Joice (Jojo) 15/05/2017
Café sem charme
Em "Emma", clássico de Jane Austen, acompanhamos as peripécias da personagem principal, uma moça rica e que se julga suficientemente conhecedora da natureza humana a ponto de dar uma de "casamenteira". Ao contrário das infrutíferas armações de Emma, as "combinações" da protagonista de "The Espressologist", Jane Turner, até funcionam, mas falta à personagem muito mais do que charme.
"The Espressologist" me pareceu uma tentativa da autora de dar uma nova roupagem a "Emma". A homenagem, que envolve até o nome da protagonista, é válida, mas a história poderia ter sido muito melhor construída/desenvolvida.
A premissa é interessante: Jane entende tanto de café, e está há tanto tempo atrás de um balcão, que já sabe ligar o perfil da pessoa ao café que ela pede. Com esse conhecimento, ela passa a promover a união de casais com base em seus gostos pela bebida. Todo esse arco dramático, contudo, só começa a ser esboçado lá pela metade do livro (que já é curtinho). Antes disso, a autora parece se contentar a nos apresentar fatos isolados e pouco trabalhados, que muitas vezes dão em nada. Isso é frustante!
Além disso, Jane Turner não é uma protagonista carismática. Dividida entre brilhar e se esconder atrás do balcão, a personagem é inconstante e parece nunca saber o que quer de fato (ou quem).
Apesar de tudo isso, "The Espressologist" traz uma trama leve, bem Seção da Tarde, que pode agradar a leitores menos exigentes.