Mari Sales 15/12/2016
O metódico versus a impulsividade
Tutor: O metódico versus a impulsividade. Proporcionando momentos de emoção e realidade, Sue Hecker aborda em seu livro um assunto um pouco mistificado, o transtorno obsessivo compulsivo, mais conhecido como TOC, em seu mocinho de olhos verdes penetrantes. Preparem-se para personagens fora do padrão e com muita bagagem.
Totalmente narrado em primeira pessoa, variando entre Pedro e Bya, essa história se mescla com alguns acontecimentos do livro “O lado bom de ser traída”, mas a narrativa focou, exclusivamente, no casal. Bom para nós, leitores, que temos a oportunidade de saber, do início ao fim, o surgimento da personalidade de cada personagem e suas motivações.
Teimosa, atrevida e muito ciumenta, Beatriz Eva, ou Bya, foge do padrão de
mocinhas legais e gente boa. Ela tem um bom coração, é apaixonada e companheira, mas não é perfeita. Ela é gente como a gente, humana, impulsiva e um pouco inconsequente. Tudo bem se você não é assim, mas tenha a mente aberta para aceitar as loucuras de Bya.
“— Sim, quero que ele seja meu amante, meu homem, meu macho. Ou seja lá qual rótulo ele possa querer me dar.”
Tático e metódico, Pedro Salvatore entra na vida de Bya e vice-versa, para chocar os mundos. Enquanto ele é guiado por padrões e métodos, ela é guiada pelo impulso e pelo coração. Pedro sofre com TOC, mas não o transtorno que estamos acostumados a rotular um amigo, mas o transtorno que atinge as pessoas que realmente possuem esse transtorno.
“...acho que quando estamos muito aflitos e ansiosos, passamos por possíveis portas pelo labirinto e não enxergamos a saída, porque ficamos cegos com a nossa obsessão.”
Trôpega por causa de um acidente de carro que perde seus pais, Bya vira tutelada de Pedro, que era o parente mais próximo dela, já que a mãe dela era a filha da segunda esposa do pai de Pedro. Isso mesmo, eles não são parentes de sangue e, além do transtorno do Pedro, existe todo esse “rolo” familiar por trás e a recuperação do acidente de Bya.
Temperado com cenas íntimas criativas e preliminares excitantes, Bya protagoniza uma das cenas mais impertinentes que já li, quando espera Pedro em casa enquanto, na televisão, passa um filme pornográfico. Como de costume na vida desse casal, é claro que a cena tinha tudo para começar bem e terminar bem, mas começou mal e terminou muito... muito bem!
“P:> Viciada em churros ou em doce de leite?
B:> Em você.”
Tocada pelo conflito interno das personagens, deparei-me com assuntos que não tinha domínio e que me instigaram a pesquisar mais sobre: TOC, perda de memória, Brainspotting e arquitetura. Muito me agrada livros que, além do prazer da leitura, me estimulam a pesquisar e a querer saber mais sobre o assunto abordado.
Tendo em vista que a mocinha tem tendências impulsivas e a construção do amor entre o casal está fora do padrão (que, nas minhas leituras são: amor à primeira vista, se conhecerem com alguns imprevistos, revelação de um segredo que abala a confiança e o perdão), alguns leitores podem estranharem.
Tratado de uma maneira criativa, acompanhamos a evolução do Pedro em tratar o TOC, juntamente com a evolução da maturidade de Bya, que começa insegura, tanto quanto Pedro. Para os românticos e apaixonados de plantão, encontramos várias surpresas inusitadas no livro, como uma música exclusiva (www.youtube.com/watch?v=SV8-2ezK26M).
site: http://www.resenhasnacionais.com.br/2016/05/sue-hecker-tutor.html