Anselmo.Silvino 08/06/2016Em uma viagem turística pelo Egito, Nick Hayes, filho de um político acusado de corrupção, compra despretensiosamente uma corrente com um pingente de escaravelho. Mal sabia que o objeto havia sido saqueado de uma escavação arqueológica na tumba onde foi encontrado. E o que tanto ele, os arqueólogos e os ladrões também desconheciam era a importância do objeto.
De volta aos Estados Unidos, Nick é mandado a um internato numa pequena cidade, para ser mantido longe de todo o furor midiático envolvendo a carreira do pai. Lá ele compra o livro de um estranho ufólogo (por puro divertimento, já que ele não acredita em nenhum dos disparates que Jonathan Petropoulos diz), que desenvolveu uma teoria defendendo a existência de alienígenas, inclusive camuflados entre os humanos nos dias atuais, e de portais para outros mundos nos locais onde são frequentes as aparições de OVNI’s.
Por meio desse livro Nick se torna amigo de Blair, que leva absurdamente a sério a teoria de Petropoulos, chegando ao cúmulo de fazer cálculos que lhe revelariam às coordenadas dos tais portais. E um desses supostos portais fica exatamente nas montanhas Adirondack, próximas ao internato, nas quais eles irão fazer um acampamento nos dias seguintes.
Ao deixarem furtivamente o acampamento para procurar o portal, eles descobrem que sim, ele existe e que o escaravelho de Nick, de alguma forma, é capaz de abrí-lo.
“O medalhão em formato de escaravelho parecia apenas mais um souvenir inofensivo que Nick colhera em uma de suas andanças ao redor do mundo. Qual não foi seu espanto ao se deparar com um inexplicável buraco negro naquela excursão boba da escola? Mal sabia ele o quanto as consequências de seus atos seriam, no mínimo, catastróficas.”
Pois é! Ao abrir um portal, todos os outros também se abrem — e a pessoa portadora da “chave” torna-se guardiã dos portais, sendo a única capaz de fechá-los novamente. Mas os portais tinham uma ótima razão para permanecer fechados, pois funcionam como uma forma de prisão para o que está do outro lado e…
Enfim, sem spoilers. O que se segue é uma missão desenfreada — na tentativa de fechar os 7 portais antes que algo os atravesse — , na qual nossos protagonistas irão enfrentar grandes perigos nos lugares inóspitos e nefastos onde ficam as travessias, bem como pessoas interessadas no fracasso da missão. Mas também irão contar com a ajuda de aliados que irão prepará-los e auxiliá-los na sua tarefa, mas até que ponto eles são confiáveis?
O escaravelho dos deuses: lugares malditos é o romance de estreia de Marianne Santiago, cuja experiência de escrita anterior era com fanfics de Harry Potter. Alguns traços dessa influência ficam visíveis nesta obra, como a organização da história em capítulos pequenos, narrados (com muito bom humor) em terceira pessoa e centrados, em sua maior parte, nos pensamentos e ações do protagonista.
“ — Eu sinto muito, não tenho sido eu mesma nesses últimos dias. Acho que ainda não consegui superar o fato de que Plutão realmente não é um planeta. Juro que tinha alimentado esperanças de que com a chegada da New Horizons toda essa conversa de planeta-anão não passasse de um mal-entendido. Eu amo Plutão, eu tive um peixe chamado Plutão.”
A missão dividida em sete partes também lembra a tarefa de Harry de destruir as horcruxes, mas em nenhum momento se poderia dizer que o enredo “copia Harry Potter”, pois a criatividade da autora se sobressai, os elementos da narrativa, que é bastante fluida, prendem facilmente o leitor, que ao fim de cada capítulo se vê com uma nova surpresa que impulsiona a leitura.
Para quem se interessar, o livro está à venda no site da Editora Moinhos. A edição ficou muito caprichada, com apenas alguns deslizes de digitação, mas nada que atrapalhe a leitura.