Jana 04/06/2018
O livro traz, quer queira, quer não, uma visão de namoro baseada na fé da Igreja Evangélica. Os autores, até, defendem que seus discursos não se limitam à religião - mas, sim na fé em Deus -, no entanto, o que eles pregam não se aplica à realidade das pessoas, da atualidade, que não seguem a mesma crença religiosa de Renato e Cristiane Cardoso.
Por vezes, o livro é bem machista, destacando o papel da mulher como cuidadora da casa, dos filhos e do marido e que este, por sua vez, deve ser o líder da casa, o protetor e provedor da família.
Os autores dizem que pelo fato do feminismo ter se expandido tanto, algumas áreas da vida da mulher, especialmente, a amorosa, ficaram pra trás, acarretando, então, na sua "solteirice", frustração amorosa, assim como, na não geração de filhos. O que interpretei como defesa da submissão da mulher perante o homem como pré requisito básico para que estes sejam felizes e logrem êxito em seu "casamento blindado".
O fato de defenderem o sexo só após o casamento chega a ser utópico. Até nos nichos mais religiosos isso é, cada vez mais, raro. Vivemos em outros tempos! A modernidade pode ter contribuído para que os laços humanos tenham ficado mais frágeis? Com certeza! Mas outra convicção é a de que aplicar culturas arcaicas na realidade de hoje em dia é muito difícil!
Vivemos em um tempo em que a mulher é emponderada: estuda, se forma, trabalha, é bem sucedida. E muitas mulheres optam por se estabilizarem em suas vidas financeiras e profissionais primeiro, para, aí sim, pensarem em constituir uma família. E ainda assim, muitas, conseguem ser, também, felizes no amor, sem que seja necessário ser submissa ao marido. As gerações são outras.
Os autores não citam relações homoafetivas em seus exemplos de namoro - mais uma questão que ratifica a visão dos autores sobre namoro à luz da religião evangélica. O layout das famílias da atualidade é bem diverso - assim como os namoros. Nos tempos atuais, a família tradicional está, definitivamente, ficando distante do fluxograma: pai, mãe e filhos.
Por tudo isso, considerei o livro tendencioso, excludente (pois coloca o tipo de relacionamento da fé evangélica como o único mais adequado para que as pessoas tenham sucesso na vida amorosa), machista e antiquado, pois defende uma postura que as pessoas da atualidade - principalmente as mulheres - teriam muita dificuldade de apresentar, uma vez que vivem em outros tempos.