Lê Golz 03/09/2016Romântico!! Perfumes de Paris é um lançamento da Primavera Editorial e faz parte da Coleção Amores Proibidos. Depois de entender a definição e diferenças entre um romance de época e um romance histórico, dificilmente classificaria a obra com o primeiro gênero, principalmente por ela ser um pouco diferente dos romances de época que já li. Além disso, diferente dos romances históricos, esse livro não traz um grande aprofundamento histórico como o gênero prometeria, mas tem elementos que o classificaria como tal. Dessa maneira, ao meu ver, entendo que Perfumes de Paris é uma mistura dos dois gêneros, que embora pareçam ser iguais, não são. Vou explicar melhor no decorrer da resenha.
A trama gira em torno de Charlotte, a herdeira de todas as propriedades de Armand de Chermont, Marquês du Broc e Conde de Grasse. Apesar de todas as restrições que a sociedade do século XIX impõe, nossa protagonista é determinada a ter sua liberdade e frequenta todos os lugares de Paris, como bem desejar. Além disso, ela consegue certa independência ao montar sua própria perfumaria. Um dia encontra Pierre, o homem a quem via em seus sonhos, e a partir de então começa a viver um amor proibido, uma vez que ele aparentemente não é afortunado quanto ela. Para ficarem juntos, além de precisarem da aprovação do avô de Charlotte, ainda terão que enfrentar a descoberta de um segredo.
Sayonara tem uma escrita maravilhosamente envolvente e sua narrativa lembra muito os clássicos históricos, com poucos diálogos, podendo dessa maneira tornar a leitura mais lenta em alguns momentos, mas não interferirá no envolvimento do leitor. Em primeira pessoa, podemos acompanhar os mais profundos sentimentos da protagonista e seu romântico envolvimento com Pierre. Com uma escrita linda, poética e cheia de sentimentos, a autora conduz o amor dos personagens.
A obra não possui o aprofundamento histórico que estava esperando, e essa é minha visão da obra, mas nos remete às ruas de Paris daquela época, sem descrições extensas ou cansativas e sempre romantizando as cenas do casal, o que me agradou bastante. Não trabalhar os fatos históricos e somente citá-los como pano de fundo é uma característica marcante dos romances de época, assim como a criação de uma mocinha ousada. Além disso, romances de época são mais leves, divertidos, e menos dramáticos e trágicos. Por esses motivos, senti que a obra é uma mistura dos dois gêneros, o que de certa forma me agradou, já que amo os dois.
O que talvez tenha me desagradado é a falta de desenvolvimento sobre as restrições impostas a ousadia da protagonista. Toda mocinha à frente de seu tempo quer sua liberdade e independência e, assim luta por ela, e Charlotte é de fato bastante decidida. Mas senti falta das cobranças da sociedade, que jamais passariam em branco diante das inúmeras atitudes da nossa mocinha, como passar noites fora de casa, por exemplo. Que escândalo! O avô dela nunca disse nada! Apesar dessa pequena ressalva, gostei da criação dos protagonistas e a menção ao passado da família dos mesmos.
"Entendi ali, para sempre, que o amor pode ser como o ar: nós não o vemos, ele não nos responde com clareza, mas se renova em nosso resfolegar de vida, que se repõe sempre que alguém ama de verdade." (p. 11)
O livro é extremamente romântico e meloso. O casal se mostra o tempo inteiro totalmente apaixonado e dominado um pelo outro. Para quem gosta de romances com diálogos bastante sentimentais e por vezes dramáticos, com certeza irá gostar do desenvolvimento da obra. Mas não recomendaria para quem não gosta de romances melosos.
Não posso deixar de recomendar o livro para quem ama um bom romance, com doses de drama e um pano de fundo tão maravilhoso quanto Paris. Apesar de não idolatrar casais melosos, gostei da escrita da autora e adorei conhecer os protagonistas, bem como o passado trágico de seus antepassados. Torci como sempre por um final feliz. Quem curte romances nesse estilo, Perfumes de Paris é uma ótima dica.
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