Laís Helena 04/07/2016
Resenha do blog Sonhos, Imaginação & Fantasia
Recall tem início pouco tempo depois dos acontecimentos do primeiro volume da série de novelas, Você não pode ter tudo o que quer. Um pouco maior que o volume anterior, se aprofunda tanto nos personagens (e, desta vez, mergulhamos nos pontos de vista de vários personagens além de Hel) quanto no universo. A trama gira em torno do recall, uma ação do governo que visa substituir os chips intracranianos de todos os cidadãos por um novo modelo. E isso preocupa Hel, que não mais tem certeza de que é completamente humana e busca desvendar o próprio passado, tentando entender por que não possui um chip intracraniano. Enquanto isso, seus novos amigos (Lobo, Fabi, etc.) procuram ajudá-la enquanto lidam com as ameaças do governo e protestos contra o recall.
Desse modo, a trama é um pouco mais complexa que a do livro anterior, e foi bem elaborada e bem conduzida, conseguindo equilibrar os objetivos de cada um dos personagens dentro da trama maior e mais complexa envolvendo o recall e o governo. E, apesar da maior quantidade de personagens, nada foi explorado de forma superficial, especialmente se considerarmos que é um livro pequeno (ainda que bem maior que o volume anterior).
A expansão do universo foi algo que tornou o livro muitíssimo interessante (tanto que devorei tudo em um único dia), e foi feita de forma coerente, adicionando elementos novos ao que já foi apresentando e dando uma nova camada de profundidade. Com esses detalhes, fica a impressão de que o Brasil de 2115 é tão caótico e complexo quanto o atual, o que certamente ajudou muito a tornar esse mundo e os personagens mais reais na mente do leitor.
Em relação aos personagens, eles foram bem caracterizados. Em um livro desse tamanho, não há espaço para explorar a fundo suas personalidades, mas foram dados detalhes suficientes para que eles convencessem como pessoas, especialmente dentro do contexto em que estão inseridos.
A escrita foi eficiente em caracterizar o universo e os personagens e em me manter mergulhada na história. Em nenhum momento foi rasa ou apressada demais, equilibrando os detalhes na medida certa para atiçar a imaginação do leitor. A única coisa que me incomodou foi que, em alguns trechos, a sucessão de várias frases curtas acabou quebrando a imersão. Um equilíbrio um pouco melhor de frases curtas e outras um tanto mais longas teria contribuído para melhorar a fluidez — mas não é nada que atrapalhe todo o conjunto.
O final trouxe uma bela reviravolta. Encerrou a história de maneira satisfatória, ao mesmo tempo deixando aqueles ganchos que o farão desejar o próximo volume imediatamente. Em resumo, Recall foi uma excelente sequência, e certamente a série toda vale muito a pena.
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