Identidade e violência

Identidade e violência Amartya Sen




Resenhas - Identidade e Violência


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Mr. Matos 15/05/2021

Para quem gostaria de ser Secretário geral da ONU
Não é a abordagem das questões do problema das globalização, do terrorismo e da violência e etc, porém não me arrependo da leitura. Para quem não conhece o autor. Amartya Sen é um economista indiano vencedor do prêmio Nobel conhecido por ter uma ampla participação no debate público internacional em questões político econômicas relacionadas ao desenvolvimento humano tem uma produção bastante extensa nesse sentido como as obras "Desenvolvimento como liberdade" e a "Ideia de Justiça" o pensamento econômico de Sen se orienta para o desenvolvimento das "capabilidades" humanas ( ele desenvolve o conceito de capabilite porém as traduções para o português fizeram uso da palavra capacidade entretanto a Ideia de Sen da a entender que Capabilidades tem um sentido muito maior do que uma mera capacidade individual, a Capabilidade tem haver com um certo potencial social para além da mera potência de agir individualmente isolada) desenvolvimentos que Sen realizou a partir do pensamento pedagógico de Rabindranath Tagore que apesar de não contarmos com traduções de suas obras a filósofa Martha Nussbaum se baseia no pensamento tanto de Sen quanto Tagore para escrever a sua obra "Sem fins Lucrativos" uma bela defesa do ensino das humanidades na educação tanto básica quanto superior em clara polêmica contra o "pragmatismo" ou talvez o barbarismo quantitavista das exigências educacionais do neoliberalismo. -Se quiser estudar filosofia ou sociologia é com o seu dinheiro- diria o gênio Abraham Weintraub ministro emérito da destruição da educação.
Um dos atrativos do livro é a apresentação de uma bibliografia, não imediatamente acessível ao leitor nacional, leituras com dados importantes (histórico/economicos) sobre Índia, China, Japão, Paquistão, tigres asiáticos e sobre o continente africano.
A obra é o desenvolvimento do texto de palestras dadas em Cambridge o que torna a leitura leve e fluida pela marca da oralidade original. Ela se apresenta como uma discussão sobre os desafios do Multiculturalismo, da Violência étnica e religiosa, dos resultados do Colonialismo as mazelas da globalização e do seu potencial positivo. O livro assume um ponto de vista de um certo social-liberalismo cosmopolita e se insere no debate em oposição ao liberalismo "solitarista" das escolas econômicas ortodoxas( via de regra neoliberais mais ou menos antihumanistas a depender do grau de desenvolvimento da situação concreta da luta de classes, fator que Sen não considera infelizmente) também polemizando com as chamadas filosofias comunitaristas que são representadas por Taylor, Walzer, Sandel com uma crítica mais dura a Macintyre o mais conservador dos comunitaristas, contudo a polêmica central do hindu se volta contra a "nova obscuridade" ,como bem diria Habermas, trata-se do neoconservadorismo americano de Samuel Huntington e toda a nova propaganda "ocidental" americanista e imperialista para a destruição e desestabilização de outros países.
Sen faz diversos apontamentos interessantes porém peca em não analisar a Forma da sociedade capitalista em seu estágio imperialista, a questao da reificação a análise está presa aos limites do liberalismo ( economia×política×cultura tomadas como monadas) incapaz de compreender a realidade como totalidade dialética de um "complexo de complexos" como foi dito no titulo se você quer ser Secretário geral da s nações unidas, deputado ou coisa do gênero é suficiente colar em Sen e esse tipo de pensador, agora, se o objetivo é mudar a realidade radicalmente Sen não é suficiente para além dos limites do "progressismo" é preciso ir a Marx.
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isabelhias 23/06/2024

Um ensaio de resistência ao apequenamento dos seres humanos
O livro busca enfrentar a lógica segmentária com que se analisam as identidades humanas, que, pela perspectiva do autor, ?transforma seres humanos multimensionais em criaturas unidimensionais.?

Com esse espírito, são selecionados momentos históricos, inclusive os atuais no cenário internacional, que demonstram o quanto essa visão reducionista serve muito mais à propagação do ódio e à inflamação de conflitos do que à persecução da liberdade de escolher as características de sua própria identidade.

?A ilusão solitarista tem também implicações para o modo como as identidades globais são vistas e invocadas. Se uma pessoa pode ter apenas uma identidade, então a escolha entre a nacional e a global torna-se uma disputa entre tudo ou nada. E o mesmo se dá com a disputa entre qualquer sentimento global de pertencer que se possa ter e as lealdades que talvez também nos motivem.?

Não são exatamente definidas as soluções para o problema colocado. A situação aqui é muito mais de nomear as relações que tocam a identidade global pra gerar questionamentos que avancem a percepção sobre isso, o que é bastante comum nos pensadores ligados ao direito e governança internacional. Vale a leitura, de toda forma.
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Christiane 24/07/2021

Um livro muito atual. O que Amartya defende é que não devemos considerar o outro por uma única identidade aglutinadora, uma vez que as pessoas são muito mais do que uma única identidade. Ao fazer isto, por exemplo, considerar os muçulmanos todos como terroristas, estamos alimentando um discurso de ódio que acaba levando à violência, sendo que a realidade é que alguns terroristas são muçulmanos.

Um outro ponto extremamente importante é a questão de confusões conceituais que também leva à violência. Ele cita a globalização como um dos exemplos. Há uma ideia generalizada de que a globalização é algo ruim, e que acaba empobrecendo muitas pessoas além de explorá-las. É um fato que realmente isto ocorre, porém a globalização é muito mais do que isto, uma vez que sem ela não haveria a troca de ideias, a troca da ciência, da literatura, do saber. Então a questão não é a globalização em si, mas em como ela opera em diferentes setores. Ele também levanta a questão da ideia falsa de que a democracia seria algo ocidental. Se pensarmos a democracia como a possibilidade de todos participarem não é possível dizer que o Oriente não foi e não pode ser democrático, pelo contrário, é possível ver que a democracia neste sentido surgiu lá muito antes do que na Grécia.

A questão nisto tudo é que acabamos cristalizando certas ideias e conceitos sem ampliar nosso pensamento o que nos leva infelizmente à pré-conceitos.

Amartya cita o exemplo da Índia, um país considerado hindu e que tem um número maior de muçulmanos no país. Mas as pessoas são muito mais do que isto, se identificam com sua profissão, com sua situação social, com sua família, com sua língua e muito mais.

Um dos pontos forte do livro é a questão da falsa oposição entre Ocidente e Antiocidente que acaba sendo utilizado para criar ressentimentos que permitem os atos terroristas. É fato que certas atitudes e comportamentos de alguns países ocidentais acabaram criando este ressentimento, porém, é a insistência nesta divisão que alimenta o ódio, e não é apenas do lado do Oriente que isto é utilizado, pois quando os Estados Unidos alega ser difícil ou impossível "impor" a democracia no Iraque está fazendo a mesma coisa. Quando se pensa desta forma, agindo contra o outro, não se está se libertando do outro, pelo contrário, é uma mentalidade de colonizado.

Vale a pena ler o livro, aprendi muito com ele e sacudi um pouco minhas ideias e isto é sempre muito bom.
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LeomaxCOF 04/01/2022

Como posso reduzir em algumas palavras?
Argumentos racionais e pertinentes. Espero que um dia sejamos capazes de evitar ser enclausurados por uma identidade singular e aceitar que possuímos diversas identidades.
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