Resenhas - As águas-vivas não sabem de si

ticia 25/04/2024

?mais fundo, mais fundo.?
Foi muito difícil saber que nota dar pra esse livro ? em partes porque achei ele fantástico do início ao fim, mas o que me pegou foram as lacunas que ficaram em aberto.
mas depois de refletir, cheguei a conclusão que esses pontos foram importantíssimos para a construção do livro. as lacunas em aberto são parte da história; fatos, verídicos ou não, que não necessariamente nós precisamos saber ou buscar. a existência de vida inteligente foi tratada não como algo que precisa ser encontrado, mas sempre como algo a que você questiona: isso é um chamado? nós deveríamos procurar saber mais? nós entendemos os sinais, isso é para manter distância ou se aproximar?

e, paralelamente, os pontos em aberto que não precisam ser do nosso interesse. a partir do momento em que a consciência é perdida, e corina volta para o lugar de onde ela veio ? seu último contato com o mar, o chamado para cada vez mais fundo tendo a premissa de que ela será levada de volta para onde veio e, consequentemente, à extinção ? a história chega ao fim. e o que acontece depois?
?não importava, porque ela teve a súbita compreensão de que não haveria depois para ela refletir sobre isso, para contar para alguém, para perguntar o que aquilo significava. naquele ponto, importava quem ela era??

acredito que o ponto mais importante desse livro, ao meu ver, seja a descrição do universo de forma individual, e mesmo assim, tão ampla que nos faz questionar a respeito da nossa própria existência e insignificância ante a evolução do planeta, dos animais, do oceano e de nós mesmos. nós como planeta, como animais, como oceano.
esse livro mostra consciência, mas o ser humano não é o centro dessa consciência ? muito pelo contrário.

por fim, o que mais me chamou a atenção foram os paralelos que se conectaram no fim do livro. a forma como o oceano sempre chamou corina para o fundo, um chamado que ela não necessariamente compreendia, mas sentia. um chamado que todos os seres escutariam quando próximos da destruição, como não identificar? e então retornam, de alma, para onde vieram. corina ouve esse chamado pela última vez e cede, e então temos o último capítulo, narrado pelo ponto de vista do mar, sobre a infância de corina. sua destruição a levando de volta para casa, como não identificar?

biacs 22/04/2024

Leitura densa, hipnotizante, viciante. Ainda não tenho as palavras pra descrever. Adorei a premissa, mas os parágrafos longos, parecidos com sonhos em seus caminhos, distraíram um pouco da narrativa. Talvez esse seja o objetivo. Palavras belíssimas, inspiradoras. Adorei a leitura, e sei que o ponto é o final triste e inspirador, mas parte de mim gostaria de algo melhor para Corina, mesmo que a escuridão infinita foi sempre seu sonho.

Ariadne 14/04/2024

Eu amo histórias em que aparentemente nada acontece, e a Aline sabe lidar com isso muito bem. Assim como em seu livro mais famoso, o que vale aqui são as interações entre as personagens diante de uma imensa solidão, seja ela metafórica (si mesmo) ou física (o imenso mar, afinal). Porém, aonde o livro brilha mesmo são nos capítulos do ponto de vista dos diversos animais que habitam regiões tão profundas. Impressionante como em uma parte eu estava rindo a toa de um animal ingênuo e na outra eu estava em posição fetal pensando na vida....

site: https://www.instagram.com/p/C5l-Ofzvyi8/?img_index=1

Angela594 01/04/2024

Insignificância
Um livro sensível sobre nosso papel no planeta e no universo, enquanto indivíduos, enquanto grupo, enquanto inteligência, enquanto memória. A autora, apesar de não fazer uma história emocionante (não é um livro de ação, de acontecimentos), nos emociona quando descreve o universo de cada um, o peso da solidão, a nossa insignificância ante a evolução do planeta. É verdade que os melhores personagens são os não humanos, mas isso reforça ainda mais o sentido da nossa insignificância. Livro interessante

bardo 26/03/2024

Aline Valek em As Águas-Vivas Não Sabem de Si constrói uma narrativa onde a despeito da protagonista humana quem rouba a cena são personagens não humanos. Impressiona a beleza das imagens que a autora constrói ainda mais considerando-se que é seu primeiro romance.
Longe de ser um livro perfeito, aqui e ali é possível ver pontos onde a autora poderia ter desenvolvido mais, ao mesmo tempo talvez as “lacunas” engrandeçam a história. Lacunas, meias verdades aliás são temas que a permeiam,, bem como a solidão que se impõe como a Personagem por excelência.
A protagonista humana por outro lado parece se esforçar em ser detestada pelo leitor, talvez nem todos, muitos acredito vão relativizar, vão maquiar suas atitudes e em algum nível tentar justificá-las. A despeito da minha antipatia para com a protagonista devo elogiar a capacidade de Aline em construir uma personagem tão complexa. Os demais personagens apesar de não tão desenvolvidos também trazem conflitos extremamente interessantes.
É difícil não pensar em O Segredo do Abismo, ainda assim a autora toma caminhos muito diferentes. A despeito de toda a ação e mistério, a narrativa vai para caminhos muito mais filosóficos e existenciais. Curiosamente os capítulos mais poéticos e filosóficos são protagonizados por não humanos. As Águas-Vivas do título por exemplo, protagonizam um dos capítulos mais belos da obra.
As Águas-Vivas Não Sabem de Si é portanto, um livro extremamente poético, belíssimo em muitos momentos, quase uma carta de amor ao Oceano. Ao mesmo tempo medita sobre nossa incapacidade de real conexão e entrega ou mesmo nossa dificuldade em suportarmos a nós mesmos. A despeito da aparente simplicidade é um livro que vale releitura se não dele todo, de alguns capítulos, que trazem questões tão necessárias e profundas.

Julia4332 22/03/2024

+/-
Gostei do livro, não era o que eu esperava da história antes de ler, mas não posso negar que foi muito difícil não desistir. Achei a escrita confusa por vários momentos. Não diria que foi um processo prazeroso, mas haviam partes interessantes da história que me fizeram insistir nela.

gabesantto 18/03/2024

O Oceano Sabe
O maior protagonismo na história é do próprio oceano, não restam dúvidas, e conforme as páginas são repassadas as suas muitas camadas são apresentadas. Desde o mistério que carrega em suas profundezas, até sua consciência própria descrita nos últimos instantes da leitura. Acredito que narrar a perspectiva das criaturas marinhas tenha se encarregado disso na maior parte da obra. É como se na maioria das vezes, a única coisa que separava a vida marinha dos seres humanos fosse a capacidade de conseguir existir naquele ambiente, sem grandes engenharias e armaduras metálicas servindo como barreiras de proteção.


Cada indivíduo em Auris está na missão por algum motivo, seja a procura de uma incerteza ou para a defesa do que acreditam ser o certo para si, e assim como a imensidão das águas e seus curiosos habitantes vão preenchendo a história, isso também ocorre com os mergulhadores e as suas ambições, medos e segredos. Vão moldando os acontecimentos ali mesmo, nas profundezas, onde ninguém da superfície consegue controlar o caminho bastante sinuoso que aquela equipe estava desbravando. O relacionamento da equipe é totalmente moldado pelas expedições arriscadas, qualquer desequilíbrio que ocorra dentro da estação acarreta numa modificação daquela missão, e o estado de saúde (físico e mental) dos personagens tem uma trama especial dentro da história para isso.


Foi uma leitura bem aproveitada, embora minha espectativa fosse ler algo mais calmo para as noites do sono, acabei me surpreendendo com a história. Querer saber mais sobre o que ocorria naquelas águas foi o que mais cativou a minha leitura. A escrita da autora é bastante poética, e algumas frases tiradas do contexto em que estão inseridas rendem boas reflexões sobre a vida humana.

Miika2 15/03/2024

Li esse livro de início só pela capa e meu amor por águas vivas, porém agr vejo ele como uma emoção a ser sentida, algo q vc sabe q mudou algo em vc depois de acontecer... Recomendo esse livro para aqueles que buscam aprendizado sobre si mesmos.

Luciana 03/03/2024

Somos seres individuais com necessidade de nos conectarmos, seja com pessoas, animais, natureza, enfim, energias diversas.
Precisamos de atenção para que a solidão não nos consuma causando uma desconexão de nós mesmos.
Não é somente sobre o fundo do mar, é sobre nossas profundezas e muito mais.

pescemariana 01/03/2024

Melancolia profunda
Já terminei pensando em uma segunda leitura, porque sinto que assim de primeira não, lendo com voracidade, não me dei o tempo necessário pra absorver certas passagens. É realmente um livro pra se sentir. É uma narrativa que vai muito além da proposta de ser uma ficção científica, uma história tensa de exploração marítima em busca de contato com uma espécie misteriosa.

Me diverti muito, senti muito, pensei sobre mim mesma e sobre nós todos. Mal conseguia parar de passar por um capítulo após o outro mesmo nos primeiros momentos que podem ser chatos pra alguns, mas que pra mim foram de uma "monotonia" sempre interessante e instigante. É um livro que eu recomendo muito e que aumentou ainda mais a minha paixão pela autora.

E, gente, que final! Foi tão surpreendente, mas tava encaminhado desde o princípio. Não podia nunca acontecer diferente.

Vou ressaltar que tenho dúvidas sobre algumas partes, não da história, mas das reflexões e do que fica no subtexto. Por um tempo pensei em dar uma nota mais baixa, mas eu tenho esse problema de sentir dificuldade pra dar 5 estrelas. Pensando com o coração, não acho, no fim das contas, que é o que o livro merece.

luisasatie 04/02/2024

Isso equivale a um 6
Esse livro já estava na minha lista havia algum tempo e resolvi lê-lo, ignorando o que havia lido na contracapa e me apegando apenas ao seu título; intrigante. No início, não me foi uma leitura muito agradável, dada a escrita da autora, que se faz confusa, ao meu ver. segui por curiosidade, teimosia e porque "livro abandonado" não é um título que me apetece. Ao longo da trama, fui me entendendo com a história e sua maneira de ser contada, mas o que realmente me prendeu até o fim, foram as possíveis reflexões a respeito da vida na terra e a nossa ignorância enquanto "seres evoluídos". A gente tirou dos seres que já conhecemos o poder do sentimento e reconhecimento de si, colocando essa como uma condição humana, quando na verdade, assim como nós, uma água-viva pode se sentir solitária, quando não pertencente de um todo, e livre, pelo mesmo motivo. Somos iguais, eu quase tinha me esquecido disso. Obrigada pela lembrança.
3.5/5 pela escrita e pela personagem, que diversas vezes me irritou.

clairee 27/01/2024

Entender nunca foi o mais importante, a urgência sempre foi pelo impulso de preencher aquela solidão.
"mudanças sempre carregam uma dose de sofrimento, de doloroso rompimento, até de tragédia. para um novo planeta nascer, o anterior precisou morrer."

-um livro nacional que remete a grandes clássicos, que deveria se tornar um clássico.

Junior 27/01/2024

Quase abandonei... a história é muito interessante mas achei meio prolixo. Os capítulos no ponto de vista de animais marinhos são muito bons. O último principalmente.

Gabriella678 23/01/2024

As Águas-Vivas SABEM de si
A sensação de isolamento e a percepção da imensidão do oceano ao redor podem contribuir para a sensação de claustrofobia, é assim que cinco profissionais em um trabalho que envolve a mais teórica das ciências se encontram, acompanhar suas mentes e seus próprios dilemas faz esse livro ser um sentimento.
"O mais marcante a respeito delas era o fato de serem numerosas. Eram tantas que chegavam a se confundir com a própria água, o corpo quase líquido, os movimentos bastante fluidos, a transparência. Eram água e eram vivas."
Humanos quando estão em estado de solidão mental acabam se esquecendo que nada se faz sozinho, o egoísmo do mundo nos mata.

Janis 07/01/2024

No começo achei o livro bem devagar, difícil de engatar a leitura, mas depois fluiu. Não era o final q eu esperava, mas eu gostei bastante.