Marcos Pinto 07/01/2017IncrívelEm Lordes dos Sith, temos dois lados bem distintos tentando provar algo. No primeiro, um relacionamento conturbado e cheio de palavras não ditas entre Darth Vader e o Imperador Palpatine – o Darth Sidious. Como os Sith tem a tradição de lutas internas e pupilos matando mestres, o Imperador testa Vader continuamente. Ele quer saber até que ponto vai a sua lealdade. Será que o antigo cavaleiro jedi se mostrará realmente um homem de confiança?
Do outro lado, temos o movimento Ryloth Livre, com os twi’leks Cham e Isval como líderes. O primeiro é o grande estrategista e quer libertar o seu povo, o seu planeta; ela, por sua vez, o ajuda de todas as maneiras possíveis e sonha com uma rebelião em toda galáxia, onde a luta pela liberdade se mostre verdadeiramente forte. Eles lutam para derrubar o Império; batalham para provar a todos que é possível.
Quando Vader e Palpatine vão visitar o planeta Ryloth, Cham e Isval veem o momento perfeito para colocar o seu plano em prática e derrubar os principais homens desse regime opressor. Quando Sidious pressente o que está para acontecer, percebe a excelente oportunidade de testar Vader em todos os seus limites. Desse confronto surgirá uma aventura épica, cheio de heroísmo e ódio, bondade e crueldade, justiça e tirania.
“Ele sabia que a armadura aterrorizava os outros, e isso lhe dava prazer. Usava o terror como ferramenta para alcançar seus objetivos. Certa vez, Yoda lhe dissera que o medo conduzia ao ódio, e o ódio ao sofrimento. Mas Yoda se enganara. O medo era a ferramenta usada pelos poderosos para acovardar os fracos” (p. 21).
Partindo dessa premissa, Paul S. Kemp cria uma trama alucinante, envolvente e ágil. O autor aposta, para ganhar o leitor, em uma escrita leve, fluída, sem perder a profundidade, o que dá muito certo. Ademais, o Kemp usa outra estratégia com perfeição para cativar os fãs do universo Star Wars: bons personagens.
Nesse quesito, Darth Vader e Palpatine, obviamente, chamam a atenção. Apreciar mais de perto a relação entre o mestre e pupilo é simplesmente fascinante. Os diálogos são inteligentes, as respostas muitas vezes são deixadas no ar. No momento em que os dois aparecem, a aura de poder e de sabedoria é imensa. Contudo, da dupla, destaca-se bem mais o Imperador; seu poder e conhecimentos são demonstrados de um modo intenso, aprofundando o universo Star Wars e dando mais sentido aos filmes e livros.
Cham e Isval também possuem construções exemplares; principalmente a segunda. Ela mostra-se uma personagem inteligente, forte, determinada e que conquista o leitor sem dificuldade. A sua ânsia por liberdade galáctica é comovente e faz com que reflitamos também sobre a nossa realidade.
“Paz. Só os mortos têm paz” (p. 24).
Os jogos de poder e as tramas políticas, como já são comuns no universo Star Wars, também estão presentes nessa trama. Em Lordes dos Sith, acompanhamos bem o planejamento político para a dominação total, a luta pela liberdade, o anseio por um governo justo e principalmente a ambição política. Fica impossível não fazer paralelos com a nossa realidade, onde muitos jogam sujos e massacram os mais fracos para alcançar cada vez mais poder.
Quanto à parte física, restam também apenas elogios. A capa idealizada pela Editora Aleph é um verdadeiro espetáculo, sendo uma das mais bonitas da série. A tradução e revisão também estão excelentes, ajudando a termos uma leitura agradável. Por fim, também temos uma diagramação que não deixa a desejar: sendo linda e confortável.
Em suma, Lordes dos Sith é uma obra que precisa ser conferida por todos que gostam do universo Star Wars. Aliás, é uma boa pedida também para quem não gosta ou não conhece, sendo uma boa porta de entrada. Os personagens cativantes, a trama bem delineada e todos os jogos políticos são completamente envolventes. Sem dúvidas, você irá gostar do livro.
“Terrorista, não: combatente em prol da liberdade” (p. 95).
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http://www.desbravadordemundos.com.br/2017/01/resenha-lordes-dos-sith.html