Aisha Andris @AishandoBooks 28/02/2019
Emocionante e cheio de ação
Esta é uma história bem diferente das que eu já tinha lido da Jéssica Macedo, e o primeiro motivo de eu dar 4 estrelas é que, tendo começado a ler os livros dela pelos mais recentes, consigo perceber o quanto a escrita dela evoluiu e melhorou com o tempo, de uma forma impressionante. Acredito que, se fosse escrito hoje, ele seria ainda melhor. Já o segundo motivo é que o livro (pelo menos o e-book, que foi o que eu li) precisa de uma revisão para tirar alguns errinhos de português e, talvez, uma ou outra coisa repetitiva (declarações de amor em excesso, por exemplo) que atrapalham um pouco a leitura. Apesar disso, eu posso dizer que o livro ainda é incrível, emocionante e cheio de ação, prendendo desde o começo. Quem começar a ler, deve estar preparado para ver um pouco de Os Mutantes (sim, aquela novela da Record mesmo), só que bom (ok, eu também gostei da novela quando assisti, não quer dizer que não veja que ela não é exatamente aquele modelo de qualidade)
A protagonista, Marjore, é uma garota que cresceu num quarto, sem qualquer contato com outras pessoas (será?), tendo todas as suas necessidades atendidas por alguém que ela não faz ideia de quem seja; seu único contato com o mundo exterior é feito através de livros e filmes. No entanto, na primeira página já percebemos que as coisas estão esquisitas, quando a Marjore começa a ter “sonhos”, que desde o início conseguimos perceber que são mais reais do que qualquer outra coisa (acredito que isso não conte como spoiler). E ainda no primeiro capítulo, ela é libertada do quarto por um “desconhecido”, que a guia para fora do lugar, deixando inúmeras dúvidas plantadas em sua cabeça. Só então Marjore começa a se dar conta da realidade que a cerca, e é bem diferente do que ela via em seus livros e filmes.
Brincando com Fogo pode ser classificado como uma distopia, misturada à ficção científica e talvez algo mais. E acredito que vai agradar em cheio aos fãs do gênero (como eu). Inclusive, faço aqui a minha reclamação quanto ao fato de livros deste gênero fazerem tanto sucesso, quando escritos por autores internacionais (Jogos Vorazes, Divergente, O Conto da Aia, A Seleção, entre outros que todo mundo conhece), mas mofarem nas prateleiras quando feitos por brasileiros. Acho que muita coisa boa está passando despercebida por puro preconceito ou falta de interesse nosso em valorizar a literatura nacional.
Continuando, é importante salientar que, como uma distopia, a história não é o que podemos classificar como “bonitinha”. Aqui temos uma realidade cruel e, antes do que possa esperar, Marjore pode se pegar desejando que não tivesse saído daquele quarto, às vezes viver numa ilusão é melhor do que descobrir a verdade terrível que nos cerca (não que ela faça isso, é somente um pensamento meu). Quem começar a ler, deve se preparar para ver personagens queridos partirem, então é melhor segurar um lencinho. Até nisso a Jéssica caprichou, mostrando a realidade de uma guerra. Preciso dar um ponto extra pela forma incrível como ela construiu esse mundo, é muito crível e, se pararmos para pensar, não é difícil que as coisas cheguem àquele ponto se continuarmos devastando o meio ambiente no ritmo que estamos e investindo tanto em armas de destruição cada vez mais potentes. Consigo fazer um paralelo entre algumas das “criaturas” que aparecem no livro e o Godzilla (o filme original da década de 50, onde ele é resultado de radiação).
Já falei que é uma história cheia de ação? Pois sim, mas não custa repetir. E elas são realmente empolgantes, nos deixando alertas e com a sensação de perigo o tempo todo, porque as coisas podem “dar ruim” a qualquer momento (e realmente dão, muitas vezes).
Quem gosta de romance também vai amar o livro. O relacionamento da Marjore com o Noah é muito bonito e ajuda a quebrar um pouco a tensão. A versão em e-book contém algumas ceninhas sensuais que eu, particularmente, amei, então ao menos esse é indicado para maiores. Já a versão física, pelo que a autora me disse, é mais leve.
Enfim, é isso. 4 estrelinhas aí e mal posso esperar pelo próximo, que, para minha sorte, já está sendo escrito.
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