fernandaugusta 23/04/2024Achados e Perdidos - @sabe.aquele.livroJohn Rothstein é um grande nome da literatura americana. Criou uma saga famosa, em que um jovem chamado Jimmy Gold vive uma história inspiradora. No ano de 1978, está há 16 anos sem publicar nada, vivendo isolado em uma fazenda em New Hampshire. É lá que Morris Bellamy o encontra, com 23 anos de pura fúria reprimida contra Rothstein.
Morris é obcecado pela trilogia Jimmy Gold, e inconformado com o final da história. Com dois comparsas, ele decide assaltar a fazenda. Seus companheiros estão interessados no dinheiro de Rothstein, Bellamy quer os supostos cadernos de escrita que o autor guarda na propriedade, já que, segundo boatos, Rothstein nunca parou de escrever.
Em um impulso vingativo, Bellamy acaba matando o escritor. Completamente ensandecido, logo também elimina os comparsas. Porém seu plano para os cadernos de Rothstein não dá certo, ele é preso por outros crimes, mas não antes de enterrar um baú com o dinheiro e os cadernos roubados... que anos depois são encontrados por um adolescente de 13 anos, Peter Saubers. Saubers nem imagina, mas 35 anos depois, Bellamy é solto e seu objetivo é ter seu tesouro para si.
Bom, viram que o nome do detetive aposentado Bill Hodges nem apareceu neste resuminho? Pois é, não aparece no primeiro terço do livro e só entra em ação no segundo terço. Esse é um dos pontos fracos deste livro, na minha opinião. O detalhamento absurdo da situação do roubo, da família de Peter, e da personalidade muito louca de Bellamy consomem boa parte das páginas, e a história não é tão dinâmica quanto Mr. Mercedes.
Mas King é King, e sua escrita leva o livro nas costas com tiradas incríveis, criando um autor fictício com uma obra que gera muita curiosidade, e desperta paixão, amor e ódio em quem a lê. Tanto que Morris e o próprio Peter ficam obcecados com os cadernos de Rothstein - e que justifica a frase de contracapa: "o poder da literatura de mudar vidas - para o bem, para o mal, para sempre."
Ponto positivíssimo: vários crossovers com a história anterior e todos os personagens da Achados e Perdidos (a agência que Hodges abriu com Holly) em grande estilo, com destaque para Jerome, meu favorito depois do detetive aposentado.
O final do livro é muito bom, mas o ápice mesmo é a introdução do próximo volume. Essa parte me deu calafrios (e em Hodges também) pelo que prometeu!
"Se você está se divertindo, eu também estou", diz SK em seu agradecimento ao leitor. Eu estou, King, obrigada! Mais um para a conta do Mestre do Terror, que escreve suspense como ninguém.