Pureza

Pureza Jonathan Franzen




Resenhas - Pureza


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Claudio.Berlin 23/01/2024

Belo livro
Jonathan Franzen, um dos mais conceituados autores norte americanos , acertou em cheio nesse livro.
Li As correções e Encruzilhadas do mesmo autor .
Pureza é um livro mais difícil de ler mas ainda assim saboroso.
O livro é uma fórmula já bastante usada , em que os personagens vão se cruzando e interagindo ao longo da vida.
Os grandes diferenciais são , a qualidade da prosa e a fantástica complexidade e densidade dos personagens.
Pessoas profundamente problemáticas , com suas neuroses , alegrias e tristezas .
E a descrição é primosa .
Recomendo!
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Davi A. 16/04/2020

Franzen no zênite
Com o fim da leitura de ?Pureza?, só fica faltando ?As Correções? para fechar as obras-primas do escritor. A história de Pip Tyler foi surpreendente e vai deixar saudade. Obrigado, Franzen!
Kelly Oliveira Barbosa 16/04/2020minha estante
As Correções é incrível!
Já leu os de não ficção dele?


Davi A. 18/04/2020minha estante
Já, sim! Só falta o The End of the End of the World. E vc??


Kelly Oliveira Barbosa 18/04/2020minha estante
Li so
Li "Tremor", "As Correções" e "Liberdade"


Davi A. 19/04/2020minha estante
Liberdade por enquanto é o melhor, na minha opinião..:)


Kelly Oliveira Barbosa 20/04/2020minha estante
O meu preferido é "Tremor"


Davi A. 20/04/2020minha estante
Tremor é incrível mesmo!




Carlozandre 31/05/2019

A ideia de pureza de Jonathan Franzen
Aos 57 anos, Jonathan Franzen é um tiozão com inquietações de tiozão, como pode concluir qualquer um que já leu seus romances — ou seus ensaios, alguns deles reunidos em Como ficar sozinho (2012), nos quais ele deplora o que considera o teatro encenado das demonstrações de afeto contemporâneas ou o caráter invasivo da privacidade alheia exposta em conversas públicas no celular. Talvez isso explique a intenção inicial que move seu mais recente romance, Pureza: uma sátira declarada à hipocrisia de boas intenções que passa de geração a geração e deságua na atual juventude militante usuária de redes sociais e admiradora dos feitos de ciberativistas como Julian Assange. E em suas primeiras páginas Franzen até consegue administrar bem o projeto, fazendo parecer que está gestando ali seu melhor livro. E é aí que as afetações de tiozão características do escritor se interpõem: Purity, a jovem protagonista, é mais um modelo de papelão do que uma pessoa de verdade e seu universo parece tão fantasioso para o desconectado Franzen que ela virtualmente é jogada para escanteio durante três quartos das extensas 600 páginas.

Mas não nos apressemos. Pureza começa enfocando a vida desestruturada de Purity Tyler, ou Pip, uma jovem recém formada cuja vida financeira está praticamente paralisada pelas dívidas contraídas com o crédito estudantil, trabalhando sem vontade em uma firma de consultoria que se vende como “desenvolvedora de soluções” para a adoção de políticas empresariais ecologicamente sustentáveis mas que, como muitas empresas desse setor na prática, consegue apenas encarecer serviços e produtos e usar o excedente para manter a própria estrutura. No melhor estilo “vida pessoal tumultuada”, Pip também é um caso digno de nota nas relações pessoais. Mora com uma comunidade de anarquistas em um prédio a ponto de ser desapropriado, está obcecada por um homem casado mais velho e é filha de uma hippie-nova-era de meia-idade que nunca a deixou saber quem é seu pai — quando perguntada, conta apenas que era brutalizada pelo marido e precisou fugir com a filha e mudar de identidade, uma história que anos mais tarde Pip vai desmascarar como emprestada da trama de um romance.

Pip é apresentada com minúcias por uma prosa fluente (Franzen sofre diversas críticas que vão de coisas pelas quais ele tem culpa parcial, como sua autopromoção como “o grande romancista americano” ou sua já mencionada personalidade de tiozão, a coisas pelas quais ele não tem de fato controle, como a ampla vendagem de seus livros, mas que nunca se diga que seu domínio da prosa não transforma seus romances em um entretenimento facilmente navegável). Mas tanto o romance quanto a própria personagem estão empacados em um momento no qual não há movimento possível — as dívidas não desaparecerão, o trabalho continuará sendo um saco, mas sem ele, num quadro de crise, o desemprego não parece a maior opção para pagar as referidas dívidas. E a relação com a mãe, já tão estabelecida, não tem como se transformar em outra coisa sem um empurrão radical.

É um beco sem saída narrativo do qual Franzen escapa com um recurso que já havia usado antes em As Correções: com uma proposta de viagem ao exterior feita por um personagem convenientemente lançado na história para sacudir seu estado de inércia. Pip é indicada, por meio da uma alemã chamada Annagret, hospedada na comuna, para trabalhar na América do Sul com o Projeto Luz do Sol, uma espécie de Wikileaks em modo turbo gerenciada por um ex-dissidente da Alemanha Oriental chamado Andreas Wolf. E a partir daí, Pip recua para o segundo plano, dando lugar a outros personagens que ocupam o proscênio em idas e vindas no tempo e no espaço. Meses depois de Pip haver aceitado a proposta de trabalhar no projeto Luz do Sol, a vemos como estagiária de pesquisa em um site de jornalismo administrado pelo casal Tom e Leila. Um casal que tem seus próprios problemas, uma vez que Tom ainda não superou os traumas de uma relação vivida mais de duas décadas antes com uma aspirante a artista instável e controladora. Somos também admitidos no passado de Andreas Wolf, com o romance fazendo um longo recuo até a queda do regime comunista na Alemanha Oriental para esmiuçar o quanto da fama de dissidente obtida por Andreas naqueles dias é ou não merecida.

Apenas nas seções finais do livro todas as narrativas dispersas se reúnem, em um grande coro de revelações que encobrem mentiras e omissões gigantescas da maioria dos personagens — muitas delas justificadas pela “pureza” das melhores intenções. Essa estrutura aparentemente dispersa que ganha unidade no conjunto não é de modo algum uma novidade no gênero romanesco, ou mesmo na carreira de Franzen — já estava presente em As Correções e em Liberdade, seus trabalhos anteriores. O que ela representa aqui talvez seja o teste definitivo para a aplicação dessa estratégia no projeto literário de Franzen. Havia uma forma segura de manter a narrativa no controle nos livros anteriores porque ambos enfocavam núcleos familiares e de amizade com laços próximos forjados ao longo de muito tempo. Em Pureza, embora haja tramas familiares de importância, as relações entre os personagens são distantes, por não haver, à primeira vista, conexão direta entre eles para além do acaso (ênfase no “à primeira vista”). E para conseguir a conexão que antes o elemento familiar obtinha, Franzen unifica as passagens de seu amplo panorama lançando mão de uma trama intrincada e repleta de reviravoltas e coincidências cujo tom excessivamente “vaudeville” parece chocar-se contra as bases minuciosamente realistas construídas por Franzen ao longo de todo o romance.

Não seria nada muito problemático em um romance diferente, com uma proposta diferente. Mas para alguém tão apegado às virtudes do realismo como um retrato do mundo, tais recursos parecem mal ajambrados, incapazes de sustentar no conjunto a série de mergulhos mais ou menos aprofundados em uma determinada cena. Como se Franzen, grande observador, fosse um mestre na descrição de um determinado cenário, mas não conseguisse imaginar motivações para além do caricatural quando se trata de dar voz às pessoas criadas por ele.

Afinal, talvez seu grande projeto satírico contemporâneo não tenha, apesar da extensão de seus romances, espaço para personagens de verdade.

site: https://medium.com/@carlozandre/a-ideia-de-pureza-segundo-jonathan-franzen-d111cc63c463
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Túlio 07/02/2018

Bom, mas...
Jonathan Franzen é sempre bom. As vezes até melhor (Liberdade). Mas eu fico com a impressão de que ele parece sempre se sentir na obrigação de escrever um "romanção" de 600 páginas apenas para cumprir com a liturgia de ser a nova voz da literatura norte americana e o caramba a quatro... enquanto seria mais genial, se ele fizesse o mesmo sendo mais direto, econômico, menos subjetivo. Ele tem um estilo magnífico: prolífico, verborrágico, clássico, ordinário, coloquial, tudo no mesmo parágrafo. Realmente invejável! Mas achei que neste livro se excedeu um pouco.
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Achados e Lidos 01/03/2017

Resenha - Pureza
Depois de escrever o “grande romance americano” sobre a derrocada da classe média nos Estados Unidos durante o governo de George W. Bush, o americano Jonathan Franzen parte de uma premissa mais simples em Pureza, seu livro mais recente, lançado no Brasil no ano passado pela Companhia das Letras.

A história narra a busca de uma jovem, Pip Tyler, por seu pai, sobre quem a mãe se recusa a dar informações. O enfoque mais restrito não quer dizer, contudo, que o autor tenha deixado de lado alguns traços marcantes de suas obras anteriores, como o hábito de escrever livros longos, a partir de múltiplos pontos de vista, sem linearidade de tempo. Mas depois que Liberdade foi considerado uma obra-prima e a revista Time estampou Franzen na capa como o grande romancista americano, o autor parece ter deixado certa pretensão formal de lado para escrever um livro mais tradicional.

Mais à vontade, o autor não deixa de tratar com ironia o status que ganhou como escritor nos últimos anos. Um de seus personagens, em determinado momento, busca escrever um romance que lhe garantirá um lugar no cânone norte-americano, mas avalia que, para chegar lá, precisa de mais do que conteúdo.

Houve um tempo em que bastava escrever O Som e a Fúria ou O Sol Também se Levanta, Mas agora tamanho se tornara essencial. Livro grosso, história longa.

O romancista depressivo e alcoólatra também nota o excesso de Jonathans na literatura, enquanto Franzen parece fazer piada de sim mesmo, mais uma vez:

“Há tantos Jonathans. Uma praga de Jonathans literários. Quem só lê a New York Times Book Review pode pensar que é o nome de homem mais comum nos Estados Unidos. Sinônimo de talento, importância. Ambição, vitalidade”.
Apesar do tom autodepreciativo e de fazer graça com o tamanho de seus livros, Franzen não abandona o que chama do “duende da especificidade espúria”. Pureza é um livro longo e, por vezes, maçante. Para contar a história de Pip Tyler, que, na tentativa de descobrir a identidade de seu pai, acaba envolvida em um projeto obscuro na América Latina, o autor recorre a uma miríade de personagens e assuntos que podem se tornar bastante cansativos. Da controle da Stasi e a queda do muro de Berlim à discussão sobre o futuro do jornalismo e a produção de reportagens por entes sem fins lucrativos, passando pela ameaça nuclear, há espaço para quase tudo nas mais de 600 páginas de Pureza.

Em As Correções e Liberdade, a multiplicidade de pontos de vista e de personagens servia a um propósito: delinear dilemas sociais do início deste século. A instabilidade familiar diante de um parente com uma doença grave; a derrocada das instituições e o fim do sonho americano de prosperidade para todos. Em Pureza, as questões que absorvem os personagens são mais individuais, e por isso as histórias e dilemas morais parecem se alongar excessivamente.

O tema mais ou menos comum parece ser outra doença do século XXI, tão onipresente quanto silenciosa: a solidão. A solidão de um tempo em que as conexões sociais são mais vulneráveis e tênues, justamente porque foram substituídas por seu simulacro online. A solidão que vem do poder, da fama, da riqueza, do status social. A solidão feminina na busca por caminhos mais autônomos, para no fim cair em velhas armadilhas. A solidão por causa da impossibilidade do amor.

Estava se lembrando da antiga tristeza e a sentia agora, a convicção de que o amor era impossível, de que por mais que houvessem enterrado o antigo conflito ele nunca iria desaparecer. O problema de uma vida livremente escolhida, de uma vida conforme o Novo Testamento, é que ela podia acabar a qualquer instante.
Isolados, os personagens se tornam mentirosos contumazes. Quase todos têm algo a esconder, e por esse mesmo motivo o quebra-cabeça que os relaciona só se encaixa na segunda metade da narrativa.

O Projeto Luz do Sol, para onde Pip vai em busca de respostas, promete um mundo em que há mais transparência. Fundado por Andreas Wolf, filho de um conselheiro importante da República Oriental alemã durante a administração soviética, o projeto procura dar transparência a informações de domínio privado, por meio de vazamentos semelhantes aos promovidos por Julian Assange e seu Wikileaks, mas com maior abrangência.

Não é possível deixar de notar um certo desprezo de Franzen por esse tipo de iniciativa. Wolf é um personagem quase amoral, afogado em seu ego, apesar das tentativas de se autoafirmar como um benfeitor público. A missão de sua iniciativa em pregar a transparência contrasta com a opacidade da operação, ndo financiamento e da sustentação do seu projeto. Parece um traço comum da literatura contemporânea esse desconforto com a hipocrisia das iniciativas mais ambiciosas para dirimir os grandes problemas da humanidade.

Pureza também mostra que a internet alcançou – e dominou – a literatura. Se antes os livros ainda pareciam um lugar em que havia certo isolamento da vida online, com uma ou outra referência espaçada, a rotina virtual que colocamos em prática diariamente tem sido ostensivamente transposta para as páginas dos livros. Em Pureza, boa parte das conversas relevantes acontece por e-mail ou outro tipo de troca de mensagem, mas as relações parecem mais frágeis, passíveis de serem esgarçadas por uma troca errada de palavras.

Franzen não deixou de ser um romancista “panorâmico”, do tipo que busca descortinar o espírito de um tempo, como definiu um crítico. Mas ao buscar se aprofundar na intimidade de seus personagens e questionar o que é o amor, a lealdade ou a “pureza moral”, certamente encontramos menos respostas.

site: http://www.achadoselidos.com.br/2017/02/15/resenha-pureza/
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Ju Zanotti 13/02/2017

Uma das metas do blog desde o começo era resenhar ao menos um livro de Jonathan Franzen por aqui, algo que não parece difícil mas que não tive oportunidade até alguns meses atrás quando a Companhia das Letras liberou "Pureza" para solicitação. Já havia lido "Liberdade" do autor, mas como já fazia alguns anos eu não me sentia confortável em resenhar sem ter a história fresca na memória. O que eu tinha absoluta certeza é que não seria uma leitura fácil, mas não pensava que fosse ser tão penosa, tinha me esquecido o quanto Franzen pode ser sutil e complexo em sua narrativa. Porém, independente dos meus problemas no decorrer da leitura, os quais irei especificar abaixo, preciso deixar claro que o autor é um gênio.

Pip Tyler teve uma vida no mínimo estranha, sua mãe reclusa parece tê-la mantido escondida durante toda vida, no entanto Pip tem outros anseios. Com uma dívida estudantil maior do que seu parco orçamento ela resolve ir em busca da verdade sobre quem é seu pai, alguém de quem sua mãe mal fala, um homem que é mais um mistério da vida isolada a que Pip foi imposta. Sem saber qual o verdadeiro nome e idade da única pessoa que parece amá-la Pip encontra oportunidade de descobrir todos esses segredos quando a organização Luz do Sol, uma espécie de Wikileaks que tem por missão revelar segredos inconvenientes do mundo, comandada pelo simpático e famoso Andreas Wolf entra em sua vida. Em troca de participar do projeto Pip recebe a proposta de descobrir quem realmente é além de ter sua dívida paga. Mas como aceitar quando nada nesta entidade a inspira confiança?

"Com frequência me pergunto p que a presa sente ao ser capturada. Muitas vezes ela parece estar totalmente imóvel entre as mandíbulas do predador , como se não sentisse nenhuma dor. Como se a natureza, na hora final, se mostrasse piedosa com ela."

A primeira impressão que Jonathan Franzen causa no leitor com o plot inicial é que há algo de muito errado com relação a mãe de Pip, isto faz com que o leitor projete diversas resoluções, sem chegar nem um pouco perto da verdade. Confesso que minha ideia era a de que algum crime havia sido cometido e para se safar Penelope Tyler, como a mãe de Purity diz se chamar, tinha inventado uma nova identidade e se isolado do mundo, de certa forma eu não estava errada, mas o buraco é bem mais embaixo. Unindo política e uma crítica ferrenha a internet, mostrando prós e contras mas principalmente a disponibilidade de conteúdos, Jonathan Franzen cria um romance atual e envolvente na medida do possível.

Franzen se mostra um autor evasivo, adepto de meias-palavras, nunca vai direto ao ponto. A partir de uma situação problema ele desenvolve uma trama complexa que em algum momento acaba por se interligar surpreendendo o leitor. Foi este recurso que me irritou por vezes durante a narrativa, quando eu acreditava estar chegando em algum lugar o autor entrava com paralelos que só iriam fazer sentido mais para frente e eu me perguntava que po**a ele estava fazendo, para no fim vibrar com a forma como tudo fazia o maior sentido. A narrativa intercalada entre primeira e terceira pessoa explora o passado dos personagens para enfim chegar ao cerne da questão o que deu mais sentido a obra. O fato é que os contornos e desvio da narrativa estavam me irritando pra caramba e isso porque eu ainda nem falei da personalidade de Pip.

Purity Tyler é uma personagem temerária, ela ousa muito, porém sua imprudência não passa uma boa sensação. Senti muito de autopiedade em Pip, ela é uma pessoa insegura que tenta se firmar no mundo, sua hostilidade é algo que me fez achá-la desnecessária, não como personagem, mas como pessoa. É difícil explicá-la simplesmente porque ela é uma contradição por si só. A carência presente na personagem é outro ponto, visto que ela mesma não se enxerga e precisa desesperadamente que os outros façam isso por ela, isto é algo que eu entendi ser uma projeção da própria mãe quando finalmente compreendi sua história, ainda assim foi um martírio me adaptar a Pip. Outro personagem que merece destaque é Andreas, ele é cativante, porém há algo de errado no paraíso, e só vamos compreendê-lo quando sua história passar a ser revelada, e só posso alertá-los para prestar muita atenção nele, pois tudo sobre si e sua compulsão é genial. Além disso adentramos na vida de Tom Aberant e Leila Helou, ele o editor de uma revista investigativa atormentado pelo fracasso de seu antigo casamento e ela sua namorada, uma mulher casada que viu todos os seus anseios frustrados e que mesmo estando com Tom ainda vive com o marido aleijado de quem sente-se na obrigação de cuidar. De forma sutil todos estes personagens irão se ligar no decorrer da narrativa e só posso dizer que a forma como isso acontece é sensacional.

Enfim, não posso negar que sofri muito com "Pureza" a leitura lenta e meio sem sentido em alguns momentos parecia não levar a lugar nenhum, porém Jonathan Franzen me surpreendeu mais uma vez e o balanço final foi absurdamente positivo. É aquele tipo de história que você que tem algo mais, só precisa persistir. Quanto a revisão e diagramação não há muito o que falar, o trabalho da Companhia das Letras foi simples e bem feito. Ahh! estava esquecendo de dizer que o livro irá ser adaptado para uma série de TV pela Showtime e Daniel Craig está escalado para ser Andreas Wolf. No mais e independente das ressalvas eu sempre vou indicar Franzen, para todo mundo!
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Romances 08/02/2017

Pesado e emocionante
Jonathan Franzen é romancista e ensaísta estadunidense. Além de ser um autor premiado, já foi capa da revista Time com a manchete “grande romancista americano”. Em função disso, cada lançamento seu vem acompanhado de grande atenção da mídia. O que o grande Jonathan nos apresentará em sua nova obra?
Em “Pureza”, lançado em 2016 pela Companhia das Letras, ele apresenta histórias que atravessam continentes e importantes momentos históricos, em que todos os acontecimentos acabam por convergir para a história de Pip Tyler. A jovem desconfia de que os segredos que a mãe esconde dela são mais do que apenas esquisitices de uma pessoa reclusa.


Dotada de um espírito inquieto, uma dívida gigante de financiamento estudantil e a curiosidade de saber quem é o seu pai, para conseguir respostas Purity se convence a estagiar no projeto Luz do Sol.

Coordenado por Andreas Wolf, um carismático alemão que alcançou notoriedade durante a queda do muro de Berlim, o projeto se dedica a expor segredos, enquanto ele próprio mantém os seus bem guardados.

Dentre a grande carga de personagens presentes no livro destacam-se ainda Tom e Leila, uma dupla de jornalistas investigativos que tem grande importância no desenrolar da história.

É bem verdade que Franzen confundiu bastante a minha cabeça com a história toda. São muitos personagens, muitos deles claramente coadjuvantes que estão ali apenas para não deixar nenhuma lacuna na história. Além disso, há a grande carga de detalhes presentes em cada página. Juro que eu me peguei quase anotando nomes e desenhando árvores genealógicas para tentar não me perder na narrativa.

A história alterna pontos de vista em 1ª e 3ª pessoa, o que contribui para o sentimento de confusão que o livro despertou.

“Pureza” não é organizado em capítulos convencionais. Há grandes blocos de história separados por títulos, o que juntamente com a carga de personagens faz da história o tipo de romance que não se lê de uma vez só. É uma leitura lenta, fracionada.

Confesso que quando li a sinopse esperava um enredo com ritmo mais ágil, com perseguições, carros de polícia com sirene ligada, MÃOS AO ALTO, uma história bem dinâmica. Contudo, “Pureza” não foi feito para ser devorado. É uma história densa, e por vezes confusa, sobre a incapacidade que temos de ser puros, e sobre como ao mesmo tempo essa pureza pode ser relativa.

Nas 616 páginas Jonathan expõe relações pura e simplesmente humanas. Seu grande talento é construir aos poucos um pano de fundo que interliga a vida de todos os personagens, fazendo com que no final a gente entenda que na verdade a história sempre foi sobre Pip e sua busca pela verdade.
Os personagens são complexos e a história é o verdadeiro resumo do ditado “o mundo dá voltas”.

Se você gosta de romances densos, detalhados e extremamente complexos, Pureza é uma leitura que vai te virar do avesso, fazer pensar e principalmente esteja preparado para sentir dor nos braços porque eita livro pesado. E ah, isso vale para algumas partes da história também.



site: http://www.romanceseleituras.com/2017/01/pureza.html#.WJsYt_krKUk
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Amanda 25/09/2016

Pureza
Resenha no blog As Meninas Que Leem Livros

site: http://www.asmeninasqueleemlivros.com/2016/09/resenha-pureza.html
Petrucio.Lamenha 01/12/2016minha estante
Onde esta sua resenha de Pureza no blog ? Ta caro mesmo para ebook e gostaria de saber se vale a pena gastar R$ 41.00 por 1 livro digital


Petrucio.Lamenha 01/12/2016minha estante
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Amanda 03/12/2016minha estante
Olá, Petrucio... O link para a resenha é http://www.asmeninasqueleemlivros.com/2016/09/resenha-pureza.html
Espero que goste... hehehe




Luciane.Gunji 26/07/2016

A minha primeira surpresa (e ela só apareceu quando estava na metade do livro) foi descobrir que Jonathan Franzen é um escritor renomado, sendo considerado um dos maiores romancistas e novelistas dos tempos atuais. Quem vê Pureza na estante das livrarias, se assusta com sua quantidade de páginas, afinal, o que essa obra tem de tão bom para compensar cada uma das páginas? Bom, ao terminar esse livro de Franzen, tive o mesmo pensamento quando li Dostoiévski (me perdoem a comparação, caso isso tenha lhe ofendido): “eu sabia que tinha algo aqui”. E, como vocês já devem ter percebido, me surpreendi muito.

A capa, como sempre, me enganou. Toda aquela sensação de tranquilidade foi embora nas primeiras páginas, ao conhecer Purity Tyler ou, para os mais conhecidos, Pip. Gente como a gente, Pip é uma jovem americana com a vida decadente: não conhece o pai, tem um emprego ruim, está atolada em dívidas e ainda tem uma relação péssima com sua mãe, que sempre escondeu seu nome verdadeiro e a origem da filha. São problemas mais comuns do que você imagina, exceto pelo fato de Pip ter a oportunidade de descobrir sobre sua história, caso aceite estagiar em uma organização que faz contrabando de informações sigilosas. Você teria coragem?

Poucos capítulos dividem Pureza, mas as pequenas pausas que encontramos na obra de Franzen são perfeitas para entendermos a capacidade do ser humano e qual seu limite. Muito distante do seu nome, o livro de Franzen entrelaça a vida de diversos personagens que não têm nada de “puros”: são pessoas que escondem as coisas, mesmo que estejamos vivendo em tempos onde a informação é transmitida com muita rapidez. Com o passar da leitura, o leitor chega a imaginar que está envolvido na história de vários personagens quando, na verdade, está entretido em uma rede de mentiras. No fim, nem dá para acreditar no desfecho, que não é tão surpreendente, mas que merece um reconhecimento.

Diferentemente da única resenha encontrada no Skoob (muito bem escrita por sinal), não tenho repertório para convencer os leitores se vale a pena embarcar em Pureza. Gostei muito da forma que Franzen transita entre a infância e o futuro dos personagens, sem ter medo de mostrar a força dos diálogos e o poder das palavras. Além disso, eu adoro quando vejo uma obra ser tão atual quanto ao seu contexto, fazendo com que não nos preocupemos em imaginar uma época que não vivemos. Deixo registrado aqui a minha completa satisfação em ter escolhido esse livro do catálogo e ainda ter sido uma das poucas pessoas a resenhá-la. Parabéns à Companhia das Letras pela escolha (sem puxa-saquismo, eu juro).

site: https://pitacosculturais.com.br/2016/07/11/pureza-franzen-jonathan/
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 07/07/2016

Jonathan Franzen - Pureza
Editora Companhia das Letras - 616 páginas - Tradução de Jorio Dauster - Lançamento 25/05/2016.

Em seu mais recente lançamento, o americano Jonathan Franzen corre novamente os riscos de escrever um romance de seiscentas páginas em contraste com a tendência atual, principalmente no Brasil, de novelas curtas e em geral de autoficção, estilo que possibilita uma estratégia editorial de melhor retorno financeiro e de maior frequência de exposição do autor na mídia. Neste seu quinto romance, após os premiados "As Correções" (2001) e "Liberdade" (2010), Franzen mais uma vez trabalha na contramão dessa lógica, provando que ainda existe espaço para a boa e velha instituição do romance realista em pleno século XXI.

Não por acaso ele foi escolhido em 2010 para a capa da revista Time com a alcunha "Great American Novelist" (o que o coloca na companhia de alguns poucos grandes escritores que receberam tal distinção: Salinger, Nabokov, Toni Morrison, James Joyce e John Updike), segundo a conceituada revista, a escolha não se deve ao fato de Franzen ser famoso, rico ou criar personagens com poderes mágicos, mas sim por ele refletir sobre o comportamento e valores da sociedade americana na atualidade, papel similar ao exercido por grandes romancistas do passado como Tolstoi e Victor Hugo. É claro que não podemos comparar autores de épocas tão diferentes; mudou a sociedade e, portanto, mudaram os escritores. O fato é que, desde o século XIX, permanece o interesse dos leitores em bons romances.

No entanto, se por um lado este seu último livro apresenta uma forma de construção clássica, por outro, o conteúdo não poderia ser mais atual, refletindo a nossa inusitada existência virtual nas redes sociais, a exposição do indivíduo na internet e ainda a relação entre as agências de notícias e os movimentos especializados no vazamento de informações de grandes corporações e governos, como a WikiLeaks de Julian Assange ou o ativismo de Edward Snowden. Um dos protagonistas, o carismático Andreas Wolf, se tornou uma personalidade mundial ao desenvolver um projeto chamado "Luz do Sol", semelhante ao WikiLeaks, mas o mesmo Andreas, de forma contraditória, esconde um segredo terrível em seu passado na antiga Alemanha Oriental, um segredo que está convenientemente escondido dos motores de busca da internet e também dos arquivos da polícia secreta da época, a temida Stazi. O trecho abaixo mostra o cuidado e a dedicação com que Andreas Wolf descobre e divulga os segredos de todo o mundo, exceto os seus próprios.

"O lema de Wolf e de seu projeto era 'A luz do sol é o melhor desinfetante'. Nascido em 1960 na Alemanha Oriental, ele se destacara na década de 1980 como um crítico ousado e espetaculoso do regime comunista. Depois da queda do Muro de Berlim, liderara uma cruzada para que os arquivos imensos da polícia secreta da Alemanha Oriental fossem preservados e abertos ao público; nesse caso, só era odiado pelos ex-informantes da polícia, cuja reputação, depois da reunificação, tinha sido manchada pela exposição de seu passado à luz do sol. Wolf fundara o Projeto Luz do Sol em 2000, focando inicialmente em diversos malfeitos alemães, mas logo depois ampliando sua área de atuação para injustiças sociais e os segredos tóxicos para o mundo todo. Centenas de milhares de imagens mostravam se tratar de um homem muito bonito e que aparentemente nunca se casara ou tivera filhos. Fugira de uma condenação na Alemanha em 2006 e da Europa em 2010, recebendo asilo primeiro em Belize e mais recentemente na Bolívia, cujo presidente populista, Evo Morales, era seu fã. A única coisa que Wolf mantinha em segredo era a identidade de seus principais financiadores (gerando um terabyte ou dois de conversações eletrônicas sobre sua 'inconsistência') e a única coisa vagamente duvidosa sobre ele era sua intensa rivalidade com Assange. Wolf, de forma irônica, havia menosprezado os métodos e a vida particular de Assange, enquanto Assange se contentara em fingir que Wolf não existia. Wolf gostava de comparar os WikiLeaks - segundo ele 'uma plataforma neutra e não filtrada' - com a clareza de propósito de seu projeto Luz do Sol, estabelecendo uma distinção moral entre seu 'motivo benigno e abertamente admitido' de proteger a privacidade de seus financiadores e os 'motivos malignos e ocultos' daqueles cujos segredos ele expunha." (págs. 71 e 72)

Apesar do título, baseado no nome de uma das protagonistas, Purity Tyler, nenhum personagem parece ser puro o suficiente no romance de Franzen, sendo os dilemas morais comuns a todos em diferentes níveis a começar pela própria Purity que recebe o apelido de Pip (homenagem ao jovem Pip do clássico "Great Expectations" de Charles Dickens). Ela é o ponto de partida da narrativa, uma jovem californiana de 22 anos que divide uma casa ocupada ilegalmente com outros jovens anarquistas e não sabe quem é seu pai, um mistério que a mãe sempre se recusou a esclarecer. Ela estará disposta a cruzar os limites da moral e ética para descobrir a identidade do pai. Mas, afinal, é possível manter um segredo em plena era digital, em um mundo no qual a exposição nas redes sociais é uma prática quase obrigatória? Em busca de respostas, Pip aceita o convite para trabalhar no projeto "Luz do Sol" de Andreas Wolf na Bolívia.

A trama é conduzida de forma a deixar pistas em cada capítulo sobre a origem de Purity Tyler, alternando passado e presente. Um tema paralelo e associado à sua origem, ao longo de todo o romance, é a conturbada história de amor entre Tom Aberant e Anabel (aqui é preciso cuidado para não cair no erro da resenha spoiler). Tom é um jornalista investigativo que conheceu Andreas Wolf na época da queda do Muro de Berlim e a única pessoa que conhece o seu segredo. A descrição das crises no relacionamento entre o inexperiente Tom e a lunática Anabel é magistralmente conduzida, principalmente em um único capítulo narrado em primeira pessoa, indício que nos leva a pensar o quanto de autobiográfico Franzen colocou neste texto.
"Anabel se recusava a ver que simplesmente havia alguma coisa quebrada em nosso relacionamento, quebrada sem possibilidade de conserto e de atribuição de culpa. Durante nossa orgia anterior, havíamos conversado por nove horas sem parar, com pausas apenas para ir ao banheiro. Pensei que, por fim, tinha conseguido lhe mostrar que a única forma de escaparmos de nosso sofrimento consistia em renunciarmos um ao outro e nunca mais nos comunicarmos: que as conversas de nove horas eram elas próprias a doença que supostamente estariam tentando curar. Essa era a versão de nós que ela me telefonara para rejeitar naquela manhã. Mas qual a sua versão? Impossível dizer. Ela era tão moralmente segura de si, a todo momento, que eu tinha sempre a sensação de que chegávamos a algum lugar; só depois eu via que tínhamos nos movido num círculo enorme e vazio. Apesar de toda a sua inteligência e sensibilidade, ela não somente não fazia sentido, mas também se mostrava incapaz de reconhecer tal coisa; e era terrível ver isso numa pessoa a quem eu fora profundamente devotado e a quem prometera cuidar por toda a vida. Por isso tinha de continuar a trabalhar com ela para fazê-la compreender que não podia continuar a trabalhar com ela." (págs. 359 e 360)

Uma das melhores passagens do livro é o capítulo que descreve a infância e juventude de Andreas Wolf na Alemanha Oriental, uma espécie de romance dentro do romance, até a histórica queda do Muro de Berlim em 1989. Mais interessante ainda é a criativa comparação entre o regime totalitário da antiga República Democrática Alemã (RDA), que de democrática não tinha absolutamente nada, e o domínio da internet e das redes sociais no mundo atual. Uma questão importante para pensarmos sobre a aparente liberdade virtual que pensamos viver e a perda completa da nossa identidade e privacidade na imensa nuvem digital que nos cerca.

"A velha República sem dúvida se destacara em matéria de vigilância e paradas militares, porém a essência de seu totalitarismo tinha sido alguma coisa mais corriqueira e sutil. A pessoa podia cooperar com o sistema ou se opor a ele, mas o que jamais podia fazer, quer estivesse levando uma vida segura e agradável, quer se encontrasse na prisão, era não manter alguma relação com ele. A resposta a todas as perguntas, grandes ou pequenas, era o socialismo. Substituindo 'socialismo' por 'redes' tem-se a internet. Suas plataformas, embora competindo entre si, estão unidas pela ambição de definir todos os componentes da existência de alguém. (...) Os privilégios possíveis na República tinham sido insignificantes — um telefone, um apartamento com algum ar e luz, a importantíssima permissão para viajar —, mas talvez não tão insignificantes quanto ter 'n' seguidores no Twitter, um perfil muito curtido no Facebook, uma aparição ocasional de quatro minutos na CNBC." (págs. 490 e 491)
Daniel 22/07/2016minha estante
O livro demorou um pouco a me fisgar. Os temas atualíssimos (meio ambiente, vazamento de informações pela internet, celebridades instantâneas, etc) me misturam com idas e vindas no tempo, e quando as peças do quebra cabeça começam se encaixar, aí a leitura foi bem até o final. Às vezes acho o J. Franzen verborrágico demais, ele complica as coisas com tantas digressões - característica que outros leitores podem achar que é uma qualidade. O mesmo vale para os outros livros dele: não seriam necessárias tantas páginas para se conseguir o mesmo efeito. Mas ao final da leitura achei este livro dele o menos cínico, o menos descrente com a burrice e a maldade humana.




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