Luiza 04/11/2016
É bom, mas...
O livro é realmente muito bom. A leitura é leve e fluida, a diagramação da Enkla é uma delícia de ver, mas há um "mas".
Quando cheguei a mais ou menos um terço da leitura, percebi que estava incomodada com alguma coisa que eu não sabia o que era. Parei um pedaço e olhei novamente o selo/título do livro, que foi justamente o que me atraiu nele: Turismo de empatia.
Quando li esse selo, criei uma expectativa - e sim, sei que apenas eu sou culpada pelas expectativas que crio. Estava esperando ler algo parecido com outros livros de viagem que focam no contato humano que eu já havia lido, como os do português Gonçalo Cadilhe. Entretanto, a escrita da Talita Ribeiro muitas vezes parecem muito mais um diário de viagem. Ela usa muitos capítulos pra divagar sobre seus próprios sentimentos (há até uma passagem em que pode ser interpretado como uma leve incompreensão cultural devido à generalização, quando fala do uso do lenço), se repete em expressões para acentuar o efeito de empatia. A impressão que causa é que não havia confiança na fortaleza da história por si só e, por isso, "era necessário" intencificá-la. Não precisava.
As conversas, o contato (os balões) e os relatos dos personagens são realmente a parte mais emocionantes de ler, por isso fiquei um pouco contrariada por ter achado que deveria ter havido mais ou ter sido mais desenvolvido.
Outro ponto alto do livro foi o manual sobre turismo se empatia, que tem várias dicas muito boas. Só que, justamente por afirmar que turismo de empatia é mais ouvir o outro que a si mesmo, traz de volta o incômodo de não ter havido mais da história dos outros.
E, apesar de ter adorado a diagramação, senti falta de um pouco mais destaque para as fotos. Visualmente está lindo, mas como elas estão muito pequenas, a gente não consegue ver a riqueza de detalhes.
No final da história, achei uma boa leitura e deu pra sentir empatia e vontade de viajar. Ah! E é legal saber que os direitos da autora vão para um projeto de refugiados (vi isso em outra resenha).