Aione 07/07/2016De Volta a Blackbrick, de Sarah Moore Fitzgerald, reúne os elementos que costumam me encantar em livros infanto-juvenis: sensibilidade, leveza, uma pontada de mistério e um enredo cativante.
A vida de Cosmo mudou desde que seu irmão mais velho morreu em um acidente: sua mãe se transformou em uma workaholic, mudou-se a trabalho para Sydney e o garoto passou a viver com os avós. Agora, ele se vê frente a mais uma mudança: seu avô, a pessoa mais inteligente que Cosmo já conheceu, está com Alzheimer, e deixando de ser quem costumava a cada dia que passa. Em um momento de lucidez, contudo, ele entrega uma chave ao garoto e o orienta a localizar os Portões Sul de Blackbrick, onde, segundo ele, Cosmo poderia encontrá-lo.
Sarah Moore Fitzgerald é professora especializada em psicologia, e é possível notarmos as influências de sua formação desde o início da história. Além do Alzheimer em si, a autora trabalha diversas questões como o luto e a negação, e as estratégias que desenvolvemos em situações conflitantes. É claro que nenhum desses elementos aparece profundamente exposto, considerando-se que De Volta a Blackbrick tem como público-alvo leitores mais jovens, mas é possível notarmos tais características a partir das atitudes e reflexões de Cosmo e de seu ponto de vista sobre as demais personagens.
Assim, a narrativa de De Volta a Blackbrick se constrói em primeira pessoa de maneira leve e envolvente pela perspectiva do protagonista. Há uma inegável sensibilidade na escrita da autora, mesmo que haja, também, momentos mais divertidos. Não foi difícil mergulhar na leitura, e adorei poder sentir as dificuldades que Cosmo enfrenta com toda a situação, uma vez que, dessa forma, os sentimentos se fizeram mais verossímeis.
Gostei, também, de acompanhar o amadurecimento de Cosmo. O artifício empregado pela autora não só conferiu ao enredo de De Volta a Blackbrick uma maior atratividade, como também ampliou o contexto da trama, permitindo que ainda mais temáticas fossem abordadas, sem desvinculá-las das originais.
De Volta a Blackbrick, dessa forma, foi uma leitura gostosa e relaxante, que também me permitiu singelos momentos de reflexão, além de ter transmitido uma bonita mensagem final. Sarah Moore Fitzgerald foi bastante bem sucedida ao falar, em sua obra, de luto, amor e memórias, adaptando as temáticas ao gênero ao qual o livro pertence.
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