Resenhas - Goldenhand

Alecio Miari 20/12/2022

Pelo menos fechamos a história
Chegamos ao final da linha do tempo que o autor quis escrever sobre o Old Kingdom e algumas características em sua escrita parecem ficar bem nítidas a partir do momento que analisamos como a história é desenvolvida e como é estruturada.

Após conhecermos a história de Chlor of the Mask no livro anterior "Clariel", avançamos 600 anos e uma nova narrativa começa a ser desenhada. O mapa geográfico é expandido e passamos a enxergar os povos do norte e entender um pouco de sua cultura.
Impossível não encontrar similaridades com os nômades de "Rodas do Tempo" ou os clãs da série de livros de Conn Iggulden que narra a ascenção de Gengis Khan.

Ferin, que é uma integrante de um destes povos, possui uma mensagem urgente à ser entregue para Lirael na torre das Clayr, uma visão que a bruxa da caverna teve muitos anos antes. A aventura começa então acompanhando sua jornada em cruzar as fronteiras do norte para entrar no Old Kingdom, porém ela está sendo caçada pelas outras tribos que querem evitar esta mensagem de chegar ao seu destino.
(Este foi um ponto que considerei em aberto. Por quê as outras tribos queriam evitar a mensagem? Chlor sabia dela e comandou que a mesma não devia ser entregue? Ou foi porque Ferin era uma das escolhidas para abrigar o espírito de Chlor e, como não foi usada, deveria morrer e ser queimada? Achei que faltou explicação aqui).

Quando chega ao clímax do capítulo, pulamos para Lirael no Sul do reino indo se encontrar com Nick que havia enviado uma carta-mensagem de falcão informando que havia uma entidade da Free Magic tocando o terror lá.
(Característica forte da escrita do autor em alternar entre personagens conforme cada capítulo tentando deixar aquele gostinho de "quero mais". E um grande ponto negativo é que a explicação sobre a entidade que atormentava além das fronteiras do sul só pode ser encontrada em algum conto paralelo que não faz parte dos livros. Comprei um pack de 5 livros e não sei o que era esta entidade, como ela se liberou, como foi contida por Nick, etc... PUTA "FALTA DE SACANAGEM!")

Os capítulos então vao ficando mais intensos com a construção da história sobre Ferin conseguir ou não chegar até Lirael e Lirael conseguir ou não levar Nick até as Clayr para ser estudado, já que ele possuía ambos Free Magic e Charter Magic dentro de si devido aos acontecimentos do livro "Abhorsen".
(Grande ponto positivo já que esta guerra interna de Nick entre manter a Free Magic contida e poder ser uma fonte de alimentação da Charter Magic para Lirael foi uma grande ideia e é muito interessante ver os desdobramentos desta área da história).

Após enormes perdas e grandes batalhas, Ferin finalmente se encontra com Lirael e consegue entregar a importantíssima mensagem que poderá salvar todo o reino e as tribos de uma aniquilação total.
(Este foi o ponto que me deixou vazio, porque era o que estávamos esperando durante toda a leitura. 75% do livro já foi, Ferin entregou a mensagem e Nick está se controlando... e aí me dá aquela sensação de que precisa construir uma nova complicação no enredo para poder fechar em alta. Me lembrou muito o final de Clariel onde looooongas passagens descrevendo o ambiente consumiram muitas páginas do livro e de repente precisa acelerar o final para entregar um produto final com menos de 500 páginas).

A história é interessante, os personagens são bem construídos e as teias que vão sendo tecidas para que eles se encontrem no final tem coerência. Mas, de novo fico com um vazio que o desfecho não foi entregue no mesmo patamar que todo o resto.
A minha maior frustração porém é de que Sabriel só teve uma posição de destaque no primeiro livro, aquele que leva seu nome. Depois disso foram dois livros vendo a evolução de Lirael até se descobrir como Abhorsen in Waiting, um sobre como Clariel "passa para o lado negro da força" e mais um com a Lirael sendo a fodona da p.o.r.r.a. toda. De toda a série com certeza Sabriel é o melhor livro de todos.