Bruno 22/07/2016
Muita expectativa, pouca realidade...
Sinopse:
Asperger é uma condição neurológica do espectro autista caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos.
O livro acompanha a vida de Jack Peter de 10 anos e sua família em uma cidade costeira no Maine. Jack sofre de uma condição rara, conhecida como mal de asperger e desenvolve agorafobia (medo de lugares abertos) após sobreviver a um afogamento ocorrido 3 anos antes. A história se desenrola com o menino presenciando monstros e eventos estranhos ao redor de sua casa, e não demora para que todos de sua família e seus amigos comecem a presenciar os mesmos problemas, ouvindo sons que não existem, espreitando rostos monstruosos e objetos inexplicáveis. O menino que desenhava monstros é um livro envolto em uma atmosfera de horror psicológico e uma leitura indicada para as noites frias e silenciosas.
Resenha:
"Amigos imaginários geralmente se vão sem aviso."
Nesse livro, acompanhamos o menino Jack Peter Keenan, um menino de 10 anos, que é vítima de uma rara doença conhecida como Mal de Asperger. Essa doença, do espectro autista, afeta a pessoa tornando-a introspectiva e difícil de socializar. J.P., ou Jip, como é mais comumente chamado, também foi vítima de um afogamento acompanhado de seu melhor amigo quando tinha 7 anos de idade. Como sequela desse trauma, o garoto desenvolve uma fobia de lugares abertos (conhecida de agorafobia), um trauma tão forte que faz com que o menino fique recluso em sua casa por quase 3 anos, saindo com muito esforço apenas para visitas ao médico.
J.P, pela condição do mal que sofre, geralmente desenvolve novas obsessões com regularidade, alternando entre tipos de brincadeiras, leitura de quadrinhos, guerras com soldadinhos de plástico e finalmente a sua última obsessão, que é a arte de desenhar monstros.
Durante esse período, conhecemos também o seu único e melhor amigo, Nick Weller, um garoto comum da idade de J.P que devido a grande amizade entre suas famílias, se torna a única pessoa que mantém contato com o protagonista da nossa história. Nick mantém esse laço a contragosto na maioria das vezes, por também achar J.P um garoto estranho e cheio de manias estranhas.
A história começa com um bom clima de suspense psicológico, bem parecido com um bom filme do gênero, criando boas expectativas do que pode ser encontrado. Os problemas da família Keenan se desenrolam quando Jack começa a mencionar pesadelos e monstros rondando sua casa e seu quarto. Essa rotina e também o fato de seus pais não acreditarem em suas visões, começam a tornar o garoto cada vez mais agressivo e introspectivo. Não demora até que os seus pais também comecem a perceber alguns fenômenos inexplicáveis: visões de criaturas estranhas, barulhos constantes ao redor da casa, choros de crianças e até agressões de seres não pertencentes ao nosso mundo.
A história tinha tudo para se desenrolar bem, pois o plot é muito bem pensado, mas o autor falha com descrições carregadas, descrevendo o cenário com uma riqueza totalmente desnecessária de detalhes. A lentidão de cada capítulo e o fato de cada um acabar sem clímax, faz com que o livro demore muito a ser lido pela falta de interesse no que está por vir. Comentando mais sobre clímax, o autor demora muito para criar esses pontos de tensão e é muito rápido em acabar com esses momentos, fazendo com que muita coisa colocada lá não tenha sentido e não seja amarrada. O plot muitas vezes tenta te conduzir e abre muitas frentes que oscilam entre sub-utilizadas e não-utilizadas, incluindo personagens secundários que não possuem algum tipo de carisma e desenvoltura.
Esse sentimento, de falta de carisma, pode ser atribuído a todos os personagens. O livro não conseguiu me cativar a me importar com a família Keenan, pois a abordagem com relação aos sentimentos e aos personagens são rasos, o autor se dedica muito ao cenário e esquece um pouco de fazer com que gostemos daquele núcleo e de suas crias.
“Na casa dos sonhos, o garoto ouvia o som do monstro debaixo de sua cama”
Muitas pontas e possibilidades são criadas e quanto mais próximo ao final, mais crescente é o sentimento de desesperança sobre o que pode ser desenrolado e amarrado. Um livro com um enorme potencial, mas de desenvolvimento arrastado, lento e penoso. Muitas resenhas e muitas análises recompensam o livro pelo seu final, que embora muito original e realmente bom, não consegue costurar tudo o que foi criado. Fica a pergunta que sempre me faço:
- Um livro bom com final ruim é melhor que um livro ruim com final bom?
Claro que todos gostariam de um livro bom com final bom e embora muitos achem que esse livro entrega isso, eu discordo.
E vocês, o que acharam? Compartilham da mesma sensação que tive? Se não, vamos conversar um pouco nos comentários.
Quero dar uma salva de palmas para a Darkside Books por uma das melhores capas que já vi. Os detalhes e a sinopse marcada com giz de cera foram sublimes. O marca página e os itens puxados para a cor roxa foram a cereja do bolo. Parabéns por mais uma edição épica.
"O Menino que Desenhava Monstros" ganhará uma adaptação para os cinemas, dirigida por ninguém menos que James Wan, o diretor de Jogos Mortais e Invocação do Mal.