Trópico de Capricórnio

Trópico de Capricórnio Henry Miller




Resenhas - Trópico de Capricórnio


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AllanM 09/08/2012

"Trópico de Capricórnio", de Henry Miller
Quando se fala em Henry Miller, não só entre nós, homens letrados, mas entre qualquer um que tenha lido qualquer resenha de sua obra, logo e a única coisa que vem à mente é um homem pornográfico e viril o máximo possível, transbordando poesia e literatura como um bacante moderno numa surreal Paris dos anos 30, poética até à medula, erótica em cada olhar, mesa de restaurante ou casarão em decomposição engolfado pela neblina e apatia parisienses. Mas isso tudo é apenas um poslúdio daquele um tanto mais profundo, pornográfico e cru tratado da modernidade que li em minha juventude na tradução de Aydano Arruda, um tratado de uma modernidade que já se mostrava senil: Trópico de Capricórnio.

Esse livro veio parar em minhas mãos de forma obscura e misteriosa num período onde a tribulação, a fraqueza, o vazio e a falta de esperança me atingiam de forma enlouquecedora. Antes de tudo, Miller era, da forma que falei, esse bacante moderno conhecido apenas por aquele erotismo que envolvia Trópico de Câncer o que quero dizer com isso tudo é que, ainda hoje, mal sabem que ele é mais que erotismo, pornografia, rebeldia e embriaguez O que me deixa mais desconfortável é que tomem Trópico de Câncer como a realização máxima de um lirismo dionisíaco de Miller. O que percebo é quase o oposto, ou seja, que tal obra essencialmente não deveria existir em separado de sua irmã: Trópico de Capricórnio.

Se Câncer é o tratado lírico-erótico de uma Paris inebriante, Capricórnio é sua antítese: o horror niilista, incompreensível para qualquer alma comum e média foi preciso que Miller se desvencilhasse dessa mediocridade para que pudesse ser minimamente capaz de escrever Câncer. Talvez seja exatamente por isso que tal obra, Trópico de Capricórnio, que foi escrita depois, mas cuja história se passa antes da ida de Miller a Paris, seja vista muitas vezes apenas como um prelúdio a uma elevação muito maior que foi Câncer.

E eis o ponto a que eu queria chegar: ela é incompreensível para a alma média, pois tais almas muitas vezes não se entregam com tanto suor, sangue, sofrimento e paixão quanto Miller verteu em seus turbulentos dias em Nova Iorque. É preciso compreender o nada da existência, ter vontade de se afogar no Golfo do México, é preciso afundar-se de modo inumano nos mais baixos, sujos, frios e musgosos esconderijos da existência e ruminar como um camelo suas cargas ideológicas da primeira metamorfose do espírito: ruminar uma existência sem sentido, uma existência que não havíamos pedido abortar-se voluntariamente uma existência que só é preenchida pelo vazio sensorial que acomete Miller em sua odisseia pelo Brooklin e suas mulheres com doenças venéreas e perfumes baratos, os colegas de trabalho medíocres com seus escritórios sufocantes de ar de perpétua flatulência tudo isso é preciso ser deixado de lado para se alcançar a metamorfose, a transmutação do espírito apenas aí se é capaz de escrever uma obra como Trópico de Câncer, uma obra lírica, pura, inocente, mesmo em meio à fealdade e degeneração penas quem é capaz de fugir do caos pode dançar e iluminar como uma estrela.

Não é de se admirar que depois de ter alcançado a Paris tão desejada, a selva de ideias, mulheres, poesia, bebida, pobreza, riqueza e arte, Miller tenha desejado se tornar criança fiquem espantados quando a próxima transmutação seja em criança: o ego dissolvido, a fuga das amarras, tudo isso leva esse ser inocente a construir seus próprios valores; mais afirmador que um bacante, uma criança passa pela vida sem reservas. Não é de se admirar que Miller desejasse no fim de sua vida alcançar tal grau de elevação onde pudesse (como uma criança) escrever apenas nonsense (!).

Por isso tudo surge, no Trópico de Capricórnio, sua admiração por aqueles seus irmãos metafísicos aqueles seres de nomes exóticos que Miller só veio conhecer tempos depois, a prova de sua necessidade metafísica e a prova derradeira de que ele era o irmão espiritual daqueles homens artísticos que podem se comunicar clara e belamente através do tempo e do espaço como nenhuma máquina será um dia capaz de fazer os homens se comunicarem: Tristan Tzara, André Breton, Hugo Ball, Guillaume Apollinaire, os surrealistas franceses, os dadaístas que usavam as palavras como crianças

Trópico de Capricórnio é, como o próprio Miller diz, uma negação e uma afirmação da vida em um único tratado: não há valor que nos motiva, mas esse fatalismo por si é o maior e único motivador dos espíritos-livres, e apenas dos espíritos-livres há uma passagem onde Miller diz: eu imaginava que em algum lugar fora de mim, na vida, como dizem, estava a solução para todas as coisas. Procurei algo a que agarrar-me e nada encontrei. Dizer sim e não, mas dizer Sim acima de tudo! Nova York e sua degeneração são necessárias para gerar aquele que irá criar uma obra que nenhum parisiense poderia escrever: ele não estava no topo de uma bela montanha, muito menos no lago de uma planície: para retratar as pessoas daquela forma surreal que Miller faz é preciso estar em paralelo com o cosmo que o cerca, olhar a humanidade nem de cima nem de baixo, mas da mesma altura: dali de cima na ponte do Brooklin.

Julgo essa obra de Miller mais importante que Trópico de Câncer ou Sexus, Plexus, Nexus, pois ela é o símbolo daquela que é a primeira, tão difícil, árdua e necessária metamorfose do espírito. Sem ela, nada é possível de ser criado. Miller retrata com maestria surreal essa metamorfose sem se ater a conceitos filosóficos ou acadêmicos, sem usar de psicologia ou filosofia baratas, sem recorrer a críticas ressentidas, sem utilizar ataques baixos ou uma ofensiva cega e não retira sua força para a fuga de livros ou de filósofos: retira da própria vida e da própria morte toda a experiência necessária para a dança, para o renascimento e para a criação.
Dom Ramirez 12/12/2013minha estante
Sensacional sua resenha meu caro. Gostaria de conseguir escrever tão bem sobre esse livro. Parabéns e obrigado.




Osmar Weyh 24/02/2023

Boceta, boceta, boceta...
Tudo bem que essa obra trate de uma biografia de ficção, mas sinceramente. Há uma ficção até então bem rala, pois de fato temos uma espécie de diário de um homem que apenas pensa com sua cabeça de baixo. A obra em si é quase uma conversa com um bêbado, o trato ao qual expõe o sexo feminino é de tão baixo escalão que não há o menor respeito, quer seja por raça ou idade. Para ele, as mulheres são objetos apenas para saciar seu prazer primitivo, ou seja, fornicar. Há inclusive o relato, não só de estupro, mas também de menores de idade, onde inclusive, se submetem ao aborto com o temor de represaria da família, uma vez que o mesmo não assume a paternidade. Doenças venéreas e o sexo com meretrizes é o mais comum também. Na verdade, é um relato da vida sexual do personagem e essa objetificação como a mulher sendo exclusividade uma propriedade a satisfação do coito masculino. Uma leitura densa, de baixo calão, perdida e desconexa do nosso tempo. Muitas vezes se via o real interesse no controle mental para de fato objetivar na relação sexual, outras vezes, essa ação era forçada. Além de memórias e experiências da vida de trabalho, sendo limitadas aos recursos básicos de sobrevivência ou para de fato, objetivar o sexo em si.
Camys Meneghini 24/02/2023minha estante
Já leu memórias de minhas putas tristes?


Osmar Weyh 24/02/2023minha estante
Já. E te dizer, Garcia Marquez é poesia se comparado a isso. ?????


Camys Meneghini 25/02/2023minha estante
Eu gostei do livro do memórias, entendi o que o autor quis representar pela escrita, mesmo que por vezes tivessem algumas coisas não tão poéticas hahahahaah




jota 15/04/2021

BOM – extremamente subjetivo livro tem muitos palavrões cabeludos, trechos que beiram a pornografia e um Santos Dumont mais cubanizado do que brasileiro
Lido entre 21/03 e 14/04/2021. Avaliação da leitura: 3,8/5,0

Trópico de Capricórnio (1938) é o terceiro volume da chamada trilogia francesa de Henry Miller (1891-1980), que compreende também Trópico de Câncer (1934) e Primavera Negra (1936). O livro é uma mistura de ficção com autobiografia em que me pareceu predominar o primeiro gênero, dados os imensos voos de imaginação do autor e a intensa subjetividade que percorre todo o volume. Confesso que me incomodou um tanto a quantidade de palavrões cabeludos usados por Miller bem como certo conteúdo sexual que beira a pornografia — ou é pornografia mesmo, porém dentro de um texto que na totalidade não pode ser classificado de pornográfico, absolutamente. Além disso, muita coisa que há alguns anos consideramos errado — machismo e vários tipos de preconceito envolvendo judeus, negros, homossexuais etc. — parecia bastante normal então. Não vou me estender sobre isso porque quem leu Miller ou já ouviu falar dele sabe da polêmica que suas obras sempre suscitaram. É verdade que apreciei Trópico de Câncer, do qual pouco me lembro pois o li na adolescência, mas este também vale uma leitura, claro.

Bem, isto não é exatamente uma resenha: vou me ater a alguns trechos do livro que me chamaram a atenção, em meio a muitos. E como estou com certa preguiça de resumi-los faço apenas uma transcrição direta. Miller se vale de suas memórias da Nova York dos anos 1920 misturadas a sua irreverência criativa e o resultado pode ser muito engraçado. Veja isso: “Um terrível senso de desolação pairou sobre mim durante anos. Se acreditasse nos astros, teria de acreditar que vivia inteiramente sob o domínio de Saturno. Tudo que me acontecia, acontecia tarde demais para ter alguma importância. Foi assim até com o meu nascimento. Programado para o Natal, nasci meia hora atrasado. Sempre me pareceu que eu devia ser o tipo de indivíduo que a gente está destinado a ser em virtude de haver nascido no 25 de dezembro. O almirante Dewey nasceu nesse dia, e também Jesus Cristo… talvez também Krishnamurti, pelo que sei. Seja como for, esse é o tipo de cara que eu tinha de ser. Mas devido ao fato de minha mãe ter o útero apertado, de me manter em seu poder como um polvo, saí sob outra configuração — uma má configuração, em outras palavras.” Pobre da mãe dele...

A imaginação de Miller não tinha limites mesmo quando tratava de coisas que realmente aconteceram com ele ou gente de sua família, conhecidos, colegas de trabalho etc. ou de lugares onde esteve ou viveu. Como a Nova York dos anos 1920, assim descrita a certa altura: “À noite, as ruas de Nova York refletem a crucificação e morte de Cristo. Quando a neve cobre o chão e faz-se o máximo silêncio, sai dos mais hediondos prédios de Nova York uma música de tão amargo desespero e falência que faz a carne murchar. Nenhuma pedra foi posta sobre outra com amor ou reverência; nenhuma rua foi estendida para a dança ou a alegria. Foi-se acrescentando uma coisa à outra numa louca corrida para encher a pança, e as ruas cheiram a barrigas vazias, barrigas cheias e meio cheias. As ruas cheiram a uma fome que nada tem a ver com amor; cheiram a barriga insaciável e a criações da barriga vazia, que são nulas e ocas. Nesse nulo e oco, nessa brancura zero, aprendi a desfrutar um sanduíche, ou um botão de colarinho. Podia estudar uma cornija ou uma cúpula com a maior curiosidade, fingindo ao mesmo tempo escutar uma história de desgraça humana. Lembro-me das datas em alguns prédios e dos arquitetos que os projetaram. Lembro-me da temperatura e velocidade do vento, parado numa certa esquina; a história que os acompanhava se foi. Lembro que mesmo então eu me lembrava de outra coisa, e posso dizer o que era, mas de que adianta?” E por aí vai...

Outro trecho que separei trata de sobremesa, coisa rara entre os pobres de seu tempo, e, curiosamente, de um Santos Dumont, que me pareceu muito mais com características cubanas do que brasileiras. Vamos à sobremesa primeiro. Tratando de sua infância, Miller menciona um menino rico que conheceu, filho único de um político da vizinhança. O pequeno Carl Ragner era “um daqueles meninos que não podiam se associar com outros meninos. Raramente o víamos, para falar a verdade. Em geral, era nos domingos que o víamos de relance andando com o pai. Não fosse o pai uma figura poderosa no bairro, Carl teria sido apedrejado até a morte. Seus trajes de domingo eram inacreditáveis. Não apenas usava calças compridas e sapatos de verniz, como exibia uma cartola e uma bengala. Um menino que se deixava vestir dessa forma aos seis anos tinha de ser um bobalhão — era a opinião geral. Alguns diziam que era meio adoentado, como se isso fosse desculpa para tão excêntrico traje. O estranho é que não o ouvi falar uma vez sequer. Era tão elegante, tão refinado, que talvez julgasse falta de educação falar em público. De qualquer modo, eu ficava à espera dele nas manhãs de domingo apenas para vê-lo passar com seu velho. Observava-o com a mesma curiosidade ávida com que olhava os bombeiros limpando as máquinas na corporação. Às vezes, a caminho de casa, ele levava uma caixinha de sorvete, a menor que havia, na certa só o bastante para si, para a sobremesa. Aliás, esta era outra palavra que de alguma forma se tornara familiar para nós, e que usávamos pejorativamene quando se referia a pessoas como o pequeno Carl Ragner e sua família. Passávamos horas imaginando o que aquela gente comia de sobremesa, e nosso prazer consistia sobretudo em repetir a palavra recém-descoberta, sobremesa, na certa contrabandeada para fora da família Ragner.” Acho que o menino Miller concordaria com quem disse certa vez que sobremesa de pobre é laranja ou banana e nem sempre tem...

Depois de comentar sobre as esquisitices de Carl, mas ainda no mesmo parágrafo, Miller fala daquele que nós brasileiros patrioticamente chamamos de Pai da Aviação: “Também deve ter sido por volta dessa época que Santos Dumont ganhou fama. Para nós, havia alguma coisa de grotesco no nome Santos Dumont. Não nos interessavam muito os seus feitos — só o nome. Para a maioria de nós, cheirava a açúcar, a fazendas cubanas, à estranha bandeira cubana que tinha uma estrela numa quina e era sempre muito valorizada pelos que guardavam os pequenos cartões distribuídos com os cigarros Sweet Caporal, e nos quais se representavam as bandeiras dos diferentes países, as principais soubrettes do palco [jovens criadas ou camareiras em peças cômicas] ou pugilistas famosos. Santos Dumont, pois, era algo deliciosamente estrangeiro, em oposição às pessoas e aos objetos estrangeiros normais, como a lavanderia chinesa ou a altiva família francesa de Claude Lorraine. Santos Dumont era uma palavra mágica que sugeria um belo e cheio bigode, um sombrero, esporas, algo etéreo, delicado, gracioso, quixotesco. Às vezes trazia o aroma de grãos de café e esteiras de palha, ou, por ser tão completamente exótico e quixotesco, implicava uma digressão sobre a vida dos hotentotes.” Achei curioso Miller mencionar Dumont, uma vez que nos EUA, seu país, se credita a invenção do avião aos irmãos Wright, em 1903. Se bem que para ele interessassem mais o nome e a figura exótica do inventor brasileiro do que seus feitos, como afirma.
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Dom Ramirez 12/12/2013

Trópico de Henry Miller
Acabei de reler esse livro, e tenho novamente a sensação de que este é o livro da minha vida. Miller consegue como ninguém caminhar entre o grotesco e o sublime como se fossem parte do mesmo trilho que leva ao seu fascinante mundo, onde deuses, gênios, putas, cafetões, marginais, burocratas e criaturas mitológicas participam de uma mesma orgia.

Um livro que merece ser lido, relido e engolido vorazmente. Ler Henry Miller é sempre uma experiência emocionante, na qual nunca sabemos aonde vamos parar. Não há começo nem fim, o livro começa e termina pelo meio. Deixo um trecho:

"Torno a olhar o sol - meu primeiro olhar pleno. É vermelho-sangue e
os homens caminham nos telhados. Tudo acima do horizonte está
claro para mim. É como o domingo de Páscoa. A morte ficou para
trás e o nascimento também. Vou viver agora entre as doenças da
vida. Vou viver a vida espiritual dos Pigmeus, a vida secreta dos
homenzinhos na vastidão do mato. Interno e externo trocaram de
lugar - as balanças devem ser destruídas."
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Marpessa 11/07/2009

Esta obra de Henry Miller, em minha opinião, supera o badalado Trópico de Câncer. Em Capricórnio, Miller destrincha sua vida e juventude em Nova York de modo anárquico, entremeando passagens narrativas com solilóquios que nos dão pistas sobre sua maneira de pensar e de escrever, de construir seu universo ficcional e de lidar com a vida. Uma porrada, sem dúvida, no que é mais caro aos americanos: seu precioso modo de vida.
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Lucas 28/05/2014

Venceu minha resistência inicial com seu apelo franco e lúcido a um relaxamento das tensões, a uma superação das resistências, a um abrilhantar das opacidades, a uma aceitação dos defeitos. E é sempre interessante ouvir alguém francamente fascinado por música e por Dostoiévski.
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claudio.louzd 24/01/2015

Menos do que promete.
Muito nonsense pornográfico para se extrair porções de ideias úteis. Miller vomita as bobagens que vem à cabeça para dar volume a uma obra que desfila experiências sexuais (reais ou imaginárias?) e memórias dos anos em New York. Dá até para vê-lo sem paciência, tentando terminar a obra entre uma festa e outra, enquanto a editora o pressiona.
No geral, se extrai algum entretenimento e se percebe certa sensibilidade na relação do autor com o meio que o cerca. Vale pela fama da obra e do autor, pelo retrato da cidade nos anos 20, pela boa descrição de personagens e algumas reflexões interessantes. De resto, 70% de puro nonsense. Se fosse um pobre mortal, a obra não seria nem impressa.
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Suka - Pensamentos & Opiniões 22/12/2017

Nessa obra Miller irá nos relatar como era sua vida antes de se mudar para Paris. Henry Miller morava em Nova York e assim como em Trópico de Câncer não teremos uma cronologia exata, mas com a leitura podemos identificar a passagem do tempo.
O autor expõe sua história desde a infância pobre, os trabalhos ruins que teve e seus casos amorosos, onde descreve os órgãos sexuais das suas amantes.
A escrita dele não difere do seu outro livro.
Uma pessoa fria, disposta a tudo. Sem um bom relacionamento com a família, na verdade é uma pessoa sem sentimento por qualquer pessoa.
Como sempre rico em detalhes, trazendo a realidade de forma crua e sem embelezamentos.

site: http://www.suka-p.blogspot.com.br
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Luiza.Thereza 10/01/2018

Trópico de Capricórnio
Mais uma vez, fui aos trópicos com Henry Miller. Dessa vez fomos ao sul do Equador, mas não se engane, ainda nos localizamos no Hemisfério Norte do mundo.

Em Trópico de Capricórnio (lançado em 1939, cinco anos após o lançamento de Trópico de Câncer), Miller nos fala sobre seu passado em solo americano, e não me limito a Nova York pois, em várias passagens que li ele falava de suas experiências em outros estados.

Mas, se no Trópico de Câncer tínhamos, mesmo que mal e porcamente, algum senso de cronologia, dessa vez ficamos completamente á deriva, soltos em diarreias verbais que alongam um parágrafo em duas ou três páginas (isso se tivermos alguma sorte).

Tá, eu entendo que, quando se fala sobre um assunto, vai-se com ele até o fim até encerrá-lo. O problema é quando ele engata e um para o outro e volta para o primeiro.

Sério, dois dias seguidos (três, temo eu) de dor de cabeça por não conseguir encarar Henry Miller em seu estado mais bruto.

A parte "boa" é que as putas ficaram mais raras, em compensação o cara não consegue ver uma boceta que quer enfiar o pau nela, e, não contente em contar seus próprios casos, também conta os casos dos amigos também.

O que nos faz voltar à ladainha: "mil novecentos em trinta e nove", "mil novecentos e trinta e nove"... e se você acha que o mundo hoje é podre, leia os trópicos de Henry Miller (o de Capricórnio principalmente) e me fale se já não avançamos bastante desde então.

Não gosto de abandonar livros, especialmente quando se trata de livros de parceria, mas, sinceramente, não vejo razão para ir além das cento e sessenta e cinco páginas que já li.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2018/01/tropico-de-capricornio-henry-miller.html
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Camila Faria 07/05/2018

Existe toda uma aura mística em torno do nome de Henry Miller, especialmente por ele ter tido os seus dois livros mais conhecidos – Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio, de 1934 e 1939, respectivamente – banidos no seu país de origem por décadas (aqui no Brasil eles só foram liberados na década de 70). Subversiva, pornográfica e maldita são algumas das palavras que você vai esbarrar repetidamente quando pesquisar sobre a sua obra.

Foi exatamente isso que eu fiz antes de começar a ler esses dois livros, já que conhecia bem pouco a respeito do autor. Descobri que ele nasceu em Nova York em 1891, filho de pais alemães, e que nunca se encaixou no american way of life. Teve mil profissões quebra-galho: foi açougueiro, lavador de pratos, caixeiro-viajante… mas foi só quando abandonou tudo e se mudou sozinho para Paris em 1930 que começou a reunir textos e experiências, que viriam a se tornar o Trópico de Câncer.

Curiosamente, essa noção de que os “trópicos” são literatura erótica me pareceu equivocadíssima. Agora, depois de ler os dois livros, entendo o furor e o choque de uma América puritana ao se deparar com uma escrita tão libertária e original, mas não classificaria os livros como pornográficos. Miller fala sim sobre sexo (entre MUITOS outros temas), de maneira aberta, debochada e até agressiva (especialmente para quem se ofende com palavras ditas “de baixo calão”), mas o grosso da obra tem um cunho muito mais filosófico e contestador do que obsceno. Vamos ao livro:

Não se trata de uma continuação de Trópico de Câncer e sim dos anos anteriores à viagem do escritor a Paris. Em Trópico de Capricórnio Miller narra sobre o seu passado em Nova York, seu emprego odioso, a falta de dinheiro e de perspectiva como artista e como ser humano de maneira geral. É um livro mais pessimista e anárquico, não tão bem humorado e leve quanto o anterior. Até o sexo aqui parece mais pesado e menos libertário, uma espécie de fuga da sua realidade opressora.

Nessa passagem que eu acho especialmente interessante, Miller descreve a sua compreensão do significado de um livro (que poderia muito bem descrever o que eventualmente aconteceu com toda a sua obra): “…o próprio livro desaparece de vista, é mastigado vivo, digerido e incorporado ao organismo como carne e osso, que por sua vez criam novo espírito e remodelam o mundo”.

site: http://naomemandeflores.com/os-tropicos-de-henry-miller/
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Peleteiro 30/12/2019

Dos clássicos que todos precisam ler
Apesar da naturalidade ao tratar situações de estupro, do machismo neandertal, e da homofobia provinciana, não seria justo qualificar este livro de forma negativa. Embora em certos momentos o leitor acabe se perdendo em parágrafos longos por cansaço, é verdade que, se estivesse com disposição, sequer piscaria os olhos perante tão majestosa narrativa. À crítica ao sistema trabalhista da época, a ode à bondade, ao ser, e a negação à perversidade como adaptação ao mundo dos bens materiais, se configuram como as reflexões mais interessantes e possivelmente transformadoras do livro, porém, o que realmente impressiona é a narrativa: Henry Miller sabe a palavra certa para cada situação. Seu vocabulário, sua pontuação e sua acidez o legitimam como leitura obrigatória para todo escritor e leitor.
jota 14/04/2021minha estante
Acabei de ler Trópico de Capricórnio. Muito boa sua resenha: nada como um jovem autor falando de um autor consagrado. E com enorme poder de síntese ainda por cima.




Victor 17/03/2023

Esse foi o livro que me fez ter certeza de que sou um ser medíocre, incapaz de absorver uma fração satisfatória das divagações de Miller - um dos caras que me trouxe o prazer pela leitura durante minha adolescência e CARA isso já faz um tempo & parece tanto tempo que me peguei em choque pela primeira vez com o machismo barato & insinuações de racismo & antisemitismo que talvez tenham constantemente passado direto pelos meus olhos e tino em meio a seus parágrafos elásticos.

assim como a maneira de escrever do escritor muda ao longo dos anos, a maneira de ler do leitor segue o mesmo barato, e aí mora um risco imenso em começarmos a julgar e a encontrar máculas nas atitudes de nossos amados malditos. o tempo é cruel - engula esse clichê - e me armou essa armadilha, rasgou o véu & quebrou a campânula de vidro onde eu guardava de todas as críticas o chorume do meu salvador.

não foi uma aventura prazerosa apesar de várias passagens líricas, descrições sobre a música (minha grande paixão), sobre as ruas do Brooklyn, empregos de merda, mulheres e amigos que não deveriam ter sido abandonados... foi me arrastando que cheguei ao fim, satisfeito pela CODA, com as mãos imundas, certo misto de tristeza & vergonha e ciente de que sou apenas mais um medíocre aos seus olhos, Miller.

mas eu aceito.
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Tchê 17/08/2023

Primeiro contato com Henry Miller
Resolvi ler este livro por influência de George Orwell. Este cita Henry Miller algumas vezes no decorrer de seus ensaios. Imaginei algo similar ao ?Na pior em Paris e Londres?. Não me enganei muito.
Linguagem bem libertina para a época.
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Lee 27/01/2009

Miller por Lee
Apesar do rótulo de escritor maldito Henry Miller revela uma intensa sensibilidade nesta obra, sim, justiça seja feita uma sensibilidade ácida em sua critica da sociedade americana e do própio personagem que se mistura com o autor, ou autor que se revela no personagem.
Apesar de seu humor sádico a obra tras notas profundas mergulhando e vasculhando o que há de de fato de importante na humanidade, o que ainda existe em pequenos detalhes para se dar valor.
De fato existem mais mergulhos espirais auto destrutivos que estas analises sensiveis da humanidade, mas ainda assim não se pode olhar para esta obra apenas através da lente dos rótulos de maldito ou depravardo, justiça seja feita, antes de ser maldito ou pervertido o autor é sensivel o suficiente para observar e captar as nuances da humanidade e da sociedade.
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cinemathais 09/11/2012

Realidade Cruel
Comprei este livro por acaso, tinha em mente comprar “Trópico de câncer”, como não tinha na loja, comprei este. Não me arrependi em nenhum momento: Henry Miller descreve sua realidade com muita crueza, riqueza de detalhes que as vezes incomoda.
Incrivelmente consegui me identificar e me apaixonar antes da página 20. Ainda não terminei, preciso ler em doses homeopáticas só por cuidado. Senti a mesma sensação quando li Caio Fernando Abreu, o que não significa que eu penso que os dois se parecem.
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