spoiler visualizarYanne0 07/10/2022
Ônix
Quando iniciei a leitura deste livro, admito que não estava esperando muita coisa dele. Não gostei do primeiro volume da série, não gostei da forma que a autora "desenvolveu" os elementos sobrenaturais da estória e não gostei de nenhum personagem. O "romance" também não me convenceu, porque o par romântico da protagonista é insuportável e trata a garota super-mal, mas, por mais que eu demore a ler uma série inteira (tenho o estranho hábito de acabar me cansando dos personagens caso eu leia os livros em sequência), não gosto de abandoná-las. Por isso, não abandonei esta.
A estória de Ônix começa logo após os eventos finais do primeiro livro. Daemon e Katy agora possuem uma ligação que é desenvolvida neste volume e também temos uma amostra das consequências que essa novidade traz a vida da garota (ela ganhou uma parte dos poderes de Darmon, precisa aprender a controlá-los e, como se não bastasse, Katy agora é uma híbrida). Diferente do que aconteceu em Obsidiana, não são os Aruns que oferecem um perigo maior aos Luxen e a Katy ? embora eles apareçam e sejam citados constantemente ao longo da narrativa ?, mas sim o DOD. Junto a isso, conhecemos um pouco mais da história dos Black ? especialmente sobre o irmão deles, que desde o livro anterior, é dado como morto.
Novos personagens são inseridos na narrativa e a autora tenta construir um clima de suspense baseado no "em quem devo confiar" que, a meu ver, não obteve muito sucesso por entregar demais em vários momentos e, assim, estragar a surpresa. Um dos pontos que me incomodou bastante em Obsidiana não foi repetido neste volume, ou seja, o excesso de diálogos rasos que não levavam a nada. No entanto, tiveram algumas repetições que foram exaustivas, por exemplo, temos a mesma lenga-lenga o livro quase todo ? Daemon dizendo que Katy gosta dele e Katy negando, apesar de que, lá no fundo, ela dê razão ao rapaz.
Falando nela, a teimosia da personagem me irritou bastante, especialmente porque grande parte da motivação para Katy agir assim estava baseada em Daemon e no que ele iria pensar. Ela sempre queria provar algo para ele, provar que era capaz de enfrentar os Aruns sozinha ou que não precisava da ajuda de Daemon para controlar os poderes que ganhou a partir da estranha conexão entre eles, mas, na maior parte das vezes, Katy só se metia em confusão. Pelo menos, a insistência da garota em ignorar os avisos de Daemon serviu de alguma coisa e acabei gostando do amadurecimento dela no final do livro, o que foi bom, porque a ingenuidade da personagem em confiar em Blake (um rapaz que aparece na cidade e que se mostra interessado nela) me tirou a paciência. Eu não sei se a autora quis trabalhar a inocência de Katy ou testar a inteligência do leitor, pois estava óbvio que ele não era confiável desde o início, e o texto fica dando voltas numa tentativa (falha) de criar uma dúvida do leitor.
Daemon, novamente, me estressou o livro quase todo. Se no primeiro ele era extremamente grosseiro com a Katy, neste ele não consegue ouvir um "não" e é inconveniente em quase todas as cenas. Sem contar que ele abusa da ligação que tem com Katy e utiliza dessa desculpa para aparecer de surpresa onde a garota está quando não é esperado, ou sequer convidado. Foi sufocante acompanhar o personagem invadindo o espaço pessoal de Katy, porque mesmo com as reclamações da protagonista, Daemon não para. Os dois têm química, sim, mas esse jogo de gato e rato não funcionou comigo. Achei infantil e beirando o mau gosto.
O terceiro personagem que é melhor desenvolvido na trama se chama Blake, o tal garoto que chega à cidade e que ganha um papel importante no decorrer da estória ? ele está ligado ao DOD e aos mistérios que rondam a organização. É Blake quem nos fornece boa parte das respostas para as perguntas que estão no enredo e quem ajuda Katy a controlar os poderes dela, já que os dois estão na mesma situação ? ligados a um Lux.
Os demais personagens da estória são rasos e mal explorados, o que é uma pena, pois eles tinham potencial, só que a autora não dá espaço para nenhum deles se desenvolver. Todos os personagens, exceto Katy, Daemon e Blake, somem no enredo e quando aparecem, não acrescentam em muita coisa. As duas amigas humanas de Katy, do colégio, não têm personalidade desde Obsidiana ? são mais do mesmo; inclusive, não consigo diferenciar quem é quem. Dee, que poderia ajudar a desvendar os mistérios da estória, é esquecida quando começa um relacionamento amoroso e perde a importância na trama; em outras palavras, as aparições dela são resumidas em comentários quotidianos e quase todos irrelevantes. Os trigêmeos Thompson, que participaram muito do livro anterior, viram meros coadjuvantes a ponto de, na maioria das vezes, serem apenas citados. Acontece uma perda no final de Ônix e, de verdade, eu fiquei mais triste pela Dee do que pelo cara que morreu, justamente porque o coitado foi tão mal trabalhado que não consegui sentir nenhuma afeição pelo personagem. As reviravoltas não foram tão surpreendentes, mas a história do irmão desaparecido foi legal. Espero que a autora não desperdice essa novidade.
Ainda continuo sem saber o motivo de Daemon ser o mais poderoso entre os Luxen da cidade. Até agora não teve nenhuma explicação.
Pontos positivos: o mistério para descobrir o que o DOD está fazendo na cidade me deixou curiosa e presa ao livro; a mudança de Daemon foi boa, mas ainda não gosto dele; a volta do terceiro irmão Black deu um gancho legal no final do livro e acho que a presença dele vai mexer com algumas coisas na estória e, por fim, as revelações a respeito dos Luxen e da ligação que pode haver entre eles e os humanos.