Marjory.Vargas 27/08/2023Todos nós já lemos vários livros (ou ao menos um) sobre a Segunda Grande Guerra. Porém, nenhuma das obras, de ficção e não ficção me preparou para o que encontrei nesse livro. A guerra não tem rosto de mulher conta a história das mulheres russas que lutaram no front (atiraram, mataram, salvaram, desarmaram minas…). O livro foi publicado em 1985, mas só em 2016 foi traduzido para o Brasil.
O livro é dividido em temas, e repleto de depoimentos. A escrita da autora é tão boa que, lendo os depoimentos, é como se estivéssemos sentadas conversando com essas mulheres que lutaram tão bravamente.
Esqueça aquela imagem de soldados alinhados, um pouco sujos, com alguns arranhões. O que vemos nesse livro são pernas e braços dilacerados, falta de suprimentos médicos, escolher entre salvar um e outro porque não dava tempo de salvar os dois… A morte é o único elemento presente em todos os capítulos.
Apesar de o título falar de mulheres, preciso ressaltar que muitos depoimentos eram de jovens que tinham treze, quinze anos quando a guerra começou. E muitas mentiam a idade para poderem ir a luta, pois ninguém queria ficar esperando a morte bater na porta de casa.
Esse é um livro sobre mulheres… Mulheres atiradoras de elite, enfermeiras, cirurgiãs, pilotas, oficiais de comunicação… Mulheres que iam combater com os filhos nas costas… que escondiam remédios e suprimentos entre as roupas dos filhos para passar pelos postos de controle alemãos… mulheres que esqueceram que eram mulheres durante anos…
É uma leitura cruel, mas necessária. A guerra narrada pelos homens é cheia de atos heroicos. A guerra narrada pelas mulheres é cheia de dor, sangue, desafios e perdas.