06/2016Perfeitamente Harlan...E se você descobrisse que foi enganado por alguém que você ama?
Harlan Coben, venha cá, vamos conversar! Como você faz isso com os seus leitores? Explique-nos como você consegue colocar sorrisos em nossa face, em seguida brotar lágrimas; como você tem a capacidade de nos tirar o sono, o cansaço, a fome. Sim, a fome! Deixei de almoçar para matar a terrível curiosidade proporcionada com essa leitura. O que é isso? Uma fórmula mágica?
É difícil iniciar a resenha de Não fale com estranhos sem deixar claro uma coisa: nada, absolutamente nada do que eu disser aqui será suficiente para demonstrar a magnificência que é essa obra. A resenha não será o bastante para expressar o sentimento que essa leitura me proporcionou. Então, leitores, tudo o que eu disser aqui vocês podem multiplicar pelo número que quiserem, ainda não será o bastante. Exagero meu? Então façam o teste e adquiram o livro! Eu não serei a única.
“- Você não precisava ter voltado”
Um advogado e um estranho. Duas vidas que pareciam não terem nada em comum, até que esse sujeito aparece no caminho de Adam e diz essa impactante frase. Lugar errado e com a pessoa errada. A consequência disso foi uma grande revelação capaz de mudar o relacionamento de Adam e Corinne. O que será que esse anônimo tinha a revelar?
O estranho começa a falar com o advogado como se o conhecesse há anos, porém, Adam não. Percebendo o bloqueio, o sujeito revela que Corinne mentiu para o esposo desde o início do casamento. Vendo que ele não estava acreditando, o anônimo pede para Adam procurar um débito em nome de Novelty Funsy na fatura do cartão de crédito.
Uma mentira pode mudar tudo, inclusive uma vida
É difícil desacreditar quando realmente tem o mencionado na fatura, mesmo que seja por um desconhecido. Como Adam conseguiu ser enganado durante tantos anos? Qual o motivo de tudo isso? É o que o protagonista precisa descobrir e, para isso, ele não medirá esforço algum. O que fazer quando poucas palavras são capazes de destruir um mundo?
Se o livro é impactante? Isso é pouco. Harlan consegue roubar a cena, nos tirar da zona de conforto, do trabalho, dos estudos. Nos arrasta para a sua obra e não interessa se você tem algo útil a fazer, o importante é a história. A sua história. O mundo ao redor parece parar, o leitor só quer devorar cada página.
Tudo pode ser o fim, inclusive o início
É difícil não desejar o fim, porém, quando ele chega, a vontade é que não tivesse acabado. Quando finalizei o livro, a saudade foi forte o bastante para querer mais. Não é apenas uma obra de suspense que nos deixa atônitos, Não fale com estranhos é um ensinamento, uma reflexão entre o certo e o errado, entre o amor e o ódio, entre a verdade e a mentira. E, principalmente, a consequência que esta pode proporcionar a uma família.
A capa não é das melhores que já vi dos livros de Coben, mas achei que transmite bem a realidade da história. A revisão não foi das perfeitas, verifiquei 4 erros, mas são apenas detalhes que não prejudicam na interpretação e, se ler rápido, provavelmente nem é notório – eu que tenho o hábito de achar erros rapidamente por conta dos anos que trabalhei revisando jornais. A diagramação é confortável, bem feita e do jeito que adoro. Recomendo a leitura não para amanhã ou para depois, recomendo para agora!
Quotes:
“- [...] Depois que Corinne começou o show, você nunca mais voltou a vê-la nua, não foi? Ela fazia o quê? Ficava sempre enjoada de noite para evitar o sexo? É isso que acontece na maioria das vezes” (p. 11).
“Naquele dia ele mais uma vez fora lembrado do óbvio: o mundo não está nem aí para nós e muito menos para os nossos pequenos problemas. Difícil de engolir, certo? Nossas vidas são destroçadas, e ninguém sequer repara. Para os outros, Adam continuava sendo a mesma pessoa de sempre, agindo da mesma forma, sentindo as mesmas coisas. Às vezes ficamos putos quando alguém nos fecha no trânsito ou demora demais para fazer o pedido na Starbucks ou reage de um modo inesperado, e nem pensamos na possibilidade de que essas pessoas, por trás de suas respectivas fachadas, estejam chafurdando num grande mar de merda. Talvez tenham passado pela pior das tragédias, talvez estejam a um passo de perder irremediavelmente a sanidade mental” (p. 43).
“Adam se lembrou então de ter lido em algum lugar sobre os policiais que eram capazes de determinar a culpa ou a inocência de um suspeito pela capacidade ou incapacidade dela dormir. Em tese, o inocente deixado sozinho numa sala de interrogatório não conseguia pregar o olho porque remoía internamente a justiça sofrida. O culpado, no entanto, cedo ou tarde acabava dormindo. Adam nunca havia acreditado muito nessa história, lá estava ele, o inocente que não conseguia dormir enquanto a mulher (culpada?) dormia feito um bebê” (p. 77).
“Kuntz nunca entendeu como alguém era capaz de trair a esposa. Não deveria haver no mundo outra pessoa que um homem amasse mais do que a própria mulher. Se ele não a amasse desse jeito, bem, ele devia tocar sua vida adiante, mas nunca traí-la ou magoá-la” (p. 216).
“- Segundo o médico legista, a causa mortis foi uma bala no cérebro. Mas, antes disso... como você pode ver nesta foto... e se lhe interessa saber, achamos que o assassino usou um estilete para fazer tudo isso que você está vendo aí. Não sabemos quanto tempo ela sofreu” (p. 226).
site:
http://revelandosentimentos.blogspot.com.br/2016/06/resenha-nao-fale-com-estranhos.html