Naty__ 13/03/2020"Vertigo – Um corpo que cai" acaba de chegar ao Brasil com uma edição de luxo lindíssima da coleção de Hitchcock. Capa dura, alto relevo e um trabalho estético para encantar qualquer leitor, principalmente os fãs de Hitchcock como eu. Este romance noir foi adaptado por Alec Coppel e Samuel A. Taylor e filmado por Alfred Hitchcock em 1958.
Gévigne, um antigo colega dos tempos de faculdade, pede ao detetive Flavières que investigue Madeleine sua mulher. O que Flavières jamais poderia prever é que essa investigação causaria o tamanho transtorno na relação de amizade entre os dois e nos sentimentos dele, afinal, o jovem se vê perdidamente apaixonado por ela. E agora? O que fazer?
Seu cliente pede para investigar o motivo da mudança de comportamento de sua esposa, suas ausências, seus mistérios, uma melancolia que a leva a olhar para as águas do Sena por horas a fio. O que há de mais estranho é que não há sinal algum de amante, nenhuma doença e nenhuma simulação. Há apenas uma relação estranha com a bisavó.
É difícil não querer finalizar a leitura no mesmo instante em que começamos. Boileay e Narcejac nos prendem, nos arrastam para a história e não nos solta enquanto não queremos acalentar o coração de Flavières, descobrir os desconfortos de Madeleine e o tormento de Gévigne.
Ao finalizar a leitura é possível sentir dó, pena, raiva, agonia e medo. Seria mentira se dissesse que não senti, tanto desta história quanto de alguns personagens. Um medo inexplicável e, ainda, quando finalizei a leitura, apaguei as luzes do quarto e senti que tinha mais alguém nele, como se Flavières estivesse nele procurando Madeleine.
Foi uma leitura que li rapidamente, embora os diálogos não ocorressem o tempo inteiro, já que em muitos momentos temos as divagações de Flavières. Porém, a narrativa excelente proporcionou uma leitura ágil e fluida. Não tenho do que reclamar. Cinco estrelas e com o desejo de que tivesse mais um volume dessa obra – uma pena que as pontas tenham ficado tão fechadas com tudo resolvido e não existe essa possibilidade. Adeus, Flavières, Gévigne e Madeleine!
Quotes:
“- Você me dá medo – ele disse. – Mas preciso de você... Talvez precise ter medo... para desprezar essa vida que levo... Se ao menos tivesse certeza de que não está enganada” (p. 67).
“Há rostos que esquecemos; eles se gastam; o tempo os rói como aquelas figuras de pedra, nos umbrais de catedrais, cujas testas e faces pouco a pouco perderam o modelado, a palpitação da vida. Mas ela continuava intacta no fundo dos olhos de Flavières. O sol das tardes brilhava outrora ao redor dela como um nimbo” (pps. 105-106).
“Só os olhos continuavam perfeitos; só eles traíam Madeleine. Flavières pagou e foi até ela. Sentia vontade de abrir os braços, para abraçá-la ou para estrangulá-la” (p. 137).
site:
http://www.revelandosentimentos.com.br/2016/08/resenha-vertigo-um-corpo-que-cai.html