Marcos Pinto 12/07/2016Amor à moda antiga é um livro poético de grande beleza. Contudo, apesar do termo “moda antiga” no título do trabalho, o que encontramos aqui uma poesia contemporânea que não se prende aos padrões estéticos “antigos” ou clássicos. O que importa na escrita de Carpinejar é o sentimento retratado e esse sim é “antigo”, por ser belo sem vergonha de se expor.
Como dá para se imaginar pelo título, o livro é uma obra que foca no lado sentimental, principalmente amoroso, abordando as diversas nuances dos sentimentos. Do ciúme ao amor; da ternura à volúpia. Isso dá à obra uma qualidade interessante: a de poder acompanhar o leitor nas mais diversas fases do seu relacionamento.
Como já dito, a obra possui uma abordagem bem contemporânea na construção do texto, constituindo-se a partir da ausência de elementos fixos de métrica e rima. Outro elemento característico dos textos é o tamanho diminuto. Em alguns momentos, alguns textos também lembram versos que são facilmente encontrados em redes sociais, o que ajuda com que leitores menos experientes se interessem pela poesia.
Quanto à parte física, a obra continua tão bela quanto no seu conteúdo. A capa possui uma jacket em alto-relevo belíssima. A diagramação interna também é muito bonita, com diversas páginas em verde, da mesma cor da capa. Outro detalhe chamativo é que a obra foi toda elaborada em uma máquina de escrever antiga, não tendo nada sido modificado posteriormente. O livro foi publicado ainda com as correções do autor, o que dá um ar todo especial ao trabalho.
De uma maneira geral, Amor à moda antiga é um livro ótimo, que convence e que transmite belíssimos sentimentos. Apesar de não ser a melhor obra do gênero, merece destaque por se valer de elementos simples para construir textos ricos. Sem dúvidas, uma leitura recomendada.
Alguns trechos:
“Tiro a minha roupa
enquanto a sua mão
vai me vestindo.
nunca estarei nu
em seu corpo.”
“só é livre quem não ama.
amar é nascer de novo
com o mesmo desamparo,
sem direito a escolher o nome
os pais, a casa.
é assumir as consequências
de um destino emprestado”.
“ainda ama,
dolorosamente ama,
quando já separado
e vai transar
e não há como desfazer
o mal-estar
de que está traindo.”
“quando o ódio
casa com o amor,
nasce a vingança.”
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